Às vezes você apanha com cada
desilusão/indignação no resguardo natural chamado família que chega à conclusão
de que podia ser mais "deixa andar" em aborrecimentos profundos
vividos no contexto social (ainda que seja só pela irónica noção de ao menos o
golpe ao limite da nossa sensibilidade não ter vindo de alguém com quem
partilhamos algum vínculo de consanguinidade/parentesco). Infelizmente, crescer
é também isto. Ainda era só isso. Obrigado
terça-feira, 31 de outubro de 2017
(arquivo) Diário | O filho não acha que tem fuso horário errado?
"Boa
noite a todos."
"Boa noite."
"Ó mãe, é ele..."
"Finalmente! Afinal é você?..."
"Cóf, cóf!"
"Pode ir-se acalmando, filho. Aqui não temos
pressa. Quer um copo de água para a tosse?"
"Não, minha senhora, obrigado. Só me engasguei
um pouco."
"Tens sorte. Nós andamos engasgados esse tempo
todo. É demais! Eu não sei o que o filho faz, mas que a minha filha está com a
cabeça no ar, mas olha que está muito mesmo..."
"Ó prima, repara que ela já tem 24 anos, uma
mulher feita, mas nunca na vida se comportou tanto como adolescente sem
educação de berço..."
"Estás a ouvir o que diz o tio dela?"
"Cóf, cóf! Estou a acompanhar a explanação,
sim, sim."
"Basta só escurecer, a menina sai. Sem
despedir. Sem preparar o jantar. Chega de madrugada. Descalça. Pela ponta dos
dedos. O filho acha isso correcto?! E se fosse sua filha?"
"Eh, por acaso mesmo... digamos... isso
até..."
"Você, a tal mulher sem juízo, estão a namorar
desde quando?"
"Já vai um ano, mãe..."
"E o que é que o filho tem a dizer?"
"Bem, na verdade, digo, quer dizer, é só que,
por acaso, não é?, estou atrás dela; ainda não me aceitou..."
"O quê?! Então uma mulher que já dormiu
contigo de trás p'ra frente, de frente p'ra trás, você ainda tem a coragem de
dizer que não te aceitou?! O filho não acha que tem o fuso horário
errado?!"
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Benguela. 12.12.15
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Benguela. 12.12.15
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Executivo angolano pagou metade da dívida de USD 300 milhões ao Banco Central da Namíbia
Com a alocação
de cerca de 2,1 bilhões de dólares namibianos, equivalentes a 150 USD milhões,
o Banco Nacional de Angola (BNA) reduz para metade o que ainda falta pagar, que
são cerca de 4 biliões. Junho de 2018 é o prazo acordado para dar por encerrada
a conversa.
A boa-nova
foi avançada pelo Governador do the Bank of Namibia, Ipumbu Shiimi, na
quarta-feira (26/10), citado por dois títulos da imprensa local, nomeadamente o
jornal online Republikein
e o The
Southern Times, e retomado pela televisão estatal NBC1. Trata-se, para já, de uma informação que tem causado visível júbilo, por alavancar para 31 biliões
de dólares namibianos as reservas daquele país cuja economia financeira se ressente
dos efeitos da crise financeira angolana, agora que o petróleo vai em baixa e o
acesso a divisas praticamente colapsou.
Já do
lado angolano, consta que o assunto não tem merecido o mesmo destaque, não
sendo possível divisar se devido a alguma estratégia do departamento de comunicação
e marketing do BNA em manter discrição sobre o avanço no dossiê ou se apenas
pela barreira da língua no que se refere ao consumo de conteúdos em inglês.
A dívida
surgiu na sequência do fracassado acordo de 18 de Junho de 2015, que teve como
mentor o então governador da província angolana do Kunene, António Didalelwa,
para permitir a conversão cambial no circuito bancário entre o kwanza e o dólar
namibiano. Em boa hora, a medida facilitou a intensa actividade comercial na
região fronteiriça de Santa Clara, sul de Angola, e na província de Oshikango,
Norte da Namíbia. Seria bem pensado, porém bom demais para durar.
Poucos meses
após a sua implementação, as autoridades namibianas viram-se forçadas a
suspender o acordo, alegando que estariam a registar a entrada de montantes
significantivos de kwanzas no seu país, sem se observarem, no entanto, medidas de
segurança para enfrentar os desafios previstos no protocolo assinado pelos dois
bancos.
NOTA DO
EDITOR DO BLOG www.angodebates.blogspot.com
:
A mim
como cidadão educado por uma mãe camponesa com elevado padrão de ética, de quem
aprendeu que nunca deveríamos esperar que nos cobrassem para honrarmos a dívida
que um dia contraímos, faz-me sentir muito bem saber que o meu país, Angola,
está a honrar o que deve à República da Namíbia. Trata-se, pois, de um quesito
que tem vindo a chamuscar as boas relações com o país vizinho, de história comum
de bravura na guerra anti-colonial e ao qual muitos angolanos acorrem à procura
de melhores serviços de saúde, de educação, já sem falar daqueles que fizerem
da terra de Nujoma a sua segunda e definitiva pátria.
Gociante Patissa, 30.10.2017 |
A quem possa interessar na classe jornalística, aqui vão os links que sustentam
a manchete de 26 de Outubro
Para fins de encaixe https://www.namibian.com.na/index.php?page=archive-read&id=144955
(arquivo) Diário | Diz lá, este alambique é de quem é?
"Mais-velho, a pátria está muito
triste com a vossa sabotagem, pá!..."
"Aié, filho?..."
"NÃO ME INTERROMPE, ESTÁS A
OUVIR?!"
"Perdão, chefe."
"Anda! Vá, diz lá, este alambique é
de quem é?"
"É só meu e da tua tia ainda mesmo,
meu filho."
"Quer dizer, a guerrilha ameaça
tudo quanto é fronteira, nós andamos para cima e para baixo na rusga dos
abrangidos para as FAPLA [Forças Armadas Populares de Libertção de Angola]. E
você, em vez de colaborar, fica aí na kazukuta do kaporroto?"
