domingo, 30 de setembro de 2012
sábado, 29 de setembro de 2012
Gostava de estar num lugar onde o silêncio, pelo menos para dormir e pensar, não fosse valor relativo. Mas é uma sanzala onde a energia nunca vai - porque nunca veio. E a vizinhança precisa dançar para espantar, talvez, eventuais assaltantes ou, já inebriados com estridentes kizombadas, ku-duros e tchuna-babices, sonhar com cidade, enquanto a noite incuba a noção de poeira. Também, para pessoas com emprego, amanhã é descanso. Eu é que tenho trabalho.
Segundo revela um relatório da ONU... Discriminação e «racismo subtil» em Portugal
PORTUGUESES de origem africana são vítimas de exclusão e marginalização, diz a ONU (Foto: PÚBLICO) |
Texto e foto: Semanário Angolense, edição 484, 29/09/12
As
pessoas de origem africana que vivem em Portugal estão sub -re pre s ent
ad a s nos processos de tomada de decisão política e institucional.
Não
têm
igualdade de acesso à
educação,
aos serviços
públicos,
ao emprego.
São discriminadas no
sistema de justiça,
vítimas
de discriminação
racial e de violência
pela polícia.
O reconhecimento como pertencendo à sociedade portuguesa e os seus
contributos ao longo da história
para a construção
e desenvolvimento do país
são
insuficientes. Finalmente: são
vítimas
de exclusão
e marginalização,
e em Portugal «o
racismo é
sobretudo subtil».
Este é, em traços gerais, o retracto
da situação
das pessoas de ascendência
africana que vivem em Portugal feito por peritos da Organização das Nações Unidas (ONU), a
partir de uma visita ao país
em Maio de 2011, e que ontem esteve a debater o relatório, agora concluído, com
representantes portugueses numa sessão do Conselho de Direitos Humanos
em Genebra, Suíça.
Oficialmente tornado público
ontem, o documento é
criticado pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural
(ACIDI), que contesta algumas das conclusões.
O conteúdo do documento é baseado nos
encontros que o grupo de peritos teve com organizações governamentais e não-governamentais,
nos pontos de vista de pessoas da sociedade civil e membros das comunidades
afro-portuguesas. Ao longo do documento, critica-se várias vezes o facto de
não
existirem dados sobre minorias étnicas
e raciais que permitam tirar conclusões factuais. A missão a Portugal
aconteceu durante o Ano Internacional das Pessoas de Origem Africana (2011),
agora proposto passar a década.
Na reunião de
ontem, onde estiveram também
representados países
como o Senegal, EUA, Brasil e China, Verene Shepherd, actual chefe da missão do grupo de trabalho, reiterou que, apesar dos esforços do Governo para promover a integração e combater a discriminação, os imigrantes e as minorias étnicas e raciais em Portugal são «vulneráveis à
discriminação e à desigualdade». Shepherd sublinhou que Portugal não tem medidas especiais de afirmação positiva em relação às pessoas de origem africana para «combater desigualdades estruturais». Por seu lado, Portugal respondeu que não desenvolve políticas
para nenhum grupo racial específico
para«garantir a mesma protecção para
todos» e por considerar que medidas de discriminação positivas corriam o risco de ter um efeito contrário e estimular «divisões e choques na sociedade que não existem», lê-se no comunicado de imprensa.
Obras de autores angolanos estão traduzidas para alemão
António Gonçalves tem obra traduzida
Fotografia: José Cola
A União dos Escritores Angolanos (UEA) anunciou ontem, em
Luanda, que seis autores angolanos têm obras traduzidas em alemão que, numa
primeira fase, estão disponíveis no site www.poetenladen.de/pitangas/einleitung-angola.htm.
A UEA refere numa nota que as obras são dos poetas
Agostinho Neto, Zetho Cunha Gonçalves, José Luís Mendonça, António Gonçalves e
dos prosadores Sónia Gomes, Tazuary Nkeita e Carmo Neto.
O projecto de tradução de textos de autores angolanos para
alemão é de iniciativa da UEA e da Alemanha Universidade Humboldt de Berlim,
por intermédio de Ineke Phaf-Reno Berger, que em Outubro vem a Angola. A vinda
ao país de Ineke Phaf-Reno Berger, refere o documento, destina-se a manter
contactos com obras de escritores angolanos.
Ineke Berger vem acompanhada de cinco estudantes
universitários interessados no estudo e divulgação da literatura angolana. Os
temas seleccionados dos seis autores angolanos abordam questões ligadas à
guerrilha, diversidade cultural angolana, juventude e autores.
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Faleceu hoje, de doença em Luanda, o músico José Machado Jorge "Manborro"
Foto achada algures na Internet |
"Há um traço / de união / é a canção". Este trecho da música "Traço de União", composição de Cassé e cantada por Man Borró, é deste cantor a referência que mais guardo dele. Faleceu hoje, de doença em Luanda. Que sua obra seja lembrada!
