Angop: A
União dos Escritores Angolanos (UEA) tem promovido diversas actividades ligadas
à maior divulgação da literatura angolana fora de portas, entre a quais o
reforço da cooperação com parceiros estrangeiros. Esta acção satisfaz as
pretensões dos homens ligados às letras em Angola?
João Melo: É,
obviamente, mais um exemplo da acção da actual direcção da UEA no sentido da
internacionalização da literatura angolana. É obvio que, do ponto de vista
individual, agradará todos os autores, embora
considere que os nossos leitores são em primeiro lugar os angolanos e depois os
estrangeiros. Seja como for, é sempre interessante vermos os nossos trabalhos
voarem mais alto e serem conhecidos por outros públicos. Neste sentido,
as iniciativas que a UEA tem levado a cabo no sentido de organizar antologias
em outras línguas é, sem dúvidas, sempre uma acção a destacar. Diria que é
preciso também complementar com uma maior divulgação e promoção do livro
internamente. O livro em Angola circula mal e, portanto, a par destas
iniciativas devemos também fazer um esforço para promover uma maior circulação
do livro dentro da nossa fronteira e nos mercados estrangeiros com a mesma
língua que a nossa.
Ler entrevista completa aqui
Desafios do livro em Angola: Preguiça de leitura, fraca acutilância das editoras ou deficiente produção literária? São questões postas com alguma recorrência. Ultimamente, entre acusações de preguiça e desfile de algum narcisismo (que é comum no sector artístico, alimentado quase sempre pelo conflito de gerações), parece-me a mim que o verdadeiro problema do livro em Angola (muito mais do que os fracos hábitos de leitura) é a DISTRIBUIÇÃO, quer por privados, quer pela UEA. Antigamente, no tempo do partido único, a tiragem andava acima de 5 mil exemplares, o que alguém chegou a considerar quantidade industrial. Hoje, com uma população acima de 24 milhões de habitantes, a tiragem ronda, quando muito, em mil e 500 exemplares, comercializados a partir de mil kwanzas, que por sua vez ficam encaixotados em Luanda. Se conseguíssemos pelo menos levar 50 exemplares de cada livro tirado às 18 províncias, teríamos pelo menos 900 exemplares a circular. O que vai acontecer neste lapso é o grupo português Leya dominar o mercado, obviamente com os autores que lhe convier. Se o livro produzido internamente não circula, esperar que seja conhecido é pedir suculento abacaxi a um eucalipto.
Gociante Patissa, Benguela 13.08.15
NOTA DO BLOG ANGODEBATES
Desafios do livro em Angola: Preguiça de leitura, fraca acutilância das editoras ou deficiente produção literária? São questões postas com alguma recorrência. Ultimamente, entre acusações de preguiça e desfile de algum narcisismo (que é comum no sector artístico, alimentado quase sempre pelo conflito de gerações), parece-me a mim que o verdadeiro problema do livro em Angola (muito mais do que os fracos hábitos de leitura) é a DISTRIBUIÇÃO, quer por privados, quer pela UEA. Antigamente, no tempo do partido único, a tiragem andava acima de 5 mil exemplares, o que alguém chegou a considerar quantidade industrial. Hoje, com uma população acima de 24 milhões de habitantes, a tiragem ronda, quando muito, em mil e 500 exemplares, comercializados a partir de mil kwanzas, que por sua vez ficam encaixotados em Luanda. Se conseguíssemos pelo menos levar 50 exemplares de cada livro tirado às 18 províncias, teríamos pelo menos 900 exemplares a circular. O que vai acontecer neste lapso é o grupo português Leya dominar o mercado, obviamente com os autores que lhe convier. Se o livro produzido internamente não circula, esperar que seja conhecido é pedir suculento abacaxi a um eucalipto.
Gociante Patissa, Benguela 13.08.15
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