Uma causa sem ideologia? Foi
a questão que me coloquei a mim mesmo logo que tive acesso às notícias que
davam conta de que o grupo armado "Estado Islâmico" assumia a autoria
do ataque à bomba, no passado dia 22/05, a uma mesquita xiita no leste da
Arábia Saudita, com o saldo de feridos e mortos que isso implica.
Sobre
o grupo fundamentalista e a sua extensa lista de acções antropófagas já
chegamos ao limite do surreal no que se podia assistir nesta era cibernética.
Na minha condição de observador leigo em matéria de ciências políticas, julgava
que o grupo sonhasse com a implantação de um estado islâmico na região. É o que
o nome do movimento dá a inferir. É
o que a destruição de patrimónios materiais e imateriais de outras culturas
transmite.
É claro que nenhuma retórica de ideais e humanismo faria sentido
quando a prática diária é brutal. E não sendo possível outro sentimento que não o repúdio diante de tanta barbárie, ficava a ingénua esperança de que lhes
restasse um mínimo sentido de reserva ideológica, algo que se lhes afigurasse
sagrado, digno de ser poupado. Ora, a existir, esta reserva seria a religião, o
islão e seus espaços sagrados, que por sinal são milenares e espalhados um
pouco pelo mundo.
Parece-me
a mim que esta explosão por um homem armadilhado dentro de uma mesquita, o
templo do islão, em pleno horário de adoração, tão depressa reivindicada como
victória (o que vincula o núcleo do EI), só vem reforçar a ideia de que o
"Estado Islâmico" é movido por uma causa cuja ideologia é a
demonstração de força bélica, nada mais. E uma causa sem ideologia é estéril.
Gociante
Patissa, Aeroporto Internacional da Katombela, 24.05.15
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