O texto que se segue é do Jornal de Angola em Janeiro de 2009, via
Blogue Koluki
Mamborró foi um dos principais nomes na década de 80 e 90 em Angola. Por essa razão, transcrever a sua trajectória é um desafio de grandes obstáculos. “Vi a minha vida próximo do fim, mas graças ao apoio da sociedade civil angolana, consegui salvar-me. Muito obrigado aos angolanos de Cabinda ao Cunene e do Mar ao Leste!”. Estas foram as primeiras palavras expressas por Mamborró, no início da nossa conversa.*
É filho de Felismina José da Costa e de José Manuel Machado Jorge, é o terceiro de seis irmãos. Nasceu a 7 de Agosto de 1970, na Rua C, na vila da Gabela, província do Kwanza-Sul. Tinha tudo para seguir a carreira de desportista, de empresário ou mesmo de piloto de aeronaves. Mas aos nove anos, sentiu que tinha verdadeiramente queda para a música. Mesmo assim, por causa da timidez, fugia quando era convidado a cantar em actos públicos. Foi a partir do primo Nando Borró, que já cantava no agrupamento Sagrada Esperança, que ele descobriu a forma de enfrentar a multidão. Nando Borró sempre foi um empreendedor, com valioso faro artístico. Decidiu introduzir o primo, como bailarino, num grupo de dança e música de grande sucesso, na Gabela.
Mas Mamborró queria mesmo chegar ao topo da música. Daí que durante um festival infantil, onde os membros do júri eram provenientes de Luanda, Nando Borró inscreveu o primo como um dos concorrentes do festival infantil. Mamborró conquistou o segundo lugar entre dezenas de candidatos.
Pela voz segura e pela sua maneira de dançar, Dionísio Rocha, um dos integrantes do júri, decidiu deixar-lhe o endereço e um convite. “Quando fores a Luanda, aparece”.
À procura do Dionísio
Depois do concurso, durante meses, Mamborró passou a ser uma estrela musical da Gabela. O sucesso levou-o a recordar o convite de Dionísio Rocha. Contra a vontade dos pais, partiu para Luanda, onde já se encontrava a morar uma irmã mais velha. Mas o objectivo era localizar Dionísio Rocha, para se tornar num músico de verdade.
Mamborró chegou a Luanda e minutos depois de pousar as malas, procurou imediatamente o endereço de Dionísio Rocha. Não foi difícil localizá-lo. Dionísio Rocha ensinou-lhe o caminho da RNA, onde encontraria as pessoas indicadas. Mamborró perdeu-se e não conseguiu localizar as instalações da rádio. Desgostoso com o sucedido, decidiu fazer uma segunda tentativa.
Na sua convivência com os novos amigos no Bairro Prenda, conheceu o músico infantil Maranax que lhe deu as instruções precisas para chegar à RNA. Desta vez teve êxito. Pela mão de Artur Arriscado foi fazer um teste de voz em companhia de vários concorrentes como Joséca, Ângelo Ramos, hoje Boss, entre outros nomes da música em Angola. Com a canção “Quando Passo pelas Ruas”, Mamborró deixou toda a gente de boca aberta e foi aceite.
Alguns meses depois passou a ser uma figura emblemática da música infanto-juvenil do país, o que o levou a ganhar o apelido de Mamborró. Partiu para uma carreira notável que o levou, em 1987, a conquistar o Top dos Mais Queridos e o título do melhor cantor do Top dos Cinco. Depois de um ano de glórias, sucessos e inúmeros espectáculos, José Manuel Machado Jorge foi chamado para o serviço militar obrigatório.
Músico na recruta
Aos 18 anos, Mamborró era visto como um dos pilares da música em Angola. Mas nem com isso ficou isento do cumprimento do serviço militar obrigatório. Em 1988 foi para Menongue. As dramáticas notícias vindas do campo de batalha levaram-no a pensar no pior. Mas por força do amor à pátria desprezou o medo e enfrentou os dissabores da recruta na Escola Primeiro-tenente Marcolino.
“Justamente por ser o famoso Mamborró, fui chamado para a tropa. Fiz a minha parte como patriota”. E, logo no ano seguinte, depois do juramento da bandeira fui transferido para a direcção política em Luanda.
Brasil e regresso dramático
A necessidade de se aperfeiçoar cada vez mais no domínio da música, levou Mamborró a estabelecer contactos para conseguir uma bolsa de estudo. Solicitou ajuda ao então comandante da direcção política. O pedido foi aceite e partiu para o Brasil, onde estudou durante três anos violão e canto. Mas nem tudo foi bom para Mamborró. Os atrasos no pagamento da bolsa levaram-no a desistir do curso. O pouco apoio para a sua sobrevivência vinha do jornalista João Melo, que na época trabalhava no Brasil. “Esta pessoa esteve presente na minha formação”. Em Agosto de 1993, por causa das dívidas, decidiu abandonar o Brasil e regressar.
