Tenho estado a reflectir sobre os prémios de um
modo geral no campo das artes e da comunicação social, onde parece crescer o
cepticismo quanto aos critérios, sendo que, na voz de críticos diversos, a
conveniência parece suplantar a excelência. No caso do Top dos Mais Queridos,
tradicional e prestigioso concurso com a marca da Rádio Nacional de Angola, a
questão que se vem levantando nos últimos anos é a concorrência mais ou menos desleal que alguns de nós vemos
quando por exemplo se premeiam intérpretes de temas de si já muito populares,
quase sempre da década de 70. Foi assim com o músico Legalize, que
reinterpretou o tema "na gajajeira" (original de Urbano de Castro),
foi assim com Edy Tussa (que por acaso vem fazendo carreira na especialidade de
"ressuscitar os mortos", entre os quais Tony do Fumo), foi também
assim no ano 2003, em que Bessa Teixeira ficou em segundo lugar com a sua
reinterpretação de "sulunla", do cancioneiro Umbundu, perdendo para
Patrícia Faria que interpretou "caroço quente", lançado naquele mesmo
ano. A concorrência mais ou menos desleal reside no facto de concorrerem com
autores com temas originais, acabados de publicar no ano a que o concurso faz
referência. A edição 2015 não foge à regra, com a Ary a concorrer com um tema
relacionado com o abandono de lar, saído nos anos 1990. Não seria melhor optar
pela uniformização, definindo para já a natureza dos temas, se originais ou se
"emprestados"?
Gociante Patissa.
Benguela, 27.09.2015
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Muito meu caro. Parabéns!
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