Estávamos, o kota Manuel Matias e eu a matabichar, esta manhã na esplanada do Café da Cidade, espaço reservado aos fumadores, quando irrompeu um adolescente a correr bastante aflito. Meteu-se de seguida a atravessar a estrada como se estivesse a ir à loja da Taag, sem ter em conta o movimento automóvel e a iminência de atropelamento. Atrás de si, qual caçador atrás de um coelho, ia um jovem de colete reflector verde. Incapaz de capturar o adolescente, e com ar triunfal de mais uma missão de bens a reter, o homem de colete recolheu a caixa em que o fugitivo expunha as esferográficas (cerca de 50). Depois embarcou na carrinha Land Cruizer caixa aberta em companhia de outros colegas. Ou seja, um é zungueiro, o outro é fiscal da Administração Municipal de Benguela. "Esses não apanham bandidos, apanham quem tenta vender para viver", acusavam as meninas atendedoras, talvez já acostumadas a tais excessos da autoridade. Apoiarei sempre o "esforço" da administração encabeçada pelo jovem promissor (e grande camarada, além de meu professor de telejornalismo no curso promovido pela APHA em 2005) Leopoldo Muhongo, mas continuo a achar que é preciso fiscalizar os excessos dos fiscais. Já me insurgi em tempos a respeito disso. Sim, a venda deve ser feita nos mercados, e o zungueiro que pára em um lugar erra por fomentar mercado ilegal. Mas a acção compulsiva só se justifica se proporcional aos danos, em meu entender. Com tantos estrangeiros ilegais metidos a construir obras (à partida sem tributar para o tesouro nacional), era mesmo prioridade apreender esferográficas? Que mal fazem estas à higiene da cidade?
Gociante Patissa, Benguela 21 Maio 2013
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