Já em Angola, as mudanças políticas que se operaram no país, levaram à desvalorização da música angolana. Mamborró deixou de ser o ídolo e o nome esfumou-se no meio dos enormes problemas sociais que o país vivia na época. Passou a viver autênticas odisseias em cada acção do seu dia a dia.
Mamborró responde
Como foi a sua reintegração em Angola?
Muito difícil. Primeiro fui taxista e depois trabalhei no Terminal Aéreo Militar (TAM), como motorista.
IGREJA CATÓLICA APROVA PRÁTICA DO "EFIKO" NO SUL DE ANGOLA
Texto e foto: Jornal Apostolado |
A prática do “Efiko” está liberalizada na Arquidiocese do Lubango, que abarca as regiões do sul de Angola ( Huíla, Namibe e Cunene).
Um decreto de 15 de Agosto deste ano do Arcebispo Dom Gabriel Mbilingi aprova a tradição de iniciação feminina.
A notícia foi avançada pelo Bispo do Namibe, Dom Dionísio Hisilenapo, em Roma, onde tomou parte num curso para jovens Bispos.
“No Lubango até já foi publicado ultimamente o decreto que aprova este rito. Entrou em vigor no dia 15 de Agosto de 2012. Penso que o arcebispo do Lubango terá agido da melhor forma” – disse o Prelado à Rádio Vaticano .
O rito chegou a gerar polémica decorrente de interpretações equívocas à carta dirigida por um grupo de religiosas da região à Presidência da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé.
O Presidente da CEAST, Dom Gabriel Mbilingi esclareceu o assunto no Benin, onde participou da recepção ao Papa Bento XVIX.
“A carta foi para reagir à interpretação à morte de Dom Mateus, Bispo do Namibe. Não é que alguém da Arquidiocese levantasse a questão do “Efiko” como tal, mas algumas religiosas reagiram àquilo que foi noticia depois da morte de Dom Mateus, uma informação que passou num documento que apareceu no Club K, e fazia questão de umas declarações de um jornalista que escrevia, dizendo que Dom Mateus teria eventualmente sido morto em circunstâncias pouco esclarecidas, no sentido de que estaria por detrás toda uma reacção de feitiçaria, que estaria na origem do recurso a forças ocultas para que tivesse lugar o ocidente que o vitimou”- disse numa conversa conduzida pela jornalista Dulce Araújo.
Dom Mateus Feliciano Tomás, Primeiro Bispo Da Diocese do Namibe faleceu a 30 de Outubro de 2010, num acidente de viação, proveniente de Luanda, onde havia participado na Assembleia-Geral da CEAST.
Tinha sido ordenado Bispo há cerca de um ano e meio. O carro conduzido por ele, capotou quando tentou esquivar uma manada de bois que atravessava a estrada, mas conforme um artigo, dias depois pelo jornal angolano Club K, a sua morte teria resultado de acções ocultas, feitiçarias, por se ter oposto a algumas práticas tradicionais do povo Nhaneca Humbi, entre as quais o “Efiko.
“O modo com foi tratada esta questão tradicional, que é a iniciação feminina na nossa área, concretamente nas províncias da Huila, no Cunene e também no Namibe, onde se pratica o “Efiko”, é isso que levou a reacção das irmãs” – explicou Dom Mbilingi.
“Quer dizer, o modo como era escrito o rito do “Efiko” incluía acções que algumas irmãs acabaram de dizer que isso não é verdade, portanto era necessário reagir a este efeito” - sublinhou.
“Tudo o que fiz foi pedir, quer às próprias irmãs, sobretudo as originárias do lugar, que deverão trabalhar também com as outras senhoras intelectuais que estão por aí, que percebem, também aos padres, sobretudo os originários do Cunene, como do Lubango e do Namibe, estes pedi-lhes que fizessem um estudo de campo em relação aos ritos, ao significado tradicional que o “Efiko” tem, em ordem a que possamos, como Conferência Episcopal responder e para que no amanhã possamos ter uma proposta mais clara em relação a esse dado, que é cultural, mas que, se é mal entendido efectivamente causa o mal estar que provocou naturalmente aquela situação” – acrescentou o Arcebispo do Luabngo.
Agora, o objectivo é de desfazer os males entendidos causados pelo artigo, posto a circular na Internet.
“A essas mesmas irmãs nós pedimos que sejam elas a dizerem qual é a versão verdadeira, porque é importante. Como elas se queixaram na carta que são os homens que tratam de assuntos que não lhes diz respeito, agora vocês digam o que realmente se passa e qual é a verdade daquilo que foi dito, e que efectivamente deve ser considerado como algo que tenha valor e que possa ser assumido pelo evangelho, na linha da inculturação. Portanto, agora tudo depende em parte delas”- concluíu Dom Mbilingi
O “Efiko” terá sido introduzido naquela região por Dom Lino Rribeiro Santana Goês, primeiro Bispo de Sá da Bandiera, hoje Arquidiocese do Lubango.
