Perguntei, em tempos, a um famoso escultor e artista plástico sobre a diferença entre “o artista” e “o artesão”. O que retive de sua resposta foi que o artesão produz para vender, vindo daí a existência de milhares e milhares de peças de "o pensador", onde o que manda é a vontade do cliente. Por sua vez, o artista segue a sua intuição e, embora no final almeje comercializar, é a sua voz interior que prevalece, preocupando-se não apenas com a dimensão estética, mas também a originalidade. Difícil passou a ser para mim achar a caracterização justa para o velho Kacitoto [kat∫ito:to], escultor da comuna da Equimina, município da Baía Farta (décadas de 80 e 90), cujas obras marcaram até muito recentemente a decoração da nossa casa. Calhava às vezes um cliente gostar de uma determinada peça. Mas era inútil pedir que produzisse uma réplica. Aliás, até o camarada comissário/administrador comunal, Victor Manuel Patissa (1946-2001), respeitava tal condição. Ninguém o encomendava preferências, bastava solicitar estátua, que o tipo e forma ficavam por conta do que viesse ao imaginário do mestre durante o sono. E foi sempre respeitada a vontade do mestre Kacitoto, iletrado e sem a noção científica de filosofia da arte. Neste caso, era artista ou artesão?
Gociante Patissa
PS: Não tenho a certeza que a escultura da foto seja da autoria do velho Kacitoto
www.angodebates.blogspot.com
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