"É porque não tem trabalho, chefe.
Trabalhava na Câmara, agora já está velho..."
"Mas 'velhice' como, se estás ali a
fabricar no alambique toneladas de kaporrroto para enganar o nosso povo?!"
"É porque a tal vida mata com fome,
chefe..."
"Assim a nossa vida já é que está
fácil?! Andas mesmo a gozar com coisas sérias, ó meu caro amigo. Você sabe o
que custa esta farda, o peso da arma e o tacão desta bota? Hã?!"
"Perdão, chefe."
"Quantos garrafões por
semana?"
"Depende só, filho, do farelo, do
açucar, do fermento, da lenha e dos tais bêbados..."
"Isso dá cadeia! Cela sem direito a
visitas. Caramba, pá, ó compatriota! Quer dizer, a pátria esforça-se com as
importações - até nos humilhamos a usar a moeda do imperialismo lá do Reigan, a
porcaria dos dólares - tudo isso, só para ter um pouco para cada um nas lojas
do povo. E o camarada o que é que faz? vai lá com cartão de abastecimento, avia
açúcar e fermento, mas gasta o produto a produzir aguardente caseiro?! Assim
mesmo está bom? Vá, arruma as evidências, que o camião Kamaz está a caminho
para ir à procuradoria."
"Bem, chefe..."
"Isso, só entre nós, mais-velho,
porque o teu crime é contra a pátria, arranja só já dois litros de primeira, eu
vou ver o que posso fazer por ti."
"Desculpa lá, ó filho. Você afinal
veio em nome do trabalho ou para se aproveitar da minha bebida a enganar mais ainda também o tal
povo?"
www.angodebates.blogspot.com |
Gociante Patissa. Katombela, 22 Dezembro 2015
domingo, 29 de outubro de 2017
Onde encontrar livros de Gociante Patissa? | ** Brevemente O HOMEM QUE PLANTAVA AVES - contos
1. se estiver em Luanda, procure a União dos Escritores Angolanos, que é a editora principal (A ÚLTIMA OUVINTE - contos, O APITO QUE NÃO SE OUVIU - crónicas, NÃO TEM PERNAS O TEMPO - novela). Ouvi em tempos que o Kero do Gika tem ainda o livro FÁTUSSENGÓLA, O HOMEM DO RÁDIO QUE ESPALHAVA DÚVIDAS.
2. Estando em Benguela, há livros na Tabacaria Grilo e na livraria Sucam (O APITO QUE NÃO SE OUVIU, NÃO TEM PERNAS O TEMPO).
3. Em Portugal pode contactar a editora NósSomos, de Luandino Viera e Arnaldo Santos, pelo e-mail etutanu@gmail.com (poemário GUARDANAPO DE PAPEL)
4. No Brasil pode contactar a Editora Penalux (ALMAS DE PORCELANA, poesia reunida de Gociante Patissa.
*** Brevemente O HOMEM QUE PLANTAVA AVES - contos
Ainda era só isso. Obrigado https://angodebates.blogspot.com/
sábado, 28 de outubro de 2017
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Divagações | Me desculpa mesmo, Man Torras, mas não podias!
Quatro
jovens promissores, estudantes universitários, três rapazes e uma oposta,
entram no táxi, muito empenhados em debater o país Angola nos temas mais
candentes. Primeiro. O caso o Man Torras, que a mulher foi lhe queixar que lhe
bateu. Porras, pá! Ele mesmo fez muito para o orgulho do país nos tempos em que
jogava futebol no Benfica e na selecção, mas uma coisa é certa. O Man Torras
errou muito ao escolher aquela mulher gorda. Agora viste como ficaram mal na tela da CMTV lá na
tuga? Tem dinheiro mas não tem visão. Uma mulher bem gorda só. Me desculpa só,
Man Torras, mas não podias! Segundo. o Ernesto Bartolomeu, do telejornal. Já
ouviste que ele se separou da esposa? Ah, se separou? Por causa de quê só?
Terceiro. No Lubango tem muitos sítios para pausar sem gastar muito, estou-te a
falar, não duvida só. Aié? Mas eu não conheço Lubango. Só mesmo Luanda, Uige,
Malanje. Porque eu vou te falar uma coisa: eu não tenho isso de ah porque vou
sentir prazer em viajar para as províncias. Só sinto cansaço. Foi uma pena a
corrida ter terminado e com ela o fim da exposição ao manancial de saberes que
residia na fracção do debate universitário sobre rodas. Quem sabe iríamos a tempo de receber, em
primeira mão enquanto plateia, a revelação do tamanho das cuecas do Messi.
Ainda era só isso. Obrigado
www.angodebates.blogspot.com | 27 Outubro
2017
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
(arquivo) Diário | E O SENHOR É JURISTA?
"Bem, caros convidados, daqui a pouco o nosso debate vai ao ar. Poderemos ter intervenção de ouvintes via telefone."
"Estamos prontos, caro senhor jornalista."
"Ora, a si já conheço e... a si também. Desculpe-me o senhor que vem pela instituição X: no seu caso, como quer o apresente?"
"Vou falar na qualidade de jurista... sem problema nenhum!!!"
"E o senhor é jurista?"
"Bem, eu trabalho na Associação como relações públicas, às vezes estafeta, e auxilio na secretaria com arquivos documentais..."
"E qual é a sua formação?"
"Estou a concluir o Médio, mas ainda dei uma pausa."
"Então o senhor não é jurista mas pode falar na qualidade de jurista?"
"A minha esposa é bacharel em Direito..."
"Pronto, não tem problema, vou-lhe tratar pelo nome."
"Você é que sabe, Ok?
Gociante Patissa, Benguela, 15.04.2016 (Adaptação)
www.angodebates.blogspot.com
"Estamos prontos, caro senhor jornalista."
"Ora, a si já conheço e... a si também. Desculpe-me o senhor que vem pela instituição X: no seu caso, como quer o apresente?"