Dom Frankin da Costa, Arcebispo do Lunamgo 1986/97, chegou a presidir a este rito na Igreja.
Foi com base nisto tudo que as religiosas escreveram a 21 de Março do ano passado a favor deste rito na região dominada pelos povos nyaneka umbe.
Nyaneka
É um povo que quase 60% da sua etnia grupal não digeriu em 40% a civilização ocidental e mantém-se apegado na sua rica cultura.
Ressalta-se a festa da iniciação "puberdade" feminina e masculina (efiko ou kufukala e o ekuenje), com maior realce para aquela, cujo grande valor é a não prática de sexo sem esta iniciação.
A violação constitui uma desonra e humilhação não só para a menina, mas para toda a família.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Pelo menos nos livros tenho avançado melhor do que na tese de licenciatura - pela primeira vez, me ocorre a ideia de desistir, o que, claro, não farei! - (A experiência que venho acumulando nos últimos 13 anos "enfiou-me" muitas regras/técnicas na cabeça, as quais acabam atrapalhando: método sociológico, redacção em jornalismo, escrita criativa, relatórios narrativos, elaboração de projectos, estruturação e análise de pesquisas qualitativas, ensaios literario-científicos e, por último, o que o tutor exige). Desta vez, a questão é o formato, e toca a reescrever tudo outra vez... "Aquele que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza", já dizia o outro.
AUTORIDADES TRADICIONAIS E ESTRUTURAS LOCAIS DE PODER EM ANGOLA: ASPECTOS ESSENCIAIS A TER EM CONTA NA FUTURA ADMINISTRAÇÃO AUTÁRQUICA? Texto de Fernando Pacheco
Ler neste link: http://library.fes.de/ pdf-files/bueros/angola/ hosting/pacheco.pdf
PS: Velhinho mas sempre dá para se analisar a questão, uma década depois do texto
PS: Velhinho mas sempre dá para se analisar a questão, uma década depois do texto
Foto de Joscelino Issenguele |
Por enquanto não tenho a certeza de se tratar do mesmo animal que aparece na foto.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Experimentei e funciona (não que me ocorra o activismo pro NAO)
"O Conversor do Acordo Ortográfico da Porto Editora é uma ferramenta gratuita que possibilita a adaptação à nova ortografia. O Conversor de ficheiros converte o conteúdo de ficheiros de texto para a nova grafia. A aplicação dá suporte a documentos em formato Word".
http://www.portoeditora.pt/acordo-ortografico/conversor-ficheiros/
9 horas da manhã e não saí de casa ainda. O telemóvel toca e do outro lado a busca da certeza se era, de facto, com o escritor Patissa. Respondo afirmativamente. Em linha um jovem conhecido e algo distante. Pela vigésima vez, me pede a mesma orientação, o caminho para uma editora. Impossível foi reter a exclamação da vontade: "Meu trabalho [de poesia] já está concluído! É um trabalho bem genuíno,muito genuíno mesmo! Vai ser um sucesso!" Assim seja, digo eu.
domingo, 23 de setembro de 2012
Sobrevivência do gado ameaçada no município do Caimbambo
António Salomão Gando |
Na fazenda Upolo,
situada a 15 quilómetros a oeste da sede do município, contabilizam-se as
perdas em três cabeças de gado, segundo António Salomão Gando, o sócio-gerente.
“Mas com a velocidade com que o gado
emagrece, poderemos vir a ter mais prejuízo”, disse.
Choveu pela
última vez em Abril. Vive-se um misto de expectativa e desespero, uma vez que, oficialmente,
o segundo ciclo das chuvas devia iniciar a 15 de Agosto, com o fim da época de
cacimbo. Entretanto, a realidade mostra lavras com semblantes de deserto, e o
que ainda resta de vegetação anda mais magro do que os animais.
“Estamos a trazer palha há três meses”, conta, referindo-se
ao milheiro comprado aos “cavaqueiros de
Benguela”. Não se sabe, entretanto, é até quando será viável tal
alternativa. “No começo havia facilidade, era 500 Kz a carrinha.
Mas, hoje, custa 2 mil Kz, e há já quem ocupe o milheiro antes da colheita”, revelou. “O que eu não sabia é que no próprio [Vale]
do Cavaco muitos são os criadores que dependem daquela palha”.
Upolo encaixa-se
no que seria fazenda do nível médio, com duas carrinhas que dão relativa autossuficiência.
É ainda atravessada por um riacho que, apesar de seco, torna generoso o lençol de
água para a motobomba. “Podes já imaginar
o problema dos outros que têm de trazer de Benguela água em cisternas, isso,
sem esquecer que muitos não conseguirão honrar o crédito”, realça,
solidário, António Gando.
