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Já
são 20h20. Tudo a correr bem. Até espaço para estacionar ainda fomos a tempo de
achar. Estamos numa das unidades hoteleiras de Talatona, distinta zona residencial
e comercial de ocupantes com grande capital na capital. Vamos a meia hora de
ver ao vivo e com suporte da Banda Maravilha o Robertinho (Fernandes Lucas da
Silva, Malange,
1958), proeminente voz da música angolana nos anos 80 e 90 do século 20. Artista
convidado é tão-só Jacinto Tchipa, carismática voz militar do mesmo período.
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A
entrega do público é impecável, auditório quase lotado, acústica muito boa,
entrosamento da banda uma “maravilha”. De repente, há um movimento misterioso.
Robertinho, que ainda a meio do show teria razões para estar inebriado,
abandona o palco, sem se despedir. A banda permanece. Corta-se o som. Começa o
solo. A plateia rasga-se em palmas. “Cartinha de Saudades” traz Jacinto Tchipa,
verdadeiro hino, um clássico indissociável da nossa história, feliz elaboração
estética sobre a mobilização para a defesa da pátria. A balada chega ao fim,
fim este que a plateia não aceita. Bis!
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Segue-se “Maié, maié”, já mais ritmado. Antes, Tchipa, Vencedor do Top dos Mais Queridos duas vezes consecutivas (1986/87), hoje entre os excluídos da miopia da ribalta, deixa apelo por mais oportunidades: “Eu sou o músico convidado do Robertinho; também espero um dia estar com vocês.” São 22h00. Tchipa despede-se, sala ainda ao rubro, pedido entretanto indeferido pelo anfitrião, que impõe um bis. A banda acata. Agora é Tchipa e Robertinho dividindo as palmas. Às 22h30 fecham-se as cortinas que viram desfilar “Kiowa”, “Problemas”, “Joana Mu Kua Di Fuba”, “Ka Kinhento”, “Desespero”, para só citar estes temas. Foi um grande show e recomenda-se!
Gociante Patissa, Luanda 2 Agosto 2014
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