"Vou falar na qualidade de jurista... sem problema nenhum!!!"
"E o senhor é jurista?"
"Bem, eu trabalho na Associação como relações públicas, às vezes estafeta, e auxilio na secretaria com arquivos documentais..."
"E qual é a sua formação?"
"Estou a concluir o Médio, mas ainda dei uma pausa."
"Então o senhor não é jurista mas pode falar na qualidade de jurista?"
"A minha esposa é bacharel em Direito..."
"Pronto, não tem problema, vou-lhe tratar pelo nome."
"Você é que sabe, Ok?
Gociante Patissa, Benguela, 15.04.2016 (Adaptação)
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terça-feira, 24 de outubro de 2017
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
(arquivo) Diário | FALA JÁ: MAS PERDOAS OU NÃO?!
“Ouve, vizinho! Eu vim a bem. Estou aqui
para falar contigo, porque, é assim… na igreja, falaram uma coisa que até agora
não consigo dormir bom sono.”
“Outra vez, vizinha?! Mas você não me
deixa só em paz porquê?”
“É mesmo a paz que me trouxe, homem! Falaram
tudo o que não está perdoado na face da Terra, no céu também não. Se eu morrer
amanhã, não tenho direito ao paraíso.”
“Isso é problema teu!”
“Problema meu? Disseste quê?! O vizinho
está a brincar comigo. Só pode!”
“Não, é engraçado que não estou. As feridas
que me ofereceste ainda não curaram. Volta quando eu tirar o gesso e
continuamos esta conversa.”
“Esperar mais o quê?! Mas o vizinho não
ouviu aquele jovem na televisão, hã, português já não é português na ponta da
língua, engravatado, que falou que o limite de vida do angolano é só 46 anos?
Com 50 anos nos cornos, você pensa que estamos a comer para crescer mais?
Estamos mais é a viver para morrer. Fica já saber!”
“O gesso sai daqui a 45 dias. Nessa altura
você aparece e te digo se já estou em condições de falar de perdão, ou não.”
“E se eu cair amanhã aí na rua, atropelada
como um cão? Já viste o risco de perder o reino dos céus, só porque o torto do
meu vizinho não me quer perdoar? Afinal esta tortice vai-te levar aonde? É por
essa coisa de complicar já muito que se lutamos…”
“Desculpa, não lutamos. Com mulher não
luto. Foi mais uma agressão histérica tua. E porquê? Por ter dito que não era
correcto a vizinha levar para a casa um vaso de flores que todos os vizinhos
contribuíram para enfeitar a rua no dia de Natal”.
“Eu só levei porque não tinha árvore de
Natal em casa… Aliás, mesmo até desde que plantamos a árvore no vaso, como eu
até era a pessoa que mais regava… né?”
“Sim, mas a ideia não era essa. O que é de
todos deve ser decidido por todos.”
“Eu também, se tivesse marido que me
comprasse árvore de Natal, não ia levar para casa o vaso… mesmo a minha prima,
que mora noutro bairro, também construiu quintal e cercou o chafariz do bairro
em casa. Como é solteira, ninguém lhe chateou. O vizinho já como é que tem boca
comprida, viu que sou mulher, queria se meter comigo. Você pensa que a tal
mulherice está espalhada em todo o corpo ou quê? Eu te parto os cornos, ouviu?
Agora estás ali com o braço no gesso.”
“Vizinha, agora, se faz favor, vai tomar
banho, que eu vou descansar, ya?”
“Mas é preciso ressuscitar Mahatma Gandhi
para o vizinho entender? Já naquele tempo ele dizia que o perdão é dos fortes,
os fracos não sabem perdoar.”
“Ah, também chegaste a agredir o coitado
do Mahatma Gandhi?”
“Eu já falei, vizinho. A bem ou a mal,
vais ter que me perdoar. Se for necessário vou lutar outra vez contigo. Daqui é
que não saio sem perdão. Fala já: mas perdoas ou não?!”
www.angodebates.blogspot.com | Gociante
Patissa. Benguela, 30.12.15
sábado, 21 de outubro de 2017
(arquivo) Diário | O PAI JOVEM ESTÁ COM MEDO?
“Boa noite, pai jovem. Atrapalho o parto?”
“Eh, haka!… Mba isso até… hum… Vai-me desculpar só já,
mãezinha, não tenho outra palavra para escalpelizar.”
“Não pede desculpa, filho. O filho até não errou, só tentou
parir aqui…”
“Vai ser pela primeira vez e a última
necessitar maiores aqui…”
“Mas e assim já acabou de cagar, filho?”
“Mãezinha, me desculpa só. Eu não sou bem, bem
daqui. Vinha procurar a minha namorada mas como fiquei apertado, calculo eu que
não ia conseguir namorar sossegado com isso, então vim só já aqui no escuro.
Mas não faço isso sempre. Juro mesmo!”
“Mas o pai é um pouco analfabeto?”
“Até não. Reprovei só duas vezes na décima, mas
para trabalhar estou em altura. Até o curriculum vitae já está no envelope em
casa. Experiência é que…”
“A tua T-shirt é bonita.”
“Obrigado.”
“Essa letra no peito ainda é como?”
“Yes, we can!”
“Isso é língua quê?”
“É inglês. Quer dizer que nós podemos. A mãezinha
será que não acompanhou na parabólica a campanha do Obama? Passou muito na TV,
legenda e tudo.”
“E para ler letreiros com advertência, tipo
‘proibido cagar aqui’, não é possível, pai?”
“É só já ali que falhei. É mais ou menos como já
falei na mãe. Aqui nessa zona é a banda da minha garina. Nesses casos, o meu
amor é sem fronteira. Então, feito que não sei quanto tempo vou ficar com a
namorada, preferi só já necessitar as maiores num instante…”
“Aqui está escrito proibido cagar. Mesmo assim o
pai cagou no meu quintal. Aqui estava limpo mas o pai sujou. Agora assim estás
a entender lá como, ó pai?”