O fazendeiro, que
um dia teve que escolher o que salvar com tão pouca água, abdicando por isso do
cultivo para dar de beber ao gado, vê o futuro com preocupação. “No futuro, talvez, teremos que optar por cultivar
capim. Precisamos é de meios e técnica”.
Criadores com
menos meios estão a vender o seu gado. O preço chega a custar dez vezes menos
do que o justo. “Uns estão a abater, e é
essa carne que vemos em grandes quantidades a ser comercializada ao longo da
via”, acrescenta António Gando. Uma observação in loco permitiu-nos aferir
que o abate é feito longe das recomendações dos serviços veterinários, o que só
pode constituir risco à saúde pública.
A nossa fonte
acredita que os municípios de Cubal e Ganda sofrem o mesmo. Perante o quadro, “a ajuda seria fazer uma ponte entre os
criadores e os fornecedores de capim e palha do Kwanza-Sul”, onde acredita
abundarem alimentos para o gado. Por outro lado, sugeriu, “seria nos facilitarem o acesso ao bagaço junto da cervejeira Soba
Catumbela”. O Blogue Angodebates constatou noutra fazenda do mesmo
perímetro o uso eficaz de bagaço.
Questionado sobre
o que teria o ano 2012 de diferente dos demais, a ponto de se sentir tão
fortemente os efeitos da estiagem, António Gando diz que, “na verdade, os sinais começaram já no ano agrícola anterior, com a
fraca presença das chuvas”.
Gociante Patissa
sábado, 22 de setembro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Pela avaliação de Divaldo Martins, a telenovela Windeck da TPA é...
Foto: facebook do autor |
Windeck é a versão ANGOLANA de uma novela PORTUGUESA de segunda categoria, de inspiração BRASILEIRA. É o retrato de um mundo inexistente, além de vazio, é a caricaturizacão da nossa suposta elite, é a ridicularização do nosso modo de ser. Faz-me lembrar a literatura "angolana" do século XIX, onde o que inspirava os poetas eram apenas os seios das mulheres africanas e todos nós éramos vistos como seres exóticos. Escrito, por certo, por um português a pensar no Brasil, quem a escreveu não soube captar a essência da alma angolana e caiu no ridículo de colocar as nossas supostas socialites vestidas de penas e cheias de espalhafato a lembrar a Viuva Porcina. Em Angola as empregadas não vestem uniformes preto e branco, não falam um português cuidado, em Angola não é hábito convidar-se alguém para tomar o chá da tarde ou o café da ordem. Em Angola os filhos não falam assim com os pais, os verdadeiros homens de negócio não vivem de revistas cor de rosa, as nossas redacções não são assim... Windeck não é o retrato de Angola, nem daqui a vinte anos. Há muito que a cultura rompeu as fronteiras dos estados, mas antes de ser universal, qualquer cultura manifestação cultural tem de ter raiz nacional. Dança-se o Tango em todo o mundo, mas ninguém nega que é da Argentina. Para ser cultura nacional tem de captar a nossa verdadeira alma, tem de falar a nossa língua, como faz o Paulo Flores cada vez que decide cantar, mesmo quando canta Morna. Windeck é tudo, menos Angola.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Há dias, uma amiga no Facebook partilhou reticências de uma reportagem televisiva sobre estrangeiros que residem em Angola (não acho oportuno dizer "que amam Angola"). Um libanês comerciante, questionado sobre o que achava do desempenho dos trabalhadores angolanos, teria dito que "são bons, o problema é que têm muitos óbitos". Isso é verdade e, é óbvio, o direito que a lei confere de alg
uns dias de dispensa tem sido abusado por muitos compatriotas. Mas há que, perante tais situações, ter em conta o perfil e os antecedentes do trabalhador. De outro modo, mais não estarão os estrangeiros (e não só) patrões a dar uma de olhar para o subordinado como um objecto que caiu do céu, sem compromissos sociais. Por exemplo, o meu irmão mais velho, cujo sentido de dever nunca deverá ser posto em causa por qualquer patrão a quem serviu, teve três dias de dispensa por causa do falecimento por doença de um irmão nosso, o primeiro filho do nosso pai. E justo no último dia permitido por lei, falece o pai da sua esposa. Terá ele como dizer ao patrão que não pode agora atender ao óbito da esposa, porque já esteve no óbito do irmão? E mais, pelo menos na cultura dos Ovimbundu, é ao genro que cabe comprar o caixão. De tal sorte que as generalizações não costumam ser mais do que o exotismo encapotado. Bom dia.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Apontamentos: Recados implícitos na atribuição de nomes a animais entre os Ovimbundu
Gociante Patissa, Benguela (ensaio publicado via Jornal Cultura, edição como ilustra a foto)
Parte o presente exercício de dois relatos de um casal que
revelava semelhanças num gesto das respectivas mães, os quais, vistos além da
coincidência, fornecem matéria antropológica. Trataremos a mãe do marido por
Njali-A e a da esposa por Njali-B, correspondendo “onjali” ou “njali”
a pai/mãe, tutor/a. O que as separam são uma década e cerca de 600 km.
