segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Notas soltas: O SÁBADO E AS CONTAS DO CASAMENTO ENTRE OS JUDEUS (foto tirada na cidade velha, nas bandas do calvário, o santo sepulcro onde, segundo a história, Jesus foi crucificado)


Chegamos a Jerusalém na madrugada de 9 de Fevereiro, após umas doze horas no total, num voo que ligou Luanda a Adis Abeba (Etiópia) e findou em Tel-Aviv, onde nos esperava o táxi para o nosso destino. Fomos para a cama com a impressão de estarmos numa cidade calma, que a mim lembrava o Namibe. Engano.

Quando nos reunimos de tarde, já com a presença do Adido de Imprensa da embaixada angolana (esta com sede em Tel-Aviv), ficamos a saber que Jerusalém tem bairros consoante as comunidades religiosas, as quais interagem mas não se misturam.

Pelo menos na parte da comunidade judia, que é a maioria, quase tudo pára aos sábados. Para almoçar, tivemos de ir à área dos árabes/muçulmanos, para quem o dia sagrado é sexta-feira. Há uma outra religião ainda que adora à quinta-feira.

Como dizia, conforme o velho testamento (a base do Tora, o livro sagrado dos hebreus) prevalece o respeito pelo sábado, ao ponto de as instituições (incluindo restaurantes, lojas e quiosques) simplesmente não abrirem. Ou seja, abrem quando o sol se põe. No Jerusalém Gate Hotel, por exemplo, dois elevadores foram concebidos para o Shabbat, palavra hebraica para dizer sábado. Funcionam automaticamente, à base de sensores, porquanto quem respeita o sábado não pode trabalhar, e isso inclui premir o botão para descer ou subir o elevador. Os judeus fervorosos, segundo relatos, não conduzem, havendo mesmo quem não atenda o telefone até o dia morrer.

Por outro lado, o ciclo menstrual coloca a mulher na condição de “impura”. Contam-se os primeiros sete dias após aparição da menstruação, mais os sete dias que se seguem. Não pode ser “tocada”. Não havendo certeza quanto a estar em prática, ou não, ainda hoje, ficamos a saber de um procedimento curioso. Quando fosse para casar, a nubente ia ter com a mulher do rabino (entenda-se líder da sinagoga). A mulher do rabino cuidava então de saber em que dia do mês o ciclo da nubente aparecia, para daí marcar-se o casamento de modo a calhar 15 dias depois. Assim, evitava-se o constrangimento de a noite de núpcias coincidir com corrimento menstrual, mas, principalmente, porque é/era importante fazer com que a primeira noite do casal ocorra no período fértil. Deste modo, o primeiro filho do casal nasceria 34 semanas após o matrimónio.

Sali po ciwa (passar bem)
Gociante Patissa, Jerusalém 11 Fevereiro 2013
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