“Mba, isso até…”
“O pai está com medo?”
“Não. Medo, medo até não; é só mesmo já aquele
respeito.”
“Assim ainda é mais fácil…”
“Recolhe só o teu produto, você é que sabe se leva
à mão ou no bolso…”
“MAS COMO ASSIM?! ISSO É ANTI-HIGIÉNICO!!!”
“Aié? E esse monte que está a cheirar assim é que é
pró-higiénico?!”
“Pelo menos só já uma pá, né?!”
“Por acaso o filho tem uma pá no bolso? Não vamos
só nos complicar, ya?! Apanha mais é isso e vai embora, nunca torna mais,
ouviste?!…”
“VÃO À MERDA!!!”
“Merda é o que você fez aqui no meu jardim, filho!
Já esqueceste?…”
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Gociante Patissa, 29 Junho 2017 | Aeroporto Internacional da Catumbela
Uilidade pública | UNIVERSIDADE DE GEORGETOWN (EUA) OFERECE PROGRAMA DE BOLSAS DE ESTUDOS PARA MESTRADO A CANDIDATOS DA ÁFRICA SUB-SARIANA | Candidaturas até Janeiro de 2018
Nota prévia: Sua Excelência Eu cola no parágrafo a seguir a este o
e-mail que recebeu ontem do Public Affairs Office da Embaixada Americana em
Angola. Adianta-se que a inveja de sua excelência eu (por caso até um direito
constitucionalmente legítimo, uma vez que não tem mais aquela idade de
abandonar o emprego para depois
andar com resma de certificados e CV nas axilas em busca de outro) impede-o de
oferecer a habitual tradução de borla do inglês. Dói? Boa sorte para quem for
apurado. Ainda era só isso. Obrigado. Gociante Patissa www.angodebates.blogspot.com
---------------------------------
"The Public Affairs Section of the U.S. Embassy in Angola is pleased to share the attached flyer to who would be interested in this great opportunity. Please read and follow all instructions carefully.
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"The Public Affairs Section of the U.S. Embassy in Angola is pleased to share the attached flyer to who would be interested in this great opportunity. Please read and follow all instructions carefully.
Georgetown University offers a two-year master's degree that is
designed to prepare the next generation of development professionals to work
with public sector agencies, private businesses, and non-profit organizations
involved in international development.
The university offers a full-tuition scholarship for students
from Sub-Saharan Africa who are interested in a career in international
development. The scholarship will be awarded based on the overall strength of
the application with a deadline of January 15. As GHD is a practitioner-focused
program, competitive applicants should have at least one to two years of
experience working in international development or a related field. All
applicants must have completed an undergraduate degree prior to proposed
enrollment.
Thank you,
A... F...
Cultural Assistant
Public Affairs Office
U.S. Embassy Luanda, Angola
Tel: +244 222 641 233
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
MAS LÁ NA SUA CASA NÃO TEM REGRAS?!
"Desculpa, minha senhora. Assim não pode de entrar…”
“Não posso, como?!”
“Do jeito que a senhora está apresentada, é só ler o comunicado da direcção. Por acaso, não mente…”
“MAS ASSIM ESTOU MAL?! ME FALA MESMO, SE CALHAR ESTOU A FICAR CEGA E AINDA NÃO DEI CONTA. ASSIM UMA GAJA ESTÁ MAL?”
“Bem, segundo só a papelada, assim essa blusinha de parto-os-cornos, calções subidos, sinceramente, o comunicado não aprova essa ética…”
“Eu só vou ao ATM, ó senhor segurança!, esse multicaixa que está no corredor, não vou entrar nos escritórios…”
“Mas é isso mesmo. Uma vez que o aviso está na porta desde o ano passado, e outras pessoas já costumam vir aqui e cumprem, então da porta para dentro, do jeito que a senhora está, contraria…”
“Mas esse país também!… Vocês têem de viajar mais, meu senhor! Estão muito atrasados!…”
“Assim atrasado de quê?”
“Em Portugal ainda a pessoa entra nas instituições de fato-de-banho, quase. Aqui é que vão permanecer nestas leis velhas?!”
“Minha senhora, o documento está ali. Lê só, faz favor.”
“NÃO PRECISO DE LER NADA…”
“Então assim não estou a endender. Mas lá na sua casa não tem regras? As visitas não respeitam as tuas regras? Ainda é só isso que quero saber."
“Seja como for…”
“Então… aqui também é a mesma coisa. É só isso, não tem mais nada… Agora, se a senhora, no meu posto, quer me ensinar o contrário, quer só passar por cima, então não estou aqui a fazer nada.”
“Mas eu não sou vossa visita… Eu venho aqui por causa do meu dinheiro que preciso de levantar…”
“Mas o aparelho está dentro de uma instituição. Ou não é isso, senhora? Não sei se está a acompanhar o meu raciocínio…”
“Ouve cá, ó senhor guarda! Eu sou professora. Além de professora, sou uma pessoa formada, sou socióloga. E sei como funcionam as culturas de cada povo. E posso mesmo falar…”
“Eu só estou a cumprir o meu trabalho… Não venho com as ordens da minha esposa em casa… é a ética…”
“Aié? Ética do jeito que estou não posso entrar, né? Você acha que eu não sei que passam a vida a fornicar mulheres nestes gabinetes e a desviar dinheiros? Estão mais é a dar cabo do país, e isso ninguém trava. Agora, uma gaja a vir do ginásio não pode entrar porque fionko, fionko. Vai à merda, pá.”
“Isso até se a senhora está a discutir comigo, é só já falta de compreensão… Fica mais melhor vir amanhã cedo e refilar na pessoa que autoriza as ordens. Mesmo essa parte de fornicar, como a senhora já é que viu, pode também aumentar na conversa. Porque eu aqui só cumpro…”
“Eu sei. Mas você mesmo e a pessoa que dá essas ordens precisam de viajar mais, ouviste?! VÃO SE LIXAR, MAIS É…”
“Mas lá na sua casa não tem regras?!"
