O povo queixa-se, sempre, é sua natureza. Às vezes, porque mente; às vezes, porque sente. Há cubanos com morada fixa na boca do povo, não pelas agulhas, comprimidos, nem pela empatia. Boa fama não vem, quando a nascente é o hospital, de Benguela, o geral, erguido sobre as esperanças do povo, muito dele sem fôlego para galgar a tesouraria de uma clínica. Como se já desagradasse pouco a barreira que é o pavilhão internacional, o povo que, como bem se diz, sempre reclama, às vezes porque sente, às vezes porque mente, já não pode com os cubanos, médicos talhados a comerciantes da dor do próximo. Especialistas em arrecadar não mais do que para o seu bolso, moram na boca do povo pelo quanto condicionam o atendimento da maioria, desde que qualquer singular lhes adorne a impunidade com umas dezenas de milhares de kwanzas. Nestes casos, o atendimento é bem personalizado, tudo existe de reagente, equipamento, enfim, até o tempo, que é o recurso mais escasso, praticamente um luxo. Os despojados, estes, podem bem padecer à porta apinhados ou no vazio de uma enfermaria, enquanto o médico, cubano, passa horas de empreendedorismo em "exames especiais" e/ou "cirurgias complicadas", pois podem todos, o médico pelo poder da função, o desesperado paciente pelo tostão. O povo queixa-se sempre, mal sabendo conservar eventuais provas. Talvez equivocado, ainda acho que há que ouvi-lo.
Gociante Patissa, Benguela 13.08.15
Gociante Patissa, Benguela 13.08.15
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