O escritor Gociante Patissa foi o convidado da
edição de 30.11.2016 do programa Zona Jovem, realizado e conduzido por Gilceu
de Almeida na Rádio Benguela, para falar do seu trabalho, com principal
incidência na sua participação na Feira Internacional do Livro de Frankfurt,
onde esteve a representar a União dos Escritores Angolanos num grupo de 22
países visitantes internacionais, de 17 a 23 de Outubro 2016, a convite do
Goethe -Institut / Embaixada Alemã / Ministério Alemão dos Negócios
Estrangeiros.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Áudio/Debate | A participação dos jovens no desenvolvimento das suas comunidades
O programa Tudo à Noite, conduzido por Aldemiro
Cussivila na Rádio Benguela, debateu ontem (28/11/16) sobre "A
participação dos jovens no desenvolvimento das suas comunidades",
convidando um painel constituído por Júlio Brito (médico), Vicente Neto
(estante universitário do curso de direito) e Gociante Patissa (escritor)
Colectânea de contos de Natal chega em breve às bancas
Uma colectânea de contos destinados tanto ao
público infanto-juvenil como aos leitores mais adultos está em fase
acelerada do seu processo gráfico. Com ilustrações de Lito Silva e textos de
cinco escritores, designadamente, Luís Fernando (que coordena a colectânea),
Eduardo Águaboa (a residir em Portugal), Cremilda de Lima, Onélio Santiago
(ambos de Luanda) e Gociante Patissa (a residir em Benguela), o livro sai sobchancela da Mayamba Editora, com sede em Luanda, e conta com
o patrocínio de uma marca angolana do ramo de refrigerantes. O assunto foi
tornado público no passado dia 25 de Novembro, através da coluna que o escritor
Luís Fernando assina no jornal O País, sem no entanto revelar o título da
colectânea nem a data prevista para o seu lançamento. "O livro de contos
de Natal a pedido do meu amigo (na verdade, uma amiga), ficou feito no
curtíssimo tempo de uma semana. A dificuldade, extrema no caso, aguçou tudo o
que era preciso aguçar no mecanismo complexo do cérebro", frisou.
Citação
«Não vejo que haja uma oposição entre humor e
levar as coisas a sério. Há aquela frase que as pessoas dizem, ‘Hey, não se
brinca com coisas sérias’, eu acho que isso não podia estar mais errado. Só se
brinca com coisas sérias, caso contrário não vale a brincar» (Ricardo Pereira
Araújo, humorista português. In msn, hoje)
sábado, 26 de novembro de 2016
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Divagações | Das várias mensagens que me chegam para avaliar livros em carteira
São muitas as mensagens que recebo de
compatriotas (regra geral desconhecidos e alguns sem fotos até) a quem desde já
gostaria de elogiar pelo sentido de irem directamente ao ponto. Depois do olá,
dizem-se logo autores de uns textos, rabiscos, projectos (os termos diferem mas
o objectivo é o mesmo) que gostariam de submeter à minha leitura/avaliação (e
quem sabe ajudar a publicar). Como não é possível responder a cada um, faço-o aqui de forma pública.
Infelizmente não encontro nem tempo nem energia nem aptidão para esse exercício
de crítico literário, por um lado. E fico ainda mais preocupado, por outro
lado, pois na maior parte dos casos, percebo que o pedido de ajuda/orientação
vem de almas que ainda não leram um único livro que eu tenha publicado, o que
só pode concorrer para o risco de se criar uma expectativa irrealista quanto ao
meu nível/potencial como escritor. Há que ressaltar que a minha leitura
baseia-se no puro gosto e sensibilidade e na pouca experiência de auto-didacta
crónico, não tendo nesta ordem de ideias qualquer autoridade académica. No ano
prestes a terminar, por exemplo, só consegui ler mais ou menos quatro projectos
de livro (dois de contos, um de poesia e um ensaio) das gavetas de confrades
com os quais tenho alguma relação de confiança (é sempre melindroso opinar
sobre um trabalho criativo). Para terminar, ficam as desculpas de quem não se
dedica exclusivamente à literatura e tem de conciliar o dia-a-dia com a ocupação
profissional (num ramo que pouca margem deixa para leituras). Se eu tivesse
mais tempo a dedicar ao exercício altruísta de parar a minha própria oficina de
ler e escrever para só cuidar dos pedidos, certamente o faria. Ainda era só
isso. Obrigado.