Njali-A vivia em Kutenda, município da Tchicomba, na Huila, e o gesto deu-se na
década de 1970. Por sua vez, njali-B vivia no Monte-Belo, município do Bocoio, em
Benguela, e sua acção deu-se na década de 1980.
Njali-A e njali-B têm em comum o papel de “ndona yukulu” ou “ukãi
watete”, esposa mais-velha ou
primeira mulher, traduzindo literalmente. É o estatuto social
dado às primeiras esposas, em contextos de poligamia, onde, independentemente
da idade, das demais “sepakãi” (rivais) a sociedade espera uma postura de “irmãs mais-novas”.
Os Ovimbundu são o grupo etnolinguístico de origem Bantu que
predomina no centro e sul de Angola, em seis das 18 províncias: Kwanza-Sul,
Benguela e Namibe (costa), Bié, Huambo e Huila (planalto centro e sul).
Representam 1/3 da população, num país com 16 milhões de habitantes, e cerca de
oito grupos de matriz Bantu, sem esquecer os Khoisan,
pré Bantu, e ainda os de ascendência ocidental.
Para Fernandes & Ntondo (2002), citados em Martinho
Kavaya (2006: 54), formam o grupo etnolinguístico, Ovimbundu, os va Viye,
Mbalundu, Sele, Sumbi, Mbwei, Vatchisandji, Lumbu, Vandombe, Vahanya, Vanganda,
Vatchiyaka, Wambu, Sambu, Kakonda, Tchicuma, e este grupo corresponde ao maior
étnolinguístico angolano (acima de 4.500.000 pessoas) e comunica-se na língua
Umbundu.
Chama atenção, entretanto, a proximidade estatística entre o
trabalho de Fernandes & Tondo e o do estudioso António Correia (2012), como
podemos verificar num trecho do seu Blogue: “Distinguem-se pelo menos 18 grupos
Ovimbundu diferentes: Mbailundu, Vyié, Wambu, Ngalangui, Quibulos, Ndulu,
Quinolos, Kalukembes, Sambu, Kakonda, Quitatos, Sele, Ambuis, Hanhas, Gandas,
Chikuma, Ndombe, Lumbu. É o maior grupo etnolinguístico angolano (cerca de
4.970.000 pessoas)”.
Até que sejam conhecidos os resultados do Censo Populacional
em curso, uma iniciativa governamental que visa contornar o facto de os dados
oficiais datarem de há quatro décadas, toda a estatística neste sentido está
sujeita ao benefício da dúvida. Entretanto, estamos confortáveis em acrescentar
que nem sempre o número de falantes é indicador de etnia, um fenómeno que
podemos atribuir a dois factores: (a) a motricidade das comunidades de
trabalhadores do CFB (Caminho de Ferro de Benguela), do Lobito (Benguela,
litoral centro) ao Luau (Moxico, extremo leste e de predominância Lunda Cokwe);
(b) o êxodo para as cidades e/ou zonas mais seguras durante as três décadas de
guerra civil, onde poderá contar o facto de a UNITA (rebelião armada) ter
imposto o Umbundu como símbolo de afirmação patriótica nas zonas sob seu
domínio.
As principais decisões do lar entre os Ovimbundu, à
semelhança de vários outros grupos de Origem Bantu, reservam-se ao marido. Uma
dessas é referente à atribuição do nome ao recém-nascido, como aliás o realça Avelino
Sayango (1997: 8): “É o pai, e não a mãe, que tem a prioridade na escolha de um
membro da sua família para ser o sando
(chará) do primeiro bebé, quer se trate dum menino ou duma menina”.
Este exemplo é apenas uma amostra daquilo que são os
aspectos decorrentes da atribuição de papéis com base no género em culturas de
pendor “machista”, onde a participação da mulher na tomada de
decisões é (aparentemente) nula, pois este ser secundário tem
subtilezas para vincar posição. Falaríamos por exemplo da influência que as
mulheres vêm tendo sobre as mais temidas figuras e tramas da humanidade.
No contexto das comunidades rurais que abordamos, a maioria
das mulheres dedicava-se ao cultivo e lida doméstica, salvo poucas excepções
para confirmar a regra. Eram, então, as que tinham formação elementar para o
professorado ou enfermagem. O mesmo se aplica aos homens, no cultivo e na caça,
excepto uns poucos na função pública, com ofício, ou então para-militares.
Njali-A era esposa de motorista hospitalar e Njali-B de funcionário
administrativo. Seus maridos eram de concentrar as várias esposas num mesmo
espaço, chamemos-lhe de quintal, e com isso uma convivência intensa entre as
“irmãs” rivais. Até aos dias de hoje, há quem o pratique nos centros urbanos, o
que é culturalmente normal, mas nem por isso fácil de gerir.
