Sou dos que têm preferido uma postura contemplativa quanto aos acontecimentos de 17 de Abril no monte Sumi (ou será Sumé?), município da Kahala, província do Wambu, desde logo pela nebulosidade que paira sobre o que realmente se passou no confronto entre as forças da ordem e os fiéis da Igreja de Kalupeteka (também não uso a palavra seita, considerando haver tantas e várias denominações religiosas na mesma condição de aguardarem por um posicionamento do Ministério da Cultura, em causa a requisição de legalização). Dados oficiais quantificam nove agentes policiais assassinados e 13 civis da outra parte. Sou também dos que deploram a violência e seus efeitos colaterais, o que independe de quem a pratique, esperando que a justiça cumpra o seu papel . Posto isto, vou para o que nos traz hoje. O nome do monte que foi palco da tragédia vem surgindo na imprensa, à boa maneira angolana no que respeita à toponímia. Ora Sumi, ora Sumé. É a velha questão do desleixo de uma sociedade e a arbitrariedade oficial quando se trata de nomes e ou substantivos nas línguas africanas, onde o proverbial e a parábola são ignorados. Partindo de novo por um exercício de especulação, na hipótese de ser uma palavra na língua Umbundu, exclui-se a possibilidade de ser Sumé por dois motivos: (a) são raras, se é que existem, as palavras com terminações silábicas tónicas e (b) não se vislumbra para já uma imagem que se possa associar à palavra "sumé" como sendo o seu significado. Depois de ouvir várias fontes, algumas das quais com raízes naquela região, parece evidente que seria Sumi, o modo imperativo do verbo “okusuma” (adivinhar), pronunciado de maneira silabada [su-mi]. Aqui chegados, até parece que o nome do monte foi profecia concebida para os tempos de hoje, pois, meus amigos, não havendo relatos de testemunhas oculares sobre o que realmente se passou... “Sumi!”, quer dizer, adivinhem!
Gociante Patissa, Benguela 21.05.15.
Gociante Patissa, Benguela 21.05.15.
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