segunda-feira, 26 de junho de 2023

Convite aberto

 


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domingo, 25 de junho de 2023

CARTINHA AO PRIMO NICODEMOS | crónica semanal no Jornal de Angola em "Carta de Lisboa" N.º 04



Há bwé de cantares do galo que o nosso contacto não passava da austeridade das SMS. Olá, primo, como vai a saúde? Saudades. Até breve. Coisas assim que nem dão margem para contar com aquela riqueza de detalhes. A pessoa responde tudo bem, primo, obrigado. Saudades vossas também. Mesmo quando, na verdade, andamos acamados. Enfim, sai demasiado fria a conversa por mensagem de telemóvel, para o meu gosto de africano e bantu. Lá de onde a gente vem as horas só passam a contar depois que a conversa se esgota. 

Uma boa carta à moda antiga, longa e expedida pelos CTT com selo lambido e tudo, é que era porreira! Para início de conversa, a forma como esse primo meu veio ao mundo é por si só épica. Não me refiro ao parto, passando pela fecundação como a maioria de nós, comuns mortais. Quem é então o tipo? Pergunta você. Faço questão de o apresentar! Nascido nosso, ainda em pequeno primo da comunidade inteira se fez. Este é o Nicodemos Quintas. Fiquemos pelo Nicodemos, que até rima (rima pobre, sim, mas já dá. Melhor que a folha em branco).

Há 40 anos, uma muito jovem cristã desenvolvia avassaladora paixão por um homem mais velho, maior de trinta, por aí, e viúvo chamado Jonatão. Esbanjava talento como vocalista do coral da igreja. E por essa paixão pelo cantor, Rebeca desafiou todas as reprovações da aldeia. Casar era o céu. E teriam sido felizes, fosse a vida uma novela. Mas isso são outras conversas. 

O que importa é a graça do derivado de carne e osso, o primo Nicodemos, mecânico, o único com carapinha de khoisan na tribo Patissa, a ponto de bem pentear a caminho da escola, mas lá posto levar puxão de orelhas do professor, sob o crime de desleixo capilar. Vamos só à carta:

Querido primo Nicodemos,

Espero que esta missiva vos encontre de boa saúde. No corpo, na mente e na conta bancária. Aqui na tuga, vamos levando. Cada dia que nasce é mestre.

Primo, já reparaste que a saúde nunca antes foi tema de conversa entre nós? Estamos a chegar à fase dos embaraços na vida de um homem. É que transpostos os quarenta, bem-aventurado é quem engata uma psicóloga. Ou coach, no mínimo. Aí podes tirar negativas à vontade nos deveres de cama. É ela própria quem arranja justificação: amor, isso é natural, é da ansiedade! E o indivíduo sai de peito erguido da cena. Macho abaixo da linha d’água, ainda, só que ilibado.

Continuando. Na última SMS pedias para te mostrar Lisboa. Como é que eu direi, primo? Por acaso te lembras da lenda dos cegos que vão conhecer o elefante? É o caminho, se me permites. Afinal, como diz o provérbio Umbundu, nossa ricalíngua-herança, "dar de caras com o elefante não é questão de idade, mas de andar”. Se bem que avistar um elefante, aqui, não exige mérito algum! Basta espreitar o zoológico da estação de Sete Rios, bem no centro da cidade.

Ponto um: Lisboa é longevidade. A sério! Cidade grisalha, mais avós que netos. Só de imaginar que a nossa esperança de vida morre antes dos 60, aleija. Já agora, caía-me o queixo, numa repartição onde a funcionária mandava recuar, curta e seca: "aqui a idade não é prioridade. Só a invalidez!” Era ver na fila velhotas a disputarem comigo a ordem de chegada. Haja feitiço!

Olha queo meio, nisso, é frontal. Ia já contar, primo, o azar no check-indaprimeira hospedaria que me acolheu! A senhorita da recepcção ofereceu-se a ajudar com as malas. E eu não sabia se nesses casos é para aceitar ou não. Era para escalar o segundo andar, degrau a degrau. E escolheu logo a maior e a mais pesada das malas. Nota-se assim tanto que o teu primo é frágil?

Mas tens que ver o estado de negação no Metro e no autocarro, primo. A cara feia que o idoso te faz quando te metes a cavalheiro. Com as senhoras então... nem tentes ceder o teu lugar! E assim é o filme: jovens vão sentados, idosos em pé para provarem que aguentam. A idade faz entidade é lá, bem longe. Por cá velhos são trapos, segundo ouvi.

