Foto: facebook do autor |
Windeck é a versão ANGOLANA de uma novela PORTUGUESA de segunda categoria, de inspiração BRASILEIRA. É o retrato de um mundo inexistente, além de vazio, é a caricaturizacão da nossa suposta elite, é a ridicularização do nosso modo de ser. Faz-me lembrar a literatura "angolana" do século XIX, onde o que inspirava os poetas eram apenas os seios das mulheres africanas e todos nós éramos vistos como seres exóticos. Escrito, por certo, por um português a pensar no Brasil, quem a escreveu não soube captar a essência da alma angolana e caiu no ridículo de colocar as nossas supostas socialites vestidas de penas e cheias de espalhafato a lembrar a Viuva Porcina. Em Angola as empregadas não vestem uniformes preto e branco, não falam um português cuidado, em Angola não é hábito convidar-se alguém para tomar o chá da tarde ou o café da ordem. Em Angola os filhos não falam assim com os pais, os verdadeiros homens de negócio não vivem de revistas cor de rosa, as nossas redacções não são assim... Windeck não é o retrato de Angola, nem daqui a vinte anos. Há muito que a cultura rompeu as fronteiras dos estados, mas antes de ser universal, qualquer cultura manifestação cultural tem de ter raiz nacional. Dança-se o Tango em todo o mundo, mas ninguém nega que é da Argentina. Para ser cultura nacional tem de captar a nossa verdadeira alma, tem de falar a nossa língua, como faz o Paulo Flores cada vez que decide cantar, mesmo quando canta Morna. Windeck é tudo, menos Angola.
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REACÇÃO DOS PROMOTORES DA NOVELA
Sergio Neto: Prezado. Registo e considero pertinente a sua opinião. Aceito perfeitamente alguns pontos de vista, decorrentes de escolhas e opções que fizemos, que obviamente, temos consciência que seriam naturalmente susceptíveis de crítica, e como calcula, para quem tem o seu trabalho permanentemente exposto a um público alargado e diversificado, estamos perfeitamente familiarizados e abertos a ouvir. Ambos sabemos que não é possível agradar a todos, individualmente identificamo-nos mais, com um ou outro conteúdo. E o facto de existirem ainda poucos conteúdos nacionais para escolha, também não ajuda. Naturalmente que em relação a novela não poderia ser diferente. Enquanto produtora, é a nossa primeira experiência, que não tem qualquer tipo de pretensão em ser o retrato fiel da nossa sociedade, e portanto, deve ser visto tão-somente como uma caricatura, com os excessos inerentes a este tipo de ficção.
Para mim liberdade é também tolerância criativa. A alma, a raiz nacional podem ser sempre representadas de diferentes formas, de criador para criador, e não vai ser nem menos, nem mais nacional por isso.
Quanto as nacionalidades... Vamos enquanto não detivermos o conhecimento suficiente, optar por fazer as parcerias que garantam que em termos de resultado temos um produto que nos orgulhamos e que em simultâneo sirva para formar os nossos técnicos. Não temos vergonha em quer aprender com quem sabe. Acreditamos que é a única forma de apostar com seriedade nos nossos quadros e de dar oportunidades reais a talentos que identifiquemos. Pessoalmente estou muito satisfeito com o trabalho de todos os actores e de toda a equipa técnica envolvida. Apesar de muitas contrariedades, é um produto que nos orgulhamos de fazer. Espero sinceramente, que tenhamos a capacidade de num próximo projecto ir ao encontro das suas expectativas e naturalmente daqueles que de alguma forma não se revêm neste trabalho. Como produtores queremos sempre que haja um número maior de interessados e de admiradores dos nossos conteúdos.
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