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
(arquivo) Just a question | ARTESÃO OU ARTISTA?
Perguntei, em tempos, a um famoso escultor e artista plástico sobre a diferença entre “o artista” e “o artesão”. O que retive de sua resposta foi que o artesão produz para vender, vindo daí a existência de milhares e milhares de peças de "o pensador", onde o que manda é a vontade do cliente. Por sua vez, o artista segue a sua intuição e, embora no final almeje comercializar, é a sua voz interior que prevalece, preocupando-se não apenas com a dimensão estética, mas também a originalidade. Difícil passou a ser para mim achar a caracterização justa para o velho Kacitoto [kat∫ito:to], escultor da comuna da Equimina, município da Baía Farta (décadas de 80 e 90), cujas obras marcaram até muito recentemente a decoração da nossa casa. Calhava às vezes um cliente gostar de uma determinada peça. Mas era inútil pedir que produzisse uma réplica. Aliás, até o camarada comissário/administrador comunal, Victor Manuel Patissa (1946-2001), respeitava tal condição. Ninguém o encomendava preferências, bastava solicitar estátua, que o tipo e forma ficavam por conta do que viesse ao imaginário do mestre durante o sono. E foi sempre respeitada a vontade do mestre Kacitoto, iletrado e sem a noção científica de filosofia da arte. Neste caso, era artista ou artesão?
Gociante Patissa
PS: Não tenho a certeza que a escultura da foto seja da autoria do velho Kacitoto
www.angodebates.blogspot.com
Repassando ainda a preocupação alheia e não só
Nzeto pra Luanda = 262km
Luanda pra Nzeto = 262km
Luanda pra Nzeto = 262km
Rés-do-chão pra 10° andar =10 andares
10° andar pra rés-do-chão = 10 andares
10° andar pra rés-do-chão = 10 andares
Segunda-feira pra Domingo = 6 dias
Domingo pra segunda-feira = 1 dia!!!
*Mas porquêeeeee??????*😰😰😰
Domingo pra segunda-feira = 1 dia!!!
*Mas porquêeeeee??????*😰😰😰
domingo, 20 de novembro de 2016
Crónica | Haja êxtase a lá SIC...
Por Isaac Paxe, Luanda, 19/11/2016
Qualquer um de nós na condição de cidadão decide indignar
se com a gestão da República. Compreende a necessidade de discutirmos o país.
Precisamos criar bases sustentáveis assentes na justiça para invertermos o
buraco em que nos meteram aqueles que desde o tempo dos movimentos auto
declaram-se detentores dos nossos destinos. E pior ainda quando um grupo
decidiu governar sozinho, e outros decidiram o olho por olho, dente por dente.
Esse que governou pensou e sentiu se quase deus.
É com esse histórico que corrói a minha fé que assumo a
minha condição de cidadão e predisponho-me lutar. Puxa, a Luta Continua
mesmo... não era só jajão. Eles sabiam das coisas. E lá vou eu lutador pelas
liberdades e pelos direitos. A minha realidade alcançada pelos olhos revolta me.
Os relatos dos meus concidadãos nas redes sociais e também os que chegam pelas
Rádios FMs são tônicos para a luta. Os órgãos oficiais revoltam me por no seu
extremo enaltecedor cantarem e pintarem uma realidade de laboratório.
Mas na realidade da vida quotidiana, a UCAN com os seus
relatórios sociais vão nos dando indicadores do estado de facto das coisas. A
Mosaico e o CICA vão dando também os seus subsídios. Eles geralmente destapam a
pobreza. Mostram a sua geografia, cor, idade, padrão.....Como não vivemos só do
social, outras Organizações como a AJPD, a Omunga, o NDI, o OPSA, a ADRA....
vão criando uma base de dados concreta sobre o Estado da Nação. As Agências das
Nações Unidas nos seus ritmos e interesses também viram produtores das imagens
dessa realidade.
