"Nossa ideia de intelectual está,
desgraçadamente, presa à do acadêmico — quase sempre um sociólogo — que, figura
carimbada dos programas jornalísticos, aparenta ter uma opinião formada sobre
os mais variados assuntos. Contudo, nada pode estar mais distante da vida
intelectual do que esse esse falso expert que tem soluções mágicas para todos
os problemas. Um intelectual é alguém que, ao mesmo tempo, se interroga e
interroga o seu tempo; questiona-se e questiona a sua cultura, os
valores da sua época, as escolhas e o modo de viver dos seus contemporâneos;
investiga o que o passado nos legou e realiza o diálogo crítico entre essa
tradição e o presente. Ou seja, ele transcende a ordem imediata das coisas e
busca a verdade que nasce desse diálogo com o conhecimento universal, com a
inteligência. O comentarista da tevê ou do rádio é, quase sempre, o servidor de
um partido ou de uma ideologia — ele se traveste de intelectual, mas, por ser
quem é, só consegue repetir fórmulas prontas, tem o desempenho de um ilusionista
das palavras. O verdadeiro intelectual está em busca de respostas que
independem da ideologia dominante ou dos modismos acadêmicos. O que ele busca é
um encontro pessoal com a verdade."
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