“Ó
SENHOR!, DAQUI A POUCO EU VOU-TE ALGEMAR JÁ POR DESACATO, VAIS VER. TÁ A
ENTENDER?!”
“Com todo o respeito, senhor agente, o assunto não te pertence…”
“Com todo o respeito, senhor agente, o assunto não te pertence…”
“MAS VOCÊ SABE QUEM SOU EU?! FILHO DA MÃE, PÁ! QUER DIZER, O SENHOR FICA ALI A
LADRAR NOS CORREDORES DO HOSPITAL, A PERTURBAR O SILÊNCIO MEDICINAL E A
DEONTOLOGIA, HÃ!, E QUANDO TENTO – NA MINHA QUALIDADE DE CHEFE DE POSTO –
COLOCAR AS COISAS NO SEU SENTIDO LUGAR… VOCÊ DIZ QUE A TUA CONFUSÃO NÃO ME DIZ
RESPEITO?!”
“Eu estou a discutir só o meu filho, não se mete
só!… Há coisas que um homem não pode aceitar, senão assim valapena só morrer… ”
“E VOCÊ ACHA QUE ESTOU AQUI A FAZER O QUÊ?! QUER
DIZER, SUA EXCELÊNCIA O COMANDANTE MUNICIPAL QUE ME NOMEOU É QUE FOI BURRO,
NÉ?!”
“Ó senhor agente, você também é quê?! Sem farda a
gente se surra mesmo pacificamente…”
“Ó MEU CAMARADA!, ESTE É O PROBLEMA DA PAZ… VOCÊ
ASSIM ESTÁ JÁ A PENSAR QUE EU SOU ESSES KAPOLÍCIA DE 2002, NÉ? QUALQUER DIA
VIRAS DEFUNTO SEM SABER. EU ENTÃO EMPURREI CAPIM, OUVISTE? NAQUELE TEMPO, UM
GAJO TE ENFIAVA UM TIRO NOS CORNOS E JÁ IAS VER O VALOR DA FARDA, A DOÇURA DA
BALA. AGORA CHEGA! DÁ-ME CÁ A PORCARIA DAS MÃOS, PÁ!…”
“Assim já é por causa de quê? Me algemar, eu?!
Assim quem que te deu essas confianças?! Eu então nunca me fizeram isso na
vida. Estou a avisar, muito cuidado comigo então, ó chefe..."
"CALADO, XÊ! VOU PERDER A EDUCAÇÃO CONTIGO,
FALTA POUCO. AGORA, NAS ALGEMAS, FALA MAIS..."
"Ai!, esta porcaria dói como!... Desculpa,
senhor agente, já estou calmo. Perdoa, pai. Me tira só as algemas, o meu filho
está a morrer na reanimação e o corno está a se aproveitar…”
“TARDE E MAL HORA. ESTOU A LAVRAR A OCORRÊNCIA,
ALGEMA TIRAM LÁ NO COMANDO. MAS O QUE SE PASSA AFINAL?”
“É assim, meu irmão. Eu sei que você é polícia mas
também é homem, ou estou enganado?"
"ATENÇÃO, SEM MANIPULAÇÃO DE SENTIMENTALISMOS,
OK?!"
"O chefe não ouviu quando a ambulância entrou
com grave?"
"SIM."
"Aquilo é meu filho, chefe. Estamos a vir do
nosso interior. A minha mãe, a mãe da criança, o meu cunhado da parte da mulher
comigo."
"E?"
"Chefe, já viu isso?"
"O QUÊ?"
"Na hora que estão a pedir transfusão, o meu
sangue – como pai da criança – é diferente. Agora sangue do primo da mulher é
que vai ser igual?! Afinal é por isso que abandonou ainda o trabalho para nos
ajudar a vir com a criança no hospital, né?..."
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Lobito, 02 Agosto 2017
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