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Catumbela 20.10.2017
“Não posso, como?!”
“Do jeito que a senhora está apresentada, é só ler o comunicado da direcção. Por acaso, não mente…”
“MAS ASSIM ESTOU MAL?! ME FALA MESMO, SE CALHAR ESTOU A FICAR CEGA E AINDA NÃO DEI CONTA. ASSIM UMA GAJA ESTÁ MAL?”
“Bem, segundo só a papelada, assim essa blusinha de parto-os-cornos, calções subidos, sinceramente, o comunicado não aprova essa ética…”
“Eu só vou ao ATM, ó senhor segurança!, esse multicaixa que está no corredor, não vou entrar nos escritórios…”
“Mas é isso mesmo. Uma vez que o aviso está na porta desde o ano passado, e outras pessoas já costumam vir aqui e cumprem, então da porta para dentro, do jeito que a senhora está, contraria…”
“Mas esse país também!… Vocês têem de viajar mais, meu senhor! Estão muito atrasados!…”
“Assim atrasado de quê?”
“Em Portugal ainda a pessoa entra nas instituições de fato-de-banho, quase. Aqui é que vão permanecer nestas leis velhas?!”
“Minha senhora, o documento está ali. Lê só, faz favor.”
“NÃO PRECISO DE LER NADA…”
“Então assim não estou a endender. Mas lá na sua casa não tem regras? As visitas não respeitam as tuas regras? Ainda é só isso que quero saber."
“Seja como for…”
“Então… aqui também é a mesma coisa. É só isso, não tem mais nada… Agora, se a senhora, no meu posto, quer me ensinar o contrário, quer só passar por cima, então não estou aqui a fazer nada.”
“Mas eu não sou vossa visita… Eu venho aqui por causa do meu dinheiro que preciso de levantar…”
“Mas o aparelho está dentro de uma instituição. Ou não é isso, senhora? Não sei se está a acompanhar o meu raciocínio…”
“Ouve cá, ó senhor guarda! Eu sou professora. Além de professora, sou uma pessoa formada, sou socióloga. E sei como funcionam as culturas de cada povo. E posso mesmo falar…”
“Eu só estou a cumprir o meu trabalho… Não venho com as ordens da minha esposa em casa… é a ética…”
“Aié? Ética do jeito que estou não posso entrar, né? Você acha que eu não sei que passam a vida a fornicar mulheres nestes gabinetes e a desviar dinheiros? Estão mais é a dar cabo do país, e isso ninguém trava. Agora, uma gaja a vir do ginásio não pode entrar porque fionko, fionko. Vai à merda, pá.”
“Isso até se a senhora está a discutir comigo, é só já falta de compreensão… Fica mais melhor vir amanhã cedo e refilar na pessoa que autoriza as ordens. Mesmo essa parte de fornicar, como a senhora já é que viu, pode também aumentar na conversa. Porque eu aqui só cumpro…”
“Eu sei. Mas você mesmo e a pessoa que dá essas ordens precisam de viajar mais, ouviste?! VÃO SE LIXAR, MAIS É…”
“Mas lá na sua casa não tem regras?!"
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Catumbela 20.10.2017
(arquivo) Diário | Eu sei que você é polícia mas também é homem, ou estou enganado?
“Ó
SENHOR!, DAQUI A POUCO EU VOU-TE ALGEMAR JÁ POR DESACATO, VAIS VER. TÁ A
ENTENDER?!”
“Com todo o respeito, senhor agente, o assunto não te pertence…”
“Com todo o respeito, senhor agente, o assunto não te pertence…”
“MAS VOCÊ SABE QUEM SOU EU?! FILHO DA MÃE, PÁ! QUER DIZER, O SENHOR FICA ALI A
LADRAR NOS CORREDORES DO HOSPITAL, A PERTURBAR O SILÊNCIO MEDICINAL E A
DEONTOLOGIA, HÃ!, E QUANDO TENTO – NA MINHA QUALIDADE DE CHEFE DE POSTO –
COLOCAR AS COISAS NO SEU SENTIDO LUGAR… VOCÊ DIZ QUE A TUA CONFUSÃO NÃO ME DIZ
RESPEITO?!”
“Eu estou a discutir só o meu filho, não se mete
só!… Há coisas que um homem não pode aceitar, senão assim valapena só morrer… ”
“E VOCÊ ACHA QUE ESTOU AQUI A FAZER O QUÊ?! QUER
DIZER, SUA EXCELÊNCIA O COMANDANTE MUNICIPAL QUE ME NOMEOU É QUE FOI BURRO,
NÉ?!”
“Ó senhor agente, você também é quê?! Sem farda a
gente se surra mesmo pacificamente…”
“Ó MEU CAMARADA!, ESTE É O PROBLEMA DA PAZ… VOCÊ
ASSIM ESTÁ JÁ A PENSAR QUE EU SOU ESSES KAPOLÍCIA DE 2002, NÉ? QUALQUER DIA
VIRAS DEFUNTO SEM SABER. EU ENTÃO EMPURREI CAPIM, OUVISTE? NAQUELE TEMPO, UM
GAJO TE ENFIAVA UM TIRO NOS CORNOS E JÁ IAS VER O VALOR DA FARDA, A DOÇURA DA
BALA. AGORA CHEGA! DÁ-ME CÁ A PORCARIA DAS MÃOS, PÁ!…”
“Assim já é por causa de quê? Me algemar, eu?!
Assim quem que te deu essas confianças?! Eu então nunca me fizeram isso na
vida. Estou a avisar, muito cuidado comigo então, ó chefe..."
"CALADO, XÊ! VOU PERDER A EDUCAÇÃO CONTIGO,
FALTA POUCO. AGORA, NAS ALGEMAS, FALA MAIS..."
