Por Isaac Paxe, Luanda, 19/11/2016
Qualquer um de nós na condição de cidadão decide indignar
se com a gestão da República. Compreende a necessidade de discutirmos o país.
Precisamos criar bases sustentáveis assentes na justiça para invertermos o
buraco em que nos meteram aqueles que desde o tempo dos movimentos auto
declaram-se detentores dos nossos destinos. E pior ainda quando um grupo
decidiu governar sozinho, e outros decidiram o olho por olho, dente por dente.
Esse que governou pensou e sentiu se quase deus.
É com esse histórico que corrói a minha fé que assumo a
minha condição de cidadão e predisponho-me lutar. Puxa, a Luta Continua
mesmo... não era só jajão. Eles sabiam das coisas. E lá vou eu lutador pelas
liberdades e pelos direitos. A minha realidade alcançada pelos olhos revolta me.
Os relatos dos meus concidadãos nas redes sociais e também os que chegam pelas
Rádios FMs são tônicos para a luta. Os órgãos oficiais revoltam me por no seu
extremo enaltecedor cantarem e pintarem uma realidade de laboratório.
Mas na realidade da vida quotidiana, a UCAN com os seus
relatórios sociais vão nos dando indicadores do estado de facto das coisas. A
Mosaico e o CICA vão dando também os seus subsídios. Eles geralmente destapam a
pobreza. Mostram a sua geografia, cor, idade, padrão.....Como não vivemos só do
social, outras Organizações como a AJPD, a Omunga, o NDI, o OPSA, a ADRA....
vão criando uma base de dados concreta sobre o Estado da Nação. As Agências das
Nações Unidas nos seus ritmos e interesses também viram produtores das imagens
dessa realidade.
Para nosso espanto, o nosso cidadão
"conscientemente" indignado não recorre à essa base de dados para
compreender o país e daí saber que projectos defender ou propor. Raramente
enchem as salas em que esses relatórios são apresentados e discutidos. Não,
essa realidade é exigente demais. Requer pensar e construir proposições
fundamentadas. Não, isso é muito "politico". Cidadão indignado é
aquele que aponta o dedo. Ganha coragem e assume o risco de ter voz. É preciso
"bater" feito Ku-duro da vez.
E quando a realidade é retratada por aqueles do outro
extremo, obaaaa, finalmente! Aí está o verdadeiro olho do povo. Aí está a
verdadeira voz do povo. Esses é que sentem a nossa dor. Hoje já ! Espera, hoje
já porque? Porque esse visitante deste extremo hoje, não foi o mesmo que
superou os oficiais ao Hospedar o Titular do Poder Executivo e o seu Vice para
nos dar bilíngues e ainda chamar o cidadão consciente de "frustrado"?
Oh sim, naquela altura esse aliado circunstancial deste extremo era... sei lá
mesmo o que era.
Pois, que consciência então temos para discutir o Estado
da Nação. Temos "agentes pro debate" para os Fundamentos
Constitucionais do Estado da Nação, ou meros Resmungões de ocasião e cultores
de consumo "fast", daí o senso comum como substância desses
resmungos, que ao invés do debate optam por ruídos?
Discutir o Estado da Nação requer moral e
responsabilidade. Porque como disse Paulo Freire, uma Luta sem consciência, não
é pela libertação, mas sim e somente pela substituição do opressor! Sobre
substituições de opressores, não precisamos ler enciclopédias para
despertarmos. E como Mandela, também declaramos, "é longa a marcha para a
liberdade"!
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