Ponto dois: Lisboa é o ladrão saciado. Aqui tu andas à vontade, falas ao telefone a qualquer hora. Achas que alguém ia gamar o teu aparelho, tipo os nossos amigos do alheio, que desatam a correr?! O Alibabá dos outros teve berço…

Ponto três: o país é meca do beijo ao fogo que arde sem se ver. E não é poesia. É tabaco! Tinhas de ver o amor correspondido entre o people e a nicotina, primo. A juventude, com a mesma paixão que estuda, fuma como se não houvesse amanhã. Até erradicaram o mosquito e tudo!

Ponto quatro: aqui é o cúmulo do agendamento. Primo, vou-te contar! Em tempos não torci um pé? Corri a lista telefónica de toda a net, a ver se marcava consulta urgente. Nada. Vagas só de quinze dias em diante. Mas a teimosia acendeu a luz no fundo do túnel em dois dias. Lá a médica receitou anti-inflamatórios e pediu exames. O pior me aguardava. Vagas na radiologia só depois de sete dias. Que remédio! Mais onze dias à espera do resultado, cheio de dores tortas. As mulheres que me perdoem. Eu disse mesmo: ó minha senhora, a continuar o excesso de burocracia, qualquer dia a pessoa já nem se lembra de torcer o outro pé! Francamente!

É o que digo, primo. Pode não parecer, mas tudo por cá é agendado. Mesmo se um gajo vê um casal aos beijos na rua, podes crer que houve marcação. Espontâneo é que não creio.

Ah, e tem mais! Já te contei a chatice no laboratório, primo? Acho que não. Conto agora. Olá! Saudei eu. Venho fazer o exame de DNA de ancestralidade. E a criança? Pergunta-me o recepcionista. Como assim?! Então ainda há pouco falamos ao telefone, o exame saía a duzentos Euros. Agora já custa uma criança?! Que inflação vem a ser esta?!Nisto, aparece o supervisor para desfazero mal entendido. O primeiro. Tenho lá cara de magnata aflito para se ver livre de assumir um rebento ocasional? 

O segundo mal-entendido era o próprio formulário, que pedia raça e outros detalhes. Então se é para DNA de ancestralidade, eu mais é que forneço respostas para obter as respostas que procuro?! Soubesse disso, tinha resolvido o assunto localmente no Dombe Grande, terra do feitiço e dos adivinhos, lá em Benguela.

Ponto cinco: Lisboa é a nova Babel. Mês passado, fiquei chocado, nisso decozinhar por aplicativo. O entregador paquistanês toca a campainha, recebo a encomenda e agradeço. "You like me”, atira ele. Engano seu, meu caro!"You like me”, insiste. Desculpa, mas entre nós está a lavrar um equívoco! Primeiro, eu não sou de ‘likar’ homem. E nem nos conhecemos para me confundires!"Please, you like me. I need more jobs”.Implora o paquistanês, a indicar o aplicativo. Ah, quer que eu dê like? E só fala agora?! Enfim, primo Nicó. Lisboa é bwé; só conhecendo e desfrutando!

Gociante Patissa | Lisboa, 15 Junho 2023

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Estreia: A Voz do Olho Podcast (clicar na imagem para ouvir)


Olá, Kamba(s), está disponível a edição única do meu Podcast A Voz do Olho, concebido no quadro de um trabalho escolar neste domínio. Desde já muito agradecido pela escuta. Um abraço

Gociante Patissa 

https://spotifyanchor-web.app.link/e/xEfXV6P1TAb

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domingo, 18 de junho de 2023

CLUBE LITERÁRIO KALUNGA, CONSULADO ANGOLANO DA POESIA EM LISBOA NA ÚLTIMA QUARTA-FEIRA DE CADA MÊS



 
| crónica semanal no Jornal de Angola na coluna "Carta de Lisboa" (3) | Alegre ia o sol de primavera por volta das 18h00 quando desembarquei do autocarro 758 ali pelo Largo do Rato, onde desponta vistosa e com ar renovado a sede do PS, Partido Socialista que governa o país. Já lá vão três meses desde que o troço entrou na minha rotina semanal por conta de mais uma alfabetização que entendi frequentar. Já conto em quê. Mas isso é aos sábados. No dia a que me reporto, quarta-feira, o motivo era diferente. Ia ao encontro da amiga Nanda Bandos para nos irmos embebedar com o néctar da poesia.

 

Sou o primeiro a chegar e enquanto espero (não podendo fazer já poemas nem cantar uma canção, que jeito para isso lá tem o nosso Carlos Baptista), coloco o olhar em bigamia entre o agradável caos da confluência de encruzilhadas do Largo e a fachada da minha escola de piano, aquele instrumento que me tem sido uma terapia acidental, como fingiria o outro.

