Uma
revista luandense (citada pelo programa Dia-a-Dia, da TPA, hoje) destaca a
afirmação de mais um caso de internacionalização de talentos angolanos, desta
feita a jovem modelo de 19 anos que atende pelo nome de Amilna, a brilhar nos
tapetes vermelhos de Nova York, que é como se sabe uma importante montra para
quem sonha realizar-se no mundo da moda. Viva!, diria eu, não fosse a já
previsível recorrência. Mas não nos podemos destacar por mais uma outra coisa, algo
diferente digo, ali pelos States (a excepção de um cineasta ligado a Hollywood,
salvo erro)? Os "nossos" irmãos "langas" (República Democrática
do Congo), a quem o nosso populismo tanta troça faz, têm nos EUA professores
universitários, para não falar de Lokua Kanza, a estrela mais cosmopolita da
música africana, que tanto projecta os traços identitários do seu povo na “world
music”. E já agora, esta tão celebrada expansão da kizomba, a nossa dança
sensual, não podia abrir portas para vendermos outras manifestações
intelectuais que não tenham necessariamente a ver com o talento que temos em
abanar os quadris? Se calhar dava para alargar o campo do lobby (que apadrinha
o ku-duro, as novelas e outras coisas mais "rosadas") e exportar a
nossa literatura traduzida para inglês, mesmo até aproveitando a nossa
comunidade estudantil lá, ou não? De repente iríamos a tempo de mostrar “à
África e o mundo” - como diria o velho jargão - que somos muito mais do que aquilo
que a flexibilidade das nossas cinturas revela.
Gociante Patissa, Benguela, 27.02.15
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