Esta característica – se assim lhe podemos chamar – de andar e ver para relatar depois, antiga como os velhos impérios do Continente, atravessa o texto numa oratória diagonal determinada pelo vulto da aculturação, em que se confrontam e experimentam impulsos de vária ordem num retrato sem retoque, de nitidez irregular à vista desarmada, que instala o autor – sem que talvez tenha sido essa a sua intenção inicial – como pioneiro de um género que, sendo de grande relevo hoje em dia, não encontrou ainda, entre nós, estatura própria: o testemunho.
David Mestre (excerto do prefácio), in «Crónicas de Ontem – para ouvir e contar», Raul David, 1989. União dos Escritores Angolanos. Luanda, Angola.
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