 

E assim penso nas desculpas que fico a dever ao meu primo Victor Isaac Paulino, o Paizinho, infelizmente já ausente do mundo dos vivos, pela censura de que chegou a ser alvo nas minhas mãos, no dia em que deu por concluído o curso de piano, ainda longe de vencer a meta do segundo mês da coisa. O aprendizado do universo das teclas com partituras e afins, sei-o hoje eu bem, não é sobre o achar prazer; é mais sobre o saber não desistir. No caso aqui do cidadão, o poço de talento, afabilidade e profissionalismo que é a jovem professora que calhou na rifa, Cláudia Correia de sua graça, até alivia os pedregulhos da jornada.

 

Não tardam dez minutos, a amiga surge e seguimos a marcha pela rua de São Bento, aquela que vai dar ao palácio presidencial, passando pelo Centro Cultural de Cabo Verde. De referências culturais nesse perímetro não é tudo, plantada que está nele também a Livraria Histórica Ultramarina. A escassos cem metros, toca a desviar à direita, deixemos os aposentos do presidente Marcelo “tio Celito” para outras agendas que não agora.

 

Até porque o nosso destino chama-se Livraria Snob, encravada na Travessa de Sta Quitéria, n.° 32-A, que na última quarta-feira de cada mês encarna o consulado angolano da poesia. É para já a analogia que mais parece fazer jus à envergadura da tertúlia "POÉTICAS AFRO-ATLÂNTICAS EM LISBOA", maiúsculas propositadas, um evento de pura diplomacia cultural aplicada que acontece de Janeiro a Novembro, menos Agosto. A nobre ousadia é do Clube Literário Kalunga, com os poetas João Melo e Zetho Cunha Gonçalves a marcarem o compasso, este último também nas vestes de mestre de cerimónia.

 

Na edição de Maio findo, a poeta Ana Paula Tavares foi a grande homenageada, num recital que passeou pela poesia da autora na voz de diversas gerações e nacionalidades que animam o Clube Literário Kalunga. Destacaria Lopito Feijoó, João Melo, Zetho Cunha Gonçalves e Sandra Poulson (Angola), Regina Correia, Manuel Alberto Valente e Nuno Júdice (Portugal), Demétrio Panarotto, Ozias Filho, Ronaldo Cagiano, Fredy Maia e Geni Mendes de Brito (Brasil), Tony Tcheka (Guiné-Bissau) e Júlia Wong (Perú), havendo mesmo quem suspeite que o autor destas linhas também usou da palavra. E quem sou eu para duvidar, não é?

 

Maria João Cantinho cuidou de resenhar "O sangue da buganvília", obra mais recente de Ana Paula Tavares, o reeditar, passadas duas décadas e sob chancela da Editora Caminho, de uma colectânea de crónicas publicadas no ido ano de 1998. Houve ainda vez para a prelecção sobre a novíssima poesia angolana, a cargo do poeta e académico Kaio Carmona, que há três anos faz o traço de união entre Angola e Brasil junto da Universidade Agostino Neto, enquanto leitor do Instituto Guimarães Rosa, ligado à Embaixada do seu país em Luanda.

 

João Melo, que já há muito vem provando que a escrever e a realizar sonhos não é gago, não escondia a felicidade de quem beira celebrar o primeiro aniversário da iniciativa. É um projecto informal, diz, com a pretensão de unir as margens deste grande rio que nos une ao longo da história. Mas a noção de atlântico, completa o poeta, é elástica, vai até ao Perú.

 

Ana Paula Tavares, a homenageada, na sua modéstia vai agradecendo cada deferência que recebe dos convivas, sintonizada à frequência dos afectos e manifestações literárias de povos unidos por uma língua banhada a sal, como só a da CPLP, na tentativa de unir as muitas margens do atlântico. E toma a palavra para deixar que falem por si e pelas emoções que a atravessam os poemas que um dia gravou em papel, onde a mulher e os desafios na sociedade são retratados com todo o trabalho de lapidação da palavra e inquietação.

 

A correlação faz-se inevitável entre a novíssima poesia angolana, enunciada por Kaio, e o contributo de uma geração na colheita de novas promessas, como aquela em que a Paula pertence, a dos pilares da Angola independente e da União dos Escritores Angolanos, a qual um dia, em meio a tantas incertezas, amparou jovens com potencial e carisma de um Lopito Feijóo, ainda a emergirem da irreverência dos movimentos literários, na década de