Desafios do livro em Angola: Preguiça de
leitura, fraca acutilância das editoras ou deficiente produção literária? São
questões postas com alguma recorrência. Ultimamente, entre acusações
de preguiça e desfile de algum narcisismo (que é comum no sector artístico,
alimentado quase sempre pelo conflito de gerações), parece-me a mim que o
verdadeiro problema do livro em Angola (muito mais do que os fracos hábitos de leitura) é a
DISTRIBUIÇÃO, quer por privados, quer pela UEA. Antigamente, no tempo do
partido único, a tiragem andava acima de 5 mil exemplares, o que alguém chegou
a considerar quantidade industrial. Hoje, com uma população acima de 24 milhões
de habitantes, a tiragem ronda, quando muito, em mil e 500 exemplares,
comercializados a partir de mil kwanzas, que por sua vez ficam encaixotados em
Luanda. Se conseguíssemos pelo menos levar 50 exemplares de cada livro tirado
às 18 províncias, teríamos pelo menos 900 exemplares a circular. O que vai
acontecer neste lapso é o grupo português Leya dominar o mercado, obviamente
com os autores que lhe convier. Se o livro produzido internamente não circula,
esperar que seja conhecido é pedir suculento abacaxi a um eucalipto.
Gociante Patissa, Benguela 13.08.15quinta-feira, 13 de agosto de 2015
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