Ndaka
Yo Wiñi integra a delegação de artistas que parte nas próximas horas para
animar o Pavilhão de Angola na Expo-Milão 2015, Itália, onde o nosso país
procura dar visibilidade, no plano do intercâmbio internacional, às suas
potencialidades económicas, tecnológicas e culturais. A Expo decorre entre 1 de
Maio e 31 de Outubro.
Na
noite de 25 de Maio, Ndaka e a sua banda terão 20 minutos de palco. Seguir-se-á
outro gigante cosmopolita na tradição oral e musical africana do grupo étnico
Cokwe, Gabriel Tchiema, para uma hora de espectáculo. O programa dos festejos
da Semana de África, de 22 a 28 de Maio, inclui ainda a Orquestra Kaposoca e o
grupo de dança Kina KuMoxi (em Kimbundu, dançar juntos).
Ndaka,
que em 2012 teve na Bienal de São Tomé e Príncipe a sua primeira
internacionalização, contou ao Blog Angodebates o que para a sua carreira
representa a presença na Expo Milão 2015. "Esta oportunidade representa um
enorme privilégio, responsabilidade e força de seguir em frente com o meu
trabalho e cumprir com zelo a missão cultural", sublinhou o músico.
O
repertório serve de antecâmara ao álbum “Olukwembo", que o jovem tem na
forja, sempre visando divulgar ritmos tradicionais africanos, através da sua
fusão com outros mais contemporâneos e comerciais. A título de
exemplo,"Pasuka", que na língua Umbundu quer dizer
"acorda", funde kilapanga com soul jazz, enquanto
"Sandombwa", o noivo também em Umbundu, casa a masemba com a rebita. Segundo
o artista, o álbum está sendo gravado em Angola, França, Portugal e Senegal.
Com
algumas aparições em programas televisivos (embora sem videoclips) e presença
em casas nocturnas intimistas, Adriano Xavier Docas, que traduz a sua missão no
cognome Ndaka Yo Wiñi (em Umbundu, A Voz do Povo), nasceu em 1981 no Lobito,
província de Benguela. A residir em Luanda há quatro anos, procura tirar
proveito das experiências que a vida lhe proporcionou nas províncias do Huambo
e Cabinda, com passagens pelo canto tradicional rural, canto religioso e algum
RAP na adolescência.
"Os
meus avôs maternos eram percussionistas e bailarinos tradicionais e mestres de
cerimónia de toda a comuna do Kwima, isto no Huambo, suas origens. Em 1988
fui residir no mato onde apreciava todas cerimónias e frequentava o pasto e a
lavra, vendo a minha gente entoar canções de consolo", conta Ndaka Yo
Wiñi.
Não
lhe faltando exemplos de consistência, tais como Gabriel Tchiema, Jacinto
Tchipa, Sabino Henda, Duo Canhoto, entre outros, Ndaka Yo Wiñi é cultor de um
segmento musical acústico relegado para segundo plano pelas tendências do nosso
mercado, que prefere antes o electrónico, o conteúdo oco e a redundante lei do
menor esforço.
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário