Dediquei algum tempo, o tempo que a
energia eléctrica geral permitiu, a ver o programa “DEBATE LIVRE” do
"terceiro canal" angolano, a TV Zimbo, que versou sobre a lei do
registo eleitoral pela perspectiva do Direito. Já tinha visto outras sessões,
que são inquestionavelmente meritórias, desde logo pela promoção do
contraditório, com um painel mais representativo do que aquilo a que estamos
acostumados no mosaico mediático. Positiva é ainda a reputação que tem o
moderador do programa e director da estação, Francisco Mendes, tido como
imparcial quase que consensualmente por gente abalizada. O PONTO NEGATIVO, e
aqui há que dizê-lo, recai quanto a mim para o MÉTODO. O formato debate é
aquele que suscita no público consumidor do produto mediático (telespectador/ouvinte)
um grau de expectativas ainda mais activo quanto aos argumentos de razão a
esgrimir. Ora, se temos um painel de por aí cinco convidados, mais o moderador,
e se, a título de exemplo, cada convidado tem dois minutos em cada intervenção,
isto quer dizer que o convidado mais obediente às regras do jogo terá de ficar
nove minutos até abrir novamente a boca, excepto para bocejar. Na minha
experiência de moderador freelance de debates radiofónicos, absorvi que quatro
convidados em estúdio já não são poucos. E estes nove minutos de intervalo só
podem gerar dispersão de atenção e ansiedade. Salvo melhor fundamento
metodológico, é minha opinião que se devia reduzir o número de convidados, o
que não é necessariamente dizer que se deva prejudicar a representatividade no
que respeita a diversas sensibilidades sociais. Aqui, vale o princípio
universal de literatura e não só que diz que “menos é mais”, o que nos daria em
menor número de convidados e maior espaço de intervenção. Como diz o velho
ditado, “quem muito abraça pouco aperta”.
Gociante Patissa, Katombela, 25.02.2015
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