Quando a
reportagem dos Blogs Angodebates e Ombembwa chegou à
Shoprite, acabava de chegar também uma delegação do Sindicato do Comércio,
composta por dois elementos cujos nomes vamos omitir. A saudação entre a comissão
sindical e o "padrinho" foi com slogan evocando o respeito pelos
direitos dos trabalhadores daquela multinacional sul-africana. Seguiram-se
palmas, depois de a delegação ter anunciado estarem em curso contactos para
advocacia junto do Governo Provincial de Benguela, a caminho de um mês em
greve.
Ao nosso pedido de autorização para fotografar, a reacção foi positiva:
"esse é jornalista", disse um em jeito de conter os que se vissem
intrigados com mais uma máquina fotográfica, mais uma, quando a solução tarda.
"Tinham dito que enquanto os sócios analisam, os grevistas deviam retomar;
a loja abriu no sábado, mas na terça-feira, quando viemos preparados para
trabalhar, o patrão mudou outra vez de ideia", revelou um integrante da
comissão sindical, denunciando alegada intenção da entidade patronal em violar,
uma vez mais, diz ele, a lei: "O que eles querem é expulsar quem
participou da greve".
A entidade patronal, com a qual não chegamos a ter contacto, é acusada de ser
insensível às reivindicações dos trabalhadores, por sinal protegidas pela lei
geral do trabalho. É-lhe ainda atribuída postura arrogante, uma vez que evita
o mecanismo do diálogo.
Naquele estabelecimento comercial, a média salarial anda abaixo dos 30 mil
kwanzas, não tendo os trabalhadores assistência médica nem complemento
alimentar, quando, curiosamente, fazem parte do seu segmento de negócios
refeições no estilo take-away. "Quer dizer, a pessoa serve comida, mas não
pode comer", ironiza um dos curiosos no recinto.
Já a abandonar o local, fomos abordados por um dos integrantes da delegação do
Sindicato do Comércio, a quem de imediato explicamos a finalidade das fotos.
Este rematou: "Façam o vosso trabalho, mostrem ao mundo que estes
angolanos aqui são vítimas de injustiça". Aquele sindicalista sénior foi mais
longe: "Dão no duro, e no fim do mês são descontados arbitrariamente.
Quando tentam reclamar, o gerente nunca sabe explicar. Parece haver uma rede
entre Lobito e Luanda na gestão de recursos humanos", acusou.
Gociante Patissa, Lobito 6 Fevereiro 2013
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário