Uma das coisas que marcaram a minha escolaridade foi a observação dos fenómenos sociais ao longo da caminhada entre a casa e a escola, cujo campo equivalia aos cerca de 15 km diários a pé. E foi a estudar na Catumbela que muitas vezes reparávamos como nossos colegas não abandonavam as filas da padaria, mesmo que em causa estivesse o horário das aulas. Não se imaginava, creio, um dia bom que não começasse por degustar o bíblico produto da farinha. Se hoje já há uma vasta oferta, com a substituição de fornos à lenha pelos eléctricos, nem por isso se afectou a hegemonia do pão. A tendência das crianças, por exemplo no litoral de Benguela, é classificar matabicho (entenda-se pequeno almoço em Portugal, café da manhã no Brasil) o pão, com chá ou com leite. De manhã, ouvimos crianças dizerem que não matabicharam; só comeram papa, ou arroz de ontem. Anteontem, outro exemplo, um menino que voltava da casa da madrinha às 19 horas disse que tinha acabado de matabichar, quando na verdade jantou foi leite com... pão.
Gociante Patissa, Benguela 21.12.13
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