Sou dos que se não revêm no formato do programa
"Ouvi Dizer", da rádio Luanda e retransmitido pelo canal 2 da
televisão estatal. Mas, como não uso o serviço de TV por parabólicas, só tenho
os dois canais da TPA. E calhou hoje ver uma parte do programa conduzido por
Patrícia Faria. Em agenda para "profanação" esteve a vida do
kudurista Karliteira (nunca tinha ouvido falar dele nem do tema "botão" que o
coloca no centro de mais uma polémica, uma vez existirem, conforme fiquei a
saber, pessoas que atribuem autoria do "sucesso" ao filho de outro
kudurista, no caso o Tony Amado. Nem vale a pena ir muito por ali, porquanto a
autenticidade incerta dos temas e tons e o elemento polémica, muitas vezes até
boçal, costumam ser a essência da visibilidade no estilo em causa). A nota
positiva da prestação de Karliteira, quando comparada com a de outros que
passaram por aquela tribuna do apedrejamento verbal pela exposição da vida
privada do convidado via facebook e SMS, recai para a forma de se exprimir, o
que revela alguma competência académica, bem como o ar cordato com que
minimizou qualquer tentação de enxovalhar colegas, com elogios que sugeriam ter
sido ele, que só agora conquista algum público, o factor decisivo para o êxito
de nomes muito populares do ku-duro, como Madruga Yoyo, por exemplo. "Eu
apresentava um programa lá no bairro, e o Madruga aparecia para cantar. Aquilo
deu um boom grande, o público recebeu bem, não posso dizer que fui eu",
teria dito. Karliteira, pelo menos nos últimos dez minutos que vi, não cedeu a
tal tentação, cuidando de reconhecer o valor aos outros. Nem sei se quero ouvir
a sua música, mas para já não custa dar-lhe a nota positiva pela maturidade e
humanidade com que se saiu. Houvesse mais como ele, o ku-duro elevar-se-ia cada
vez mais!
Gociante Patissa, Benguela, 31 Agosto 2014
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