Njali-A adoptou um cão, a quem atribuiu o nome de “Notole”. Njali-B
intitulou o seu cão “Cohinla”. A palavra é ícone, o que seria pleonasmo referir, já que é sobre o adágio que
assentam os nomes dos Bantu. Segundo Francisco Xavier Yambo (2003: 23), o ocimbundu acredita na interacção e
correlação de forças entre todos os seres viventes. Outro grupo de nomes, o
mais variado, vai das circunstâncias palpáveis em que a criança nasce à
preocupação de perpetuar a memória deste ou daquele ente-querido.
Ora, tirando proveito deste paradigma, e na aparente banalidade
do direito de dar nome a um animal doméstico, Njali-A e Njali-B vincam
posições: “Notole, ndikasi
vesaila; nate ciwa, ndikasi lo kimbo lyetu” (choca-me bem, sou pinto
dentro do ovo; trata-me bem, que faço falta à terra de onde venho).“Cohinlã mange calwa” (é muito
o que se esconde no silêncio de mulher madura). E assim apresentam, não só um
protesto passivo-agressivo aos maridos, mas também uma denúncia à comunidade
sobre o que lhes intriga da poligamia, durante o ciclo de vida do cão, qual
sino diário.
Numa perspectiva inversa, e reportando-nos ainda à comuna do
Monte-Belo, vem outro exemplo: “Kanjila-Komange” foi a alcunha
que certo homem chamou para si.“Kanjila
komange kakwete lapa katekula, lapa kasumbiwa” (por mais insignificante que possa parecer, o passarinho-mãe tem
um ninho a sustentar e exercer autoridade).
Podemos concluir que não andará muito longe da verdade a
hipótese de que a atribuição de nomes proverbiais a animais como forma de
protesto é prática antiga entre os Ovimbundu e provavelmente de outros povos
Bantu, dada a semelhança entre Njali-A e Njali-B, que vivem em épocas e lugares
distantes. Não nos parece, por outro lado, que seja ao acaso também que um
homem adoptou a alcunha para reclamar respeito.
Obras
Citadas
Correia,
A. (2012, Abril 25). O PENSAR ANTROPOLÓGICO ANGOLANO. Blogue de António
Correia , pp.
http://jornalistacorreia.blogspot.com/2012/04/o-pensar-antropologico-angolano.html.
Kavaya,
M. (2006). EDUCAÇÃO, CULTURA E CULTURA DO ‘AMÉM’: Diálogos do Ondjango com
Freire em Ganda / Benguela / ANGOLA. Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas, como requisito
parcial à obtenção do título Mestre em Educação (p. 54). Rio Sul, Brasil:
Pelotas.
Sayango,
A. (1997). O MEU PAI (Vol. 1). Luanda, Angola, Angola: Barquinho – Livraria
Evangélica.
Yambo, X.
F. (2003). PEQUENO DICIONÁRIO ANTROPONÍMICO UMBUNDU. Luanda, Angola: Editorial
Nzila.
Jornalismo cultural vai a debate em Moçambique
Hoje o ISArC (Instituto Superior de Artes e Cultura) realiza um debate com um tema bastante interessante “Que critérios são usados para a selecção das notícias sobre Cultura VS A Comunicação Social na valorização das artes e cultura em Mocambique”. O Evento será as 14h no anfiteatro do ISArC que fica na Av. das Indústrias, 2671. Lá, no bairro da Liberdade, no meu município, Matola.
Via Eduardo QuiveConvite para lançamento de livro "Do Acto Educativo ao Exercício de Cidadania" de Filipe Zau
Venho por este meio informar-vos que, na próxima quinta-feira, dia 20 de Setembro de 2012, às 16h00, irei lançar, na Universidade Independente de Angola (UnIA), o meu mais recente livro, "Do Acto Educativo ao Exercício de Cidadania", editado pela Mayamba, uma selecção e compilação de artigos meus saídos no Jornal de Angola, mais algum texto.
O livro será apresentado pelo Prof. Laurindo Vieira do ISCED de Luanda e pelo Prof. Douotr Francisco Soares, catedrático da Universidade de Évora e Director do Gabinete de Ensino a Distância da UnIA.
Sentir-me-ei, desde já, muito honrado e grato pela vossa presença.
Filipe Zau
terça-feira, 18 de setembro de 2012
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
sábado, 15 de setembro de 2012
Meus sobrinhos do Kioxi, periferia na cidade de Benguela, pediram que lhes comprasse uma dessas bolas piratas de futebol. Aceitei pagar com uma condição, a de furar a bola se forem apanhados a jogar na estrada (de veículos). Já sozinho, me pergunto se não terá sido irrealista a condição, tendo em conta que os campos comunitários dão lugar a construções privadas e privatizadas. Haverá campo para as crianças brincarem com suficiente ingenuidade e segurança na nossa "Angola nova"?