"Ai!, esta porcaria dói como!... Desculpa,
senhor agente, já estou calmo. Perdoa, pai. Me tira só as algemas, o meu filho
está a morrer na reanimação e o corno está a se aproveitar…”
“TARDE E MAL HORA. ESTOU A LAVRAR A OCORRÊNCIA,
ALGEMA TIRAM LÁ NO COMANDO. MAS O QUE SE PASSA AFINAL?”
“É assim, meu irmão. Eu sei que você é polícia mas
também é homem, ou estou enganado?"
"ATENÇÃO, SEM MANIPULAÇÃO DE SENTIMENTALISMOS,
OK?!"
"O chefe não ouviu quando a ambulância entrou
com grave?"
"SIM."
"Aquilo é meu filho, chefe. Estamos a vir do
nosso interior. A minha mãe, a mãe da criança, o meu cunhado da parte da mulher
comigo."
"E?"
"Chefe, já viu isso?"
"O QUÊ?"
"Na hora que estão a pedir transfusão, o meu
sangue – como pai da criança – é diferente. Agora sangue do primo da mulher é
que vai ser igual?! Afinal é por isso que abandonou ainda o trabalho para nos
ajudar a vir com a criança no hospital, né?..."
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Lobito, 02 Agosto 2017
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Lobito, 02 Agosto 2017
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
terça-feira, 17 de outubro de 2017
Divagações | DECLARAÇÃO DE INTERESSE | A propósito do defunto GRECIMA
O assunto
do mês será sem sombra de dúvidas a exoneração de Manuel Rabelais e a consequente
extinção do GRECIMA, acrónimo de (Gabinete de Revitalização e Execução da
Comunicação Institucional e Marketing da Administração). As competências, gestão
do património e recursos humanos, segundo o comunicado difundido ontem, passam
para a esfera do Secretário do PR para a comunicação, o meu bom confrade Luís
Fernando.
João
Lourenço (JLo) fez e vai fazendo de facto história enquanto timoneiro do novo
executivo com estas mexidas de quadros e sectores, procurando alinhar a
caminhada ao discurso de campanha, consubstanciado em "Corrigir o que está
mal e melhorar o que está bem".
Sua
excelência eu, que carrega uma aversão congénita à pessoalização de líderes,
dado o risco de alimentar aquele endeusamento ou o seu oposto, a diabolização, decorrente
do elevar de líderes a um patamar acima das instituições, prefere considerar
que se trata de uma estratégia do partido que serve de substrato à liderança.
Também não alinha sua excelência eu numa alegada caça às bruxas, que vem sendo
aventada nesta era das redes sociais em que cada internauta (assumido ou
anónimo) já nasceu detentor de todas formações e informações.
Quanto ao
GRECIMA, o meu lado de jornalista (que preferiu ganhar o pão em outro ramo)
considera pertinente o fim do seu papel, pois a sobreposição de entidades
tutelares não facilitava a já complexa questão da autonomia do profissional de
informação, que tinha de levar em linha de conta a existência do conselho de
administração do órgão a que pertencia, o ministério da comunicação social e
indirectamente os serviços de imprensa e cultura do PR. Querendo ou não, a
auto-censura só podia sair ainda mais nutridinha.
Já por
outro lado, manda a coerência intelectual, neste ponto da nossa história,
proceder a uma declaração de interesse. Através do concurso literário público
para a Bolsa Ler Angola, de âmbito nacional, campanha AMO ANGOLA, o escritor Gociante Patissa remeteu em 2013 o original
de contos FÁTUSSENGÓLA, O HOMEM DO RÁDIO QUE ESPALHAVA DÚVIDAS, no segmento
considerado novos autores, tendo sido uma das 11 obras apuradas por um painel
de júri multidisciplinar.
O GRECIMA, dono da iniciativa, cuidou da edição (2 mil e 500 exemplares, como preço de capa de quinhentos kwanzas), publicação no ano de 2014, distribuição pela rede Kero e promoção do livro através de spots no Canal 2 da TPA durante um ano. Recebeu ainda o autor, via banco, o prémio pecuniário de 250 mil kwanzas pelos royalties, mais 60 por cento das vendas, por sua vez geridas pela Texto Editores, o que totalizou perto de 400 mil kwanzas. Portanto, o GRECIMA poderá ter feito pela promoção da literatura em três anos de existência muito mais do que algumas instituições vocacionadas no ramo.
O GRECIMA, dono da iniciativa, cuidou da edição (2 mil e 500 exemplares, como preço de capa de quinhentos kwanzas), publicação no ano de 2014, distribuição pela rede Kero e promoção do livro através de spots no Canal 2 da TPA durante um ano. Recebeu ainda o autor, via banco, o prémio pecuniário de 250 mil kwanzas pelos royalties, mais 60 por cento das vendas, por sua vez geridas pela Texto Editores, o que totalizou perto de 400 mil kwanzas. Portanto, o GRECIMA poderá ter feito pela promoção da literatura em três anos de existência muito mais do que algumas instituições vocacionadas no ramo.
De realçar que dominar
os meandros do orçamento global daquela instituição sustentada pelo Orçamento
Geral do Estado escapa ao escopo de minha relação com o GRECIMA. Quaisquer
dúvidas e omissões serão dirimidas pela história. A transparência libertar-nos-á
e sua excelência seguirá pautando pela “Humildade, Justiça e Solidariedade”. Ainda
era só isso. Obrigado.
Gociante Patissa | Benguela, 17 Outubro 2017 | www.angodebates.blogspot.com
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
domingo, 15 de outubro de 2017
Citação
“A
separação de talento e habilidade é um dos piores conceitos para as pessoas que
estão tentando se sobressair, que têm sonhos, que querem fazer as coisas.
Talento você tem naturalmente. Habilidade só é desenvolvida por horas e horas
de prática.”
“Eu realmente nunca me vejo como particularmente talentoso. Onde
eu me sobressaio é ridículo, revoltante, ética de trabalho. Enquanto o outro
está dormindo, eu estou trabalhando. Enquanto o outro está comendo, eu estou
trabalhando.”
