No outro dia, no calor da polémica em torno de um restaurante a ser construído na praia denominada "Pequeno Brasil", na cidade de Benguela, projecto em relação ao qual se apontam "dois pecados", sendo o primeiro de ordem ecológica (construção definitiva sobre a areia da praia) e o segundo de ordem ética (defronte a um estabelecimento de ensino), algo soou-me mais ou menos infeliz. Soou infeliz mesmo ao meu ouvido de quem conhece desde criança a cor, o cheiro, o sentir e a forma da probreza material. Num trabalho mais ou menos jornalístico do meu amigo Constantino Eduardo, publicado por um portal online com a marca de Benguela, argumentava o empreendedor, em tom de auto-vitimização, que o seu projecto devia ser louvado, pois dará emprego a mais de 40 pessoas necessitadas. O que quer isso dizer? Que se o restaurante fosse construído em zona menos discutível empregaria menos gente? Este tipo de argumento assente na boa fé de quem só pensa em acudir jovens desempregados e tirá-los da delinquência, coitados, acaba jogando um papel de chantagem social. É usar a pobreza de outrem como escadote. É claro que neste caso, o empreendedor é apenas uma parte do problema, cabendo a maior fatia de responsabilidade à Administração Municipal comandada pelo meu antigo professor de jornalismo, Leopoldo Muhongo. Por hoje, ainda era só isso. Obrigado
Gociante Patissa. Benguela, 02.11.2016www.angodebates.blogspot.com
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