Para nosso espanto, o nosso cidadão
"conscientemente" indignado não recorre à essa base de dados para
compreender o país e daí saber que projectos defender ou propor. Raramente
enchem as salas em que esses relatórios são apresentados e discutidos. Não,
essa realidade é exigente demais. Requer pensar e construir proposições
fundamentadas. Não, isso é muito "politico". Cidadão indignado é
aquele que aponta o dedo. Ganha coragem e assume o risco de ter voz. É preciso
"bater" feito Ku-duro da vez.
sábado, 19 de novembro de 2016
UMA PEQUENA RAZÃO PARA CELEBRAR (OU NEM POR ISSO)
Recebi o e-mail do departamento de educação de uma instituição prisional de Califórnia, Estados Unidos da América, no sentido de autorizar o uso do conteúdo dos meus blogs www.angodebates.blogspot.com e www.ombembwa.blogspot.com (artigos, literatura e videos) para o ensino da língua portuguesa como língua segunda. Devo escrever manifestando a formalização da minha autorização para o efeito. O pedido vem de planificadores de conteúdos para o ensino de língua estrangeira dirigido a instituições académicas e a quadros do governo dos EUA. Ora, estou nisso de blogs há 10 anos e são destes incentivos inesperados que nos levam a recuar sempre quando bate aquela vontade de desistir. Em princípio não há qualquer contrapartida além da referência da fonte e do autor. Ainda era só isso. Obrigado. Assina: sua excelência eu.
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
(arquivo) Citação
"Tens que ter sempre um mil. Você não pode deixar a mulher tocar no teu telefone. Quando ela falar 'amor, deixa fazer uma chamada', você diz 'toma dinheiro, compra saldo para ti, amor'. É assim, meu, fica esperto" (amigos conversando no bar, 17.11.12. Lobito).
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Crónica | A caneta explosiva
Tive
a missão de representar Angola, de 17 a 23 de Outubro, na edição deste ano da
Feira Internacional do Livro de Frankfurt, capital comercial da Terra de
Gutenberg (antes arrolar este na elegia perifrástica do que aquele cujo apelido
começa com H). Representar Angola é uma forma convencional de colocar as
coisas, sabendo-se que não houve qualquer referendo para sondar a vontade dos
demais, que até já vão em número superior a 20 milhões, a fazer fé no recente censo
populacional.
A
ida resultou de um convite feito à União dos Escritores Angolanos pela
Embaixada Alemã em Luanda, tendo o domínio do inglês papel determinante no
crivo do Goethe-Institut, que investe na divulgação da imagem do sector editorial
no seu país através de conferências e algumas excursões. Este ano foram 22
países representados por escritores, jornalistas, editores, gestores culturais
e livreiros.
Para
quem um dia presenciou a 26.ª edição da Feira Internacional do Livro de
Jerusalém, em 2013, e no mesmo ano a 6.ª Bienal de Jovens Criadores da CPLP,
que teve lugar em Salvador da Bahia, Brasil, a de Frankfurt é de uma natureza
contrária à noção comum de espaço para vendas promocionais. Ela privilegia os
contactos entre profissionais do ramo editorial. Ao público o acesso é só nos
dois últimos dias (dos cinco). As feiras são como os safaris; pouco se acha que
não tenha já sido pensado, visto, lido. Não posso contudo deixar de elogiar o
fabuloso desfile com aura de carnaval, levado a cabo por jovens e adolescentes
inspirados em personagens da literatura alemã, que revela uma sociedade comprometida
com a sua herança literária.
No
aeroporto, despedi-me da colega sul-africana após o jantar chinês. Já
estranhava não ter percalços com as autoridades migratórias, algo que sempre
ocorre, sabe-se lá por conta de que karma.
Na zona de rastreio, tirei dos bolsos o que podia, conforme a ordem. O que não
podia deixei-o ficar. Não seria apropriado abrir ali a braguilha sem ser hora
de tomar banho nem de fazer amor. Tens mais alguma coisa? Respondi que sim, o
meu dinheirinho nos bolsos dos calções jeans que trazia por baixo das calças. É
assim que levamos os Dólares. Pronto, aí o agente me leva ao biombo e provo que
para além do dinheiro, os bolsos não podiam estar inflamados por conta de mais
nada.
Quando
ia recolher os meus pertences, um choque. A mochila da máquina fotográfica
tinha acusado positivo na detecção de explosivos. Perguntam se fui eu quem fez
a mala. E eu que não sou casado… Isso acontece algumas vezes por dia, diz o
simpático agente, deixa-me chamar a polícia. E num instante, duas torres de
espingarda ao peito. Há que abrir a mochila, retirar a máquina, as lentes, o iPad.