Na comunicação institucional e perante terceiros, calhas às vezes a mensagem chegar deturpada. Aí, um líder diria: "onde foi que falhou a comunicação"? Já um chefe, apenas chefe, diz, de pé e inebriado pelo charme feminino da secretária, ao visitante aparentemente inferior que solicita esclarecimento: "Mas quem é o director aqui?!". Oh, minha Angola e os estupidificantes critérios para os cargos, tão longe dos méritos...!
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
«Angola não pode, não deve ser construída, na perspectiva
de que quando está bem, quando há paz e sossego e tranquilidade, por aqui andamos
todos, e, à primeira presunção de susto, “ala, que se faz tarde, vou dar um
giro e quando tudo acalmar eu volto…”. (…) Chamemos-lhes
“patrioteiros”. Têm o direito. Legal. Jurídico. Formal. Não têm é moral…»,
Carlos Ferreira, In «Novo Jornal»,
14/09/12
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
A José Sayovo e seu guia, o blogue Angodebates dá os parabéns
Foto: autor desconhecido |
Curiosidade: Sayovo é aglutinação de isya+yeyovo, uma fórmula corrente na morfologia de nomes nas línguas Cokwe e Umbundu, ambas de raiz Bantu. Assim, em Umbundu, seria qualquer coisa como "pai da liberdade/independência". De facto, tendo em conta que, aos 39 anos de idade e invisual, ainda arrebata medalhas nos jogos paralímpicos, ele faz jus ao nome.
UMBUNDU / PORTUGUÊS (1): Etali tulilongisa etambululo limwe lyutunda syahunlu, ndeci nda omunu ka vela, pwãi lopo uhayele ka waswile po (ale ekalo lyomwenyo ka lyendi ciwa)
Vamos hoje aprender uma expressão idiomática, usual quando a pessoa não
está propriamente doente mas nem por isso a saúde está completa (ou mesmo a
disposição).
- Ndati uhayele?
- “Wambwa, kwatwín kuliwa”
- Como vai a saúde?
- “Ao jeito do cão, as orelhas sendo roídas” (ou seja, assim, assim).
Sali po ciwa! - Fiquem bem.
Gociante Patissa
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Mexendo no arquivo: "Girassol"
Foto: autor desconhecido |
Sintonizada à frequência
da melodrama da espécie humana
está ela perplexa humilde e sorridente
no canteiro no quintal
Escancarada aos raios escaldantes
de um sol que é de todos
traz sonhos alegres
de um amanhã sem toneladas de mortes
Num mundo de pólvoras
onde escasseia o amor
ri-se da cólera dos homens de toda parte
em conflito com a paz
em conflito com a justiça
em conflito consigo mesmos
e no seu verde e amarelo
vai singela a planta girando ao sol
Gociante Patissa, In «Consulado do Vazio», 2008, Kat-Benguela
(foto de autor desconhecido)
Escancarada aos raios escaldantes
de um sol que é de todos
traz sonhos alegres
de um amanhã sem toneladas de mortes
Num mundo de pólvoras
onde escasseia o amor
ri-se da cólera dos homens de toda parte
em conflito com a paz
em conflito com a justiça
em conflito consigo mesmos
e no seu verde e amarelo
vai singela a planta girando ao sol
Gociante Patissa, In «Consulado do Vazio», 2008, Kat-Benguela
(foto de autor desconhecido)
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Comemorou-se no dia 8 de Setembro o 14º aniversário do magazine cultural, "Ventos e Sopros", da Delegação de Benguela da Televisão Pública de Angola, que no início se chamou "De Caras Com"
Entre 18-23h, uma unidade hoteleira acolheu o momento de
socialização entre profissionais de comunicação, agentes de cultura, e outros,
evento que presenciei a convite de Kainara Miranda, a produtora do programa
realizado por Ladislau Fortunato.
Solicitado a "mandar umas bocas", disse à câmara
que a divulgação do nosso trabalho e a afirmação enquanto artistas têm contado
também com o apoio da imprensa, sendo que falar de televisão em Benguela é
falar do Ventos e Sopros. Quanto ao que gostaria de ver melhorado, partilhei a
minha satisfação por achar que a repetição de temas vai ficando cada vez mais
superada - a cidade tem pouco, ou nada, a oferecer, se não for considerada essa
alternância com o campo. Há que recolher questões ainda pouco divulgadas da
nossa cultura, da nossa identidade, das nossas etnias. E como o senso comum não
é de todo mau, foi um bom recurso para deixar uma palavra à equipa: ressaltei a
importância das relações humanas. Mais do que o investimento, mais do que o
equipamento, é o espírito de equipa. E para frente é o caminho.
Não tenho
muito a dar, ofereci simbolicamente um exemplar de Balada
dos Homens que Sonham - breve
antologia do conto angolano (1980 – 2010), organizada por António Quino. Era o único que tinha e o segundo
exemplar em Benguela, daí o simbolismo.
Gociante Patissa