Chegamos
a Jerusalém na madrugada de 9 de Fevereiro, após umas doze horas no total, num
voo que ligou Luanda a Adis Abeba (Etiópia) e findou em Tel-Aviv, onde nos
esperava o táxi para o nosso destino. Fomos para a cama com a impressão de
estarmos numa cidade calma, que a mim lembrava o Namibe. Engano.
Quando
nos reunimos de tarde, já com a presença do Adido de Imprensa da embaixada
angolana (esta com sede em Tel-Aviv), ficamos a saber que Jerusalém tem bairros
consoante as comunidades religiosas, as quais interagem mas não se misturam.
Pelo
menos na parte da comunidade judia, que é a maioria, quase tudo pára aos sábados.
Para almoçar, tivemos de ir à área dos árabes/muçulmanos, para quem o dia
sagrado é sexta-feira. Há uma outra religião ainda que adora à quinta-feira.
Como
dizia, conforme o velho testamento (a base do Tora, o livro sagrado dos
hebreus) prevalece o respeito pelo sábado, ao ponto de as instituições
(incluindo restaurantes, lojas e quiosques) simplesmente não abrirem. Ou seja,
abrem quando o sol se põe. No Jerusalém Gate Hotel, por exemplo, dois
elevadores foram concebidos para o Shabbat, palavra hebraica para dizer sábado.
Funcionam automaticamente, à base de sensores, porquanto quem respeita o sábado
não pode trabalhar, e isso inclui premir o botão para descer ou subir o
elevador. Os judeus fervorosos, segundo relatos, não conduzem, havendo mesmo
quem não atenda o telefone até o dia morrer.
Por
outro lado, o ciclo menstrual coloca a mulher na condição de “impura”. Contam-se
os primeiros sete dias após aparição da menstruação, mais os sete dias que se seguem.
Não pode ser “tocada”. Não havendo certeza quanto a estar em prática, ou não,
ainda hoje, ficamos a saber de um procedimento curioso. Quando fosse para casar,
a nubente ia ter com a mulher do rabino (entenda-se líder da sinagoga). A
mulher do rabino cuidava então de saber em que dia do mês o ciclo da nubente
aparecia, para daí marcar-se o casamento de modo a calhar 15 dias depois. Assim,
evitava-se o constrangimento de a noite de núpcias coincidir com corrimento
menstrual, mas, principalmente, porque é/era importante fazer com que a
primeira noite do casal ocorra no período fértil. Deste modo, o primeiro filho
do casal nasceria 34 semanas após o matrimónio.
Sali
po ciwa (passar bem)
Gociante
Patissa, Jerusalém 11 Fevereiro 2013
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