O novo teste? Continua positivo.
Ali
começa o revirar do passaporte, que não tem nada demais, só o visto de Israel
na primeira página. Faltam 40 minutos para o início de embarque. Até que, por
fim, desvendava-se o mistério. A caneta pen-drive, de tão multiforme, tem
também um ponteiro laser alimentado à pilha, o que a faz potencialmente
explosiva. Ufa!
Gociante Patissa, Katombela, 10 Novembro 2016 |
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Estive hoje a actualizar a informação do blog onde consta, entre outros, o inventário livresco envolvendo aquele gajo chamado Gociante Patissa
OBRAS PUBLICADAS:
— Consulado do Vazio (poesia), KAT - Consultoria e empreendimentos. Benguela, Angola, 2008.
— A Última Ouvinte (contos), União dos Escritores Angolanos. Luanda, Angola, 2010.
— Não Tem Pernas o Tempo (novela), União dos Escritores angolanos. Luanda, Angola, 2013.
— Guardanapo de Papel (poesia), NósSomos. Luanda, Angola / VN Cerveira, Portugal, 2014.
— Fátussengóla, O Homem do Rádio que Espalhava Dúvidas (contos). GRECIMA. Programa Ler Angola. Luanda, Angola, 2014.
— O Apito que não se Ouviu (crónicas).União dos Escritores Angolanos. Luanda, Angola, 2015.
PARTICIPAÇÃO EM ANTOLOGIAS:
— III Antologia de Poetas Lusófonos. Folheto Edições, Leiria. Portugal 2010.
— Conversas de Homens no Conto Angolano - Breve Antologia (1980 – 2010). União dos Escritores Angolanos, Luanda, Angola, 2011.
— Balada dos Homens que sonham - Breve Antologia do Conto Angolano(1980 – 2010). Clube do Autor, Lisboa, Portugal 2012.
— Di Versos - Poesia e Tradução, nº 18. Edições Sempre-em-pé. Maia, Portugal, Fevereiro 2013.
— A Arqueologia da Palavra e a Anatomia da Língua – Antologia Poética. Movimento Literário Kuphaluxa. Maputo, Moçambique, 2013.
— 800 ANOS / O Futuro da Língua Portuguesa. Bela e o Monstro, parceria entre o jornal PÚBLICO e o «Movimento-2014». Lisboa, Junho de 2014.
— Di Versos - Poesia e Tradução, N.º 22. Edições Sempre-em-pé. Maia, Portugal, Fevereiro 2015.
— Pássaros de Asas Abertas. A.23 Edições & União dos Escritores Angolanos. Lisboa, Portugal, 2015.
Citação
"Desde que entrou mesmo essa coisa de Direitos Humanos, veio complicar muito o nosso trabalho. Os presos algumas vezes já mandam vir, também refilam."
Casaram-se, deram início a uma vida nova
UMBUNDU | Ovo vakwela, vafetika omwenyo wokaliye
PORTUGUêS | Casaram-se, deram início a uma vida nova
ENGLISH | They got married and started a new life
PORTUGUêS | Casaram-se, deram início a uma vida nova
ENGLISH | They got married and started a new life
domingo, 13 de novembro de 2016
Divagações | NÃO QUE NOS RALHEM
Quando um dia a lei da poluição sonora se fizer valer, mais do que punir, quem de esquerdo terá um trabalho muito básico a fazer e pedagógico com as igrejas: ensinar que quando quisermos gritar, melhor mesmo é nos certificarmos de que o microfone está desligado. Ou aquela coisa em desuso da equalização da mesa misturadora. É cada vez mais difícil suportar tantos decibéis. A amplificação está a desvirtuar a natureza das coisas e, em termos de tendências, parece que o crescimento das igrejas conta a partir do momento em que se adquire uma imponente aparelhagem de som. Neste quesito, o interior do templo já não fica atrás relativamente ao volume do som de eventos festivos ditos mundanos. Vai-se perdendo aquele ambiente de harmonia. A continuar como está, daqui a duas décadas não sobrarão ouvidos saudáveis para aguardar pela tão ansiada trompete a anunciar o reresso d'Ele. Não é por ser palavra de adoração que abusamos do volume e os nossos tímpanos sairão ilesos. Parafraseando o meu pai, é preciso que os meios comuniquem connosco, não que nos ralhem. Ainda era só isso, obrigado.
