segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Diário| A missionária vontade de debater o desproporcional

Debater com o dono de uma rádio, por um eventual extrapolar do produto que "nos impõe", é inútil, desde logo por ser desproporcional. Quem vive em Benguela e acompanhou (entre 1995-2008) as brigas entre o veterano Cabral Sande, da "Pedra no Sapato", e seus inimigos de estimação aos microfones da Rádio Morena que o diga. Houve ainda o caso do historiador Armindo Jaime Gomes (ArJaGo), que acabou ostensivamente enxovalhado no jornal Kesongo, do veterano Ramiro Aleixo, cujo pecado foi desmontar um texto elogioso à figura de Cerveira Pereira, da autoria do autodidacta Joaquim Grilo. Para ArJaGo, num bem fundamentado ensaio académico, Cerveira fazia parte da escória de Portugal, sendo que os festejos do 17 de Maio (a famigerada data da fundação da cidade de Benguela) assinalam a victória do invasor colonial sobre os nossos antepassados. Os benguelenses mantiveram-se inertes. Foi preciso o Pepetela escrever que "Cerveira Pereira era um filho de puta" (sic), anos mais tarde, na sua obra "A Sul. O Sombreiro", para os benguelenses se largarem às gargalhadas e às palmas de concordância. Quem briga, por exemplo, com um Francisco Rasgado, dono do intermitente jornal Chela Press, sabe bem para o que vai, é que volta mesmo de lá com a dignidade e a vida privada depenadas. Enfim... E nestes dias eu vejo muitos compatriotas indignados pela "glamourização", como diria uma veterana jornalista amiga, do beijo homossexual na televisão pública através de uma telenovela. Eu cá acho que tais vozes teriam muito mais com que se ocupar ao invés de andarem a pregar ao vento a sua discordância, pois a novela é propriedade do proprietário da referida televisão. Era ver a festa no programa "Dia-a-Dia" com as comentadoras da rubrica "Trica dos Famosos" pelo BEIJO… Estariam a preparar a sociedade para algo ainda mais "completo" por vir? Ora, se o dono entender que sim, que opinião mais ou menos contra é que o vai demover? O máximo que podem os discordantes conseguir é que o "dono" se faça de vítima.
Gociante Patissa, Benguela 2 Fevereiro 2015
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