Não me assiste o menor
direito de criticar, pois não contribuí mais do que ele faz para homenagear um
nome, o maior da história da nossa Kizomba, o maestro Eduardo Paim. O máximo
que posso é lamentar esta lamentável realidade de querer equiparar C4 Pedro ao
general Kambwengo, alcunha com que também Paim se apresenta. Nunca tive a menor
dúvida do potencial vocal do jovem C4 Pedro, filho aliás de outra referência na
história da música de Luanda, Lisboa Santos. Mas
depois do primeiro álbum, temos visto um Pedro em ascendente descambar,
distante da estética e profundidade inicial, distante de si próprio enquanto
músico revelação. E a razão conhecemo-la e compreendemo-la, sem contudo
estarmos de acordo. É uma resposta às leis do showbiz e do que o público quer ouvir,
já que os consumidores utópicos, aqueles que ainda acreditam no poder do
artista em reeducar os hábitos de consumo e exigente consigo próprio, estes não
atingem um número suficientemente representativo capaz de recuperar os largos
milhares de dólares investidos na produção de um CD. Somos um país jovem, de
maioria jovem, e estes em quantidade e filas de autógrafo constituem um
substrato esmagador. Eduardo Paim, que nunca deixou de interagir com novos
autores e que bem merece as homenagens todas, podia ser poupado de certas
comparações. No ritmo, na mensagem, na responsabilidade, Paim, compositor que à
semelhança de Paulo Flores andou em trabalho oficinal durante anos com poetas
do calibre de Cassé, está muito acima, muito mesmo, da estética rasca que grassa
na geração pós 2002. C4 Pedro é questão de sucesso, Paim é de consistência.
Equiparar é falsear, digo eu.
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