www.angodebates.blogspot.comquinta-feira, 10 de novembro de 2016
Homenagem | Tio José Samuel presente
Estou a ouvir agora no noticiário da Rádio Mais
uma peça que dá conta da requalificação do terreno adjacente ao BFA da zona
comercial do Lobito, no quadro da celebração do 11 de Novembro, data da
independência nacional. Parece que a Administração de Alberto Ngongo voltou a
repor o nome José Samuel, não se sabendo se vai coabitar com a outra designação
do largo, a de Terreiro do Pó. Por razões muito familiares eu só posso estar
feliz com o pequeno gesto que (re)homenageia
a memória do político do Mpla José Samuel, abatido nas rivalidades de 1975 por
militantes da Unita (nada aqui além do interesse histórico), salvo erro. Como
já frisei aqui em tempos, o herói é filho de Samuel Ferramenta, que morava no
Kambembwa, zona alta do Lobito, primo de Gociante Kapiñala, do município da
Ganda, pai da minha mãe. José Samuel tem irmãos ainda em vida, mas nós fomos
sempre mais próximos do pai deles, que até à data da sua morte na comuna do
Monte Belo substituiu com carinho o lugar do seu primo Gociante. Já que estamos
nessa senda, ó camaradas do M, não era já tempo de reabilitar e manter aberto o
comité do partido da mesma zona, ainda que cada deputado passasse a contribuir
com 20 mil kwanzas do seu rendimento mensal? Ainda era só isso. Obrigado.
Opinião | Onde equiparar é falsear
Não me assiste o menor
direito de criticar, pois não contribuí mais do que ele faz para homenagear um
nome, o maior da história da nossa Kizomba, o maestro Eduardo Paim. O máximo
que posso é lamentar esta lamentável realidade de querer equiparar C4 Pedro ao
general Kambwengo, alcunha com que também Paim se apresenta. Nunca tive a menor
dúvida do potencial vocal do jovem C4 Pedro, filho aliás de outra referência na
história da música de Luanda, Lisboa Santos. Mas
depois do primeiro álbum, temos visto um Pedro em ascendente descambar,
distante da estética e profundidade inicial, distante de si próprio enquanto
músico revelação. E a razão conhecemo-la e compreendemo-la, sem contudo
estarmos de acordo. É uma resposta às leis do showbiz e do que o público quer ouvir,
já que os consumidores utópicos, aqueles que ainda acreditam no poder do
artista em reeducar os hábitos de consumo e exigente consigo próprio, estes não
atingem um número suficientemente representativo capaz de recuperar os largos
milhares de dólares investidos na produção de um CD. Somos um país jovem, de
maioria jovem, e estes em quantidade e filas de autógrafo constituem um
substrato esmagador. Eduardo Paim, que nunca deixou de interagir com novos
autores e que bem merece as homenagens todas, podia ser poupado de certas
comparações. No ritmo, na mensagem, na responsabilidade, Paim, compositor que à
semelhança de Paulo Flores andou em trabalho oficinal durante anos com poetas
do calibre de Cassé, está muito acima, muito mesmo, da estética rasca que grassa
na geração pós 2002. C4 Pedro é questão de sucesso, Paim é de consistência.
Equiparar é falsear, digo eu.
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
Oratura | Ombweti yateka
«Ombweti
yateka.» Esta expressão Umbundu, que se pronuncia tal como se escreve,
significa literalmente que a bengala está partida. Emerge do sentimento de
perda e o consequente vazio que deixa a fonte de apoio. Em alguns meios, não se
imagina o dia-a-dia de um homem sem ter consigo sempre presente uma faca e um
pau (aqui homem entendido antropologicamente como macho, a quem a sociedade
atribui, entre outros, o papel de protector). Do ponto de vista alegórico,
podíamos dizer que ela remete originalmente à relação de pertença/dependência
do ser humano para com a natureza, à qual vai buscar um pedaço inerte para se
equilibrar diante do risco de tombar. O ser humano não é se não pertence. Esta
explicação poderá não fazer muito sentido a quem já domine profundamente a
língua, conhecendo o contexto inequívoco em que se justifica a utilização da
expressão «Ombweti yateka». Mas alguns de nós só a ouvimos pela primeira vez
enquanto trecho de uma música de pranto, de Justino Handanga, onde o artista
chorava a morte de Valentim Amões, o empresário que mais se sensibilizava com a
carência profissional dos músicos do Huambo. Concluindo, a expressão «Ombweti
yateka» é usada para dizer que perdemos a pessoa que nos servia de refúgio.