“Não há nenhuma maneira fácil em torno disso. Não importa o
quanto você é talentoso, seu talento vai falhar se você não estiver
qualificado. Se você não estudar, se você não trabalhar muito e se dedicar a
ser melhor a cada dia.”
"Na vida, cada pessoa esforça-se para atingir as suas
metas; as pessoas de sucesso vão um passo além, elas sacrificam-se."
(Will Smith, actor americano, do filme “À Procura da
Felicidade”)
sábado, 14 de outubro de 2017
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
Publicidade altruísta | Da parte de um amigo que estendeu a mão a sua excelência eu quando precisou em similar circunstância, vem o anúncio da venda desta máquina fotográfica da marca Nikon Coolpix L340, categoria Bridge, nova em folha ao preço de 120 mil kwanzas, funciona a 4 pilhas e inclui um pequeno monopé. Os interessados deverão solicitar em off informações sobre o proprietário e as formas de negociação. Ainda era só isso. Obrigado
Prestação de contas | Em nome do povo angolano, os serviços de apoio de sua excelência eu levam ao conhecimento da comunidade internacional, com conhecimento de Kim Jong-un e do chefe de estado do planeta Marte, que foi hoje nomeado e concomitante empossado o novo proprietário da máquina fotográfica Nikon que esta publicidade fazia referência. Assim sendo, dá-se por encerrado o assunto. Ainda era só isso. Obrigado
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
Divagações | Um kapedido só ao kota Celso, agora número dois no Ministério da Comunicação Social, ya?
No dia em que os noticiários propagaram a nomeação do comunicólogo Celso Malavoloneke (CM) para o cargo de Secretário de Estado do Ministério
da Comunicação Social (cargo equivalente a vice-ministro), sua excelência eu
"embrulha" os parabéns na memória deste encontro que "se dei" com a
excelência dele ali pelas bandas do São Paulo, em Luanda, no 31-08-2016. CM
junta-se, assim, ao jornalista e escritor João Melo, recém-nomeado Ministro da
Comunicação Social, cujo perfil reacende a esperança de se introduzir uma
reformulação dos conteúdos e postura dos órgãos de comunicação social públicos.
Católico fervoroso e antigo quadro das nações unidas, fora a passagem recente
por distintos sectores do governo enquanto assessor, tem um sobrenome
proverbial que na língua Umbundu significa Filhos do Tempo, o que pode tanto
ser interpretado como alguém que persevera a meio a turbulências da vida ou
então, num prisma diferente, alguém cujos caminhos residem no enigma do tempo.
Estamos a falar de Malavoloneke (assim grafado mas para se ler
/mã-lã-vo-lo-ne-ke/), sobrenome entretanto lido (no som ruidoso da já habitual
tendência aportuguesadora dos nossos locutores) como /mala-vo-lo-ne-ke/ (quando
na verdade nada tem que ver com malas, mas sim mãlã, significa filhos). Quanto
ao kapedido, que não é original, é só não colocar fora da agenda a idosa
esperança de abertura da Rádio Ecclesia em Benguela, que mais tarde se reinventou
como Diocesana, ya? Ainda era só isso. Obrigado hahaha
www.angodebates.blogspot.com
www.angodebates.blogspot.com
terça-feira, 10 de outubro de 2017
Sua excelência eu e a excelência dele João Assis Gonçalves Neto de barriguinhas salientes na sequência da degustação, no seu excelentíssimo lar e das prendadas mãos de sua excelente filhota, de um bom peixe tombwense (imaginando que o termo exista) regado de muito boa conversa. Não me gabo, o homem é hospitaleiro dos bons. Já agora e antes que me esqueça, não vale a inveja, posto que uma tal oportunidade não é questão de idade, mas sim de andar. Até porque a estrada, impecavelmente alcatroada por quem de esquerdo, para além de ainda estar no mesmo lugar, não impede ninguém. A impressão que fica é que no Tombwa, não fica nada bem dedicar a um finado o tradicional "descansa em paz", tal é o peso das areias com que as dunas asfixiam as campas. seja como for... Ainda era só isso. Obrigado
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
quinta-feira, 5 de outubro de 2017
Diário | Mas já foste ao quarto dele. Ou não?
(I)
“Mas,
filha! Esse vosso namoro afinal é como, tanto tempo que até já passou – estou a
contar mesmo bem – do total dos anos que andou cá o colono português?”
“Assim
mais é o quê?! A mãe também chateia muito…”
“Chateia?
Mas isso mesmo é homem, que nunca só dá pelo menos a cara nas pessoas que
trouxeram ao mundo a miúda que constantemente faz com ele…”
“MÃE!,
faxavori, para só, ya? Estou a ver já aonde estás a ir com a conversa…”
“Estou
cansada, filha! Você dorme com inimigo. Porque é essa a palavra. Ah porque
fomos no KFC; ah, ah porque jantamos no Angry Lion. Ó filha, já viste como entre
você e o frango não há diferença? É só comer… não se pergunta mais os pais…”
“Não
exagera só mãe. Ele vai cumprir com a tradição. Há-de chegar o dia…”
“Esse
dia então é quando?! Mas já foste ao quarto dele. Ou não?”
“Claro
que já, né, mãe?!”
“E
quem construiu a casa?”
“Mas
para quê que vou saber isso… se não sou pedreira?”
“Estás
a ver as nossas filhas?… É só ku-duro nesta cabeça… Lá ninguém te valoriza,
senão te contavam a história da família.”
(II)
“Mãe!
Não viste a visita?! É assim que se atende?! Depois fala que não apresento…”
“Este
assim é quem? É outro que veio cobrar a dívida do cabelo brasileiro que a alma
d’outro mundo que te namora promete assumir mas nunca chega a pagar?”
“MÃE!
Ca-la-a-boca! Por favor, não me faças entrar no chão…”
“Será
que falei demais, né?…”
“É
ele…”
“Ele
mais quem, então?”
“O
meu boy. Finalmente estás de cara-à-cara com ele! Boy significa namorado.”
