domingo, 20 de novembro de 2016

Crónica | Haja êxtase a lá SIC...

Por Isaac Paxe, Luanda, 19/11/2016

Qualquer um de nós na condição de cidadão decide indignar se com a gestão da República. Compreende a necessidade de discutirmos o país. Precisamos criar bases sustentáveis assentes na justiça para invertermos o buraco em que nos meteram aqueles que desde o tempo dos movimentos auto declaram-se detentores dos nossos destinos. E pior ainda quando um grupo decidiu governar sozinho, e outros decidiram o olho por olho, dente por dente. Esse que governou pensou e sentiu se quase deus.

É com esse histórico que corrói a minha fé que assumo a minha condição de cidadão e predisponho-me lutar. Puxa, a Luta Continua mesmo... não era só jajão. Eles sabiam das coisas. E lá vou eu lutador pelas liberdades e pelos direitos. A minha realidade alcançada pelos olhos revolta me. Os relatos dos meus concidadãos nas redes sociais e também os que chegam pelas Rádios FMs são tônicos para a luta. Os órgãos oficiais revoltam me por no seu extremo enaltecedor cantarem e pintarem uma realidade de laboratório. 

Mas na realidade da vida quotidiana, a UCAN com os seus relatórios sociais vão nos dando indicadores do estado de facto das coisas. A Mosaico e o CICA vão dando também os seus subsídios. Eles geralmente destapam a pobreza. Mostram a sua geografia, cor, idade, padrão.....Como não vivemos só do social, outras Organizações como a AJPD, a Omunga, o NDI, o OPSA, a ADRA.... vão criando uma base de dados concreta sobre o Estado da Nação. As Agências das Nações Unidas nos seus ritmos e interesses também viram produtores das imagens dessa realidade.

Para nosso espanto, o nosso cidadão "conscientemente" indignado não recorre à essa base de dados para compreender o país e daí saber que projectos defender ou propor. Raramente enchem as salas em que esses relatórios são apresentados e discutidos. Não, essa realidade é exigente demais. Requer pensar e construir proposições fundamentadas. Não, isso é muito "politico". Cidadão indignado é aquele que aponta o dedo. Ganha coragem e assume o risco de ter voz. É preciso "bater" feito Ku-duro da vez.


E quando a realidade é retratada por aqueles do outro extremo, obaaaa, finalmente! Aí está o verdadeiro olho do povo. Aí está a verdadeira voz do povo. Esses é que sentem a nossa dor. Hoje já ! Espera, hoje já porque? Porque esse visitante deste extremo hoje, não foi o mesmo que superou os oficiais ao Hospedar o Titular do Poder Executivo e o seu Vice para nos dar bilíngues e ainda chamar o cidadão consciente de "frustrado"? Oh sim, naquela altura esse aliado circunstancial deste extremo era... sei lá mesmo o que era.

Pois, que consciência então temos para discutir o Estado da Nação. Temos "agentes pro debate" para os Fundamentos Constitucionais do Estado da Nação, ou meros Resmungões de ocasião e cultores de consumo "fast", daí o senso comum como substância desses resmungos, que ao invés do debate optam por ruídos?


Discutir o Estado da Nação requer moral e responsabilidade. Porque como disse Paulo Freire, uma Luta sem consciência, não é pela libertação, mas sim e somente pela substituição do opressor! Sobre substituições de opressores, não precisamos ler enciclopédias para despertarmos. E como Mandela, também declaramos, "é longa a marcha para a liberdade"!
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