Lembrei-me disto a propósito de Valeriano Manuel, 63 anos, o último em vida dos
seis filhos do velho Manuel Patissa. Nada mais restou. «Ombweti yateka».
www.ombembwa.blogspot.com
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Humor | Tudo por igual
Depois de faltar uma semana ao trabalho e
confrontado com ameaça de despedimento, o cidadão vai ter com o médico e
implora por uma justificação médica. O médico em princípio diz que tal proposta
é insultuosa por colocar em causa os seus valores éticos. O cidadão convence o
médico argumentando que não há valor ético superior a salvar quem sofre.
Passados trinta minutos, o médico nota que a nota de cem dólares paga era
falsa. Chama o cliente de volta, muito chateado. "Caramba, meu! Você me dá
um dinheiro falso?!" Ao que o outro automaticamente reponde: "mas do
documento também era falso..."
www.angodebates.blogspot.com
UMBUNDU
Tuyiliko kamwe | CALISOKA ÑO
Eci pakapita osimanu okuti umwe ulume wainda lokutila kupange, ceya petosi lyokutundisiwa. Eye wakasanda cimbanda covosipitali oco opitise ocicapa ndamunu akala lokuvela. Cimbanda weya okulinga eti epingilo lyaco lyuvalula kutima, omo okuti ha yo ko onjila alongiwa layo vulandu wokulilongisa ukulihinsõ wokusakula. Eye ulume walinga eti civalula vali enene ceci nda ka tukwatisa vana vasaka. Eci pakapita akwim vatatu kwakukutu, cimbanda walawulula okuti emenlã lyo cita kolo Dolares (USD 100) ha lyocili ko. Noke wavilikiya lenyeño lyalwa: “Ove okanyihã emenlã lyolombongo lyensanda?!” Ukwavo watambulula okuti: “Ocicapa wanyihã censanda vo…”
www.ombembwa.blogspot.comquarta-feira, 2 de novembro de 2016
Divagações | A pobreza como escadote
No outro dia, no calor da polémica em torno de um restaurante a ser construído na praia denominada "Pequeno Brasil", na cidade de Benguela, projecto em relação ao qual se apontam "dois pecados", sendo o primeiro de ordem ecológica (construção definitiva sobre a areia da praia) e o segundo de ordem ética (defronte a um estabelecimento de ensino), algo soou-me mais ou menos infeliz. Soou infeliz mesmo ao meu ouvido de quem conhece desde criança a cor, o cheiro, o sentir e a forma da probreza material. Num trabalho mais ou menos jornalístico do meu amigo Constantino Eduardo, publicado por um portal online com a marca de Benguela, argumentava o empreendedor, em tom de auto-vitimização, que o seu projecto devia ser louvado, pois dará emprego a mais de 40 pessoas necessitadas. O que quer isso dizer? Que se o restaurante fosse construído em zona menos discutível empregaria menos gente? Este tipo de argumento assente na boa fé de quem só pensa em acudir jovens desempregados e tirá-los da delinquência, coitados, acaba jogando um papel de chantagem social. É usar a pobreza de outrem como escadote. É claro que neste caso, o empreendedor é apenas uma parte do problema, cabendo a maior fatia de responsabilidade à Administração Municipal comandada pelo meu antigo professor de jornalismo, Leopoldo Muhongo. Por hoje, ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa. Benguela, 02.11.2016www.angodebates.blogspot.com
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Advertência
Vem mui (ou muito?) respeitosamente sua excelência eu levar ao conhecimento de vossa excelência você que a antologia intitulada ANGOLA 40 ANOS | 40 CONTOS | 40 AUTORES está disponível nas bombas de combustível da Pumangol. A foto reporta a do Lwongo, Katombela. Sai ao preço de 3.750,00 kz. Foi editada pela Mayamba em 2015 para assinalar o 40.° aniversário da nossa independência. Sua excelência eu participa com o conto O Homem que Plantava Aves. Ainda era só isso. Obrigado