“Ah,
entendi. Namorado que só ocupa não toma decisão de casar então é boi, né?”
(III)
“Muito
prazer, mãezinha.”
“Demais,
até. Imagino. E como se chama o filho?”
“Nascimento
da Cunha…”
“Ah,
quer dizer que o jovem é que está a estragar o país, né?…”
“Como?”
“Comendo
lá ou não, filho, Angola ficou marreca de tanto levar a cunha na cabeça…”
“Hahahah.
Adoro o sentido de humor da mãe…”
“E o
filho Falecimento trabalha?”
“Nascimento!”
“Ah,
desculpa. Nascimento, Falecimento, tudo passa no viver. Trabalha aonde?”
“Na
ENDE e colaboro com a RNT… Sou despachador-chefe. Ligamos e desligamos as
linhas de luz consoante solicitação de corte para restrições de racionalização…”
“Afinal
é o pai que fez queimar a minha arca do negócio de gelado de múkwa?”
“Não
é por aí, mãezinha…”
“ACABOU!
JOVEM! EM NOME DO POVO ANGOLANO, SAI AGORA MESMO DA MINHA CASA, OK?!”
(arquivo) Diário | Entre as desculpas e a cadeira assim vou escolher lá o quê?
"Pai sogro! - primeiro ainda bom
dia, né? - É como o passado?"
"Não!, por acaso, mesmo com a
ressaca daquele copo que pagaste ontem sem maneiras, ainda o passado lhe
passamos bem, conforme é possível com a graça e companhia dos engraçados. Assim
é escovar o álcool da boca e ir trabalhar..."
"Para ganhar o pão, não é isso?"
"Não!, por acaso! Se bem que o tal
pão já sai com bolor do próprio forno..."
"Pão novo com bolor, meu
sogro?"
"Salário sem poder de compra, meu
genro?"
"Ah, é verdade. Ainda pensei que é
mais uma das àtoíces de falar do pai sogro. Porque o pai quando pega para
errar... Mas é assim, vamos ainda deixar o politiquismo para os que estudaram,
meu sogro..."
"Não!, aí falaste, meu
filho!..."
"Eu madruguei para vir pedir
desculpas. Dizem que ontem não aguentei na chupeta, aterrei na cadeira, depois
caí e a cadeira partiu-se toda..."
"Ah, afinal? Meu genro, entre as
desculpas e a cadeira assim vou escolher lá o quê?! Não vamos se complicar, meu
filho, compra só outra no lugar..."
"Assim o meu próprio sogro, hã, pai
da minha mãe, - sim, porque esposa é como uma mãe, ou estou errado? - é verdade
o meu sogro vai-me fazer pagar?!"
Gociante Patissa. Aeroporto
Internacional da Catumbela, 08 Junho 2016
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Just a question
Falaram só bwé. Ah porque jornalista enricou a chantagear empresários e dirigentes. Cansaram-nos só com bwé de áudio/denúncias a circular nas redes sociais. Hoje quase tudo é silêncio. Nem justiça nem desmentido. Assim já que lição é que fica para a sociedade?! Será que a voz até era dele mas a cara (de pau) não? Ainda era só isso. Obrigado
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
domingo, 1 de outubro de 2017
Crónica | O quinto amor
Foto sem identificação de autor |
Saltou do banco corrido de idosa madeira
em que andava estendido em posição cadavérica com uma gargalhada de não
coincidir com nada mais próximo. Caía a noite, longa noite de pós-enterro. O
Mateus, neto de Gociante Kapiñãlã, este, desistira dos seus trinta e quatro
anos. Já não está entre nós. Reitera, tautóloga e afónica, a velha Flora.
Calma, mãe, que isto há-de ser mentira. O breu segue o seu segundo dia de
eficácia no subúrbio, três geradores domésticos bons de bufar, fala-se em vela
gasta. Enquanto isso, nos céus, clarões e explosões anunciam obesas gotas sobre
o salgado chão. Vai ser chuva. E a chuva do Lobito que gosta de aparecer nos
noticiários. Lá o homem continuou na sua alegria, mais ou menos incontida,
decidido a contagiar em tal toada os demais, na sua maioria mulheres que, não
obstante tomarem por inconveniente o estado de alma do homenzinho, eram afinal
as responsáveis, ou não tivesse passado por mãos prendadas destas o agente
excitador. O feijão. Eu amo muito o feijão. Assim anunciou ele, não cabendo em
si de contente, no momento em que entregava o prato para se lhe ser aviado.
Mais que a cunhada?! Retorquiu uma voz da copa. Muito mais. A mulher, para mim,
é o quinto amor. O silêncio não podia ser mais reprovador. Esperem, eu vou
explicar. Assim, então, ao invés de casar a filha alheia, uma vez que amas mais
o feijão, não faria mais sentido ficares com só com um hectare? Não! É assim:
primeiro, amo o feijão. Depois amo o jogo; porque eu não vou fazer que o meu
Primeiro de Agosto ou Real está a jogar, e a mulher fica a me chatear para lhe
prestar atenção… Xê, oh coisa, se põe no teu lugar! Bom, em terceiro, amo o
rio, porque gosto muito de beber água. Quarto, amo o ar, porque é preciso
respirar. Depois já é que vem a mulher. As senhoras da copa, generosas em
calibrar aquele feijão de fundo queimado típico de panelonas de óbito, não
podendo, por pudor imposto pela cultura, verbalizar o mais fácil de especular,
mantiveram uma abstenção, certamente a muito custo. Já eu, ora pois, até agora
vou, na minha cabeça, a contabilizado sobre a testa do emissor o número de
suplentes que lhe fazem a vez em cada ciclo do quinto amor. Talvez um vizinho a
concorrer com o feijão, outro com o futebol, um terceiro com o rio (por que não
um colega na vez do oxigénio?) Enfim… Viva o feijão.
Gociante Patissa | Lobito, 30 Setembro 2017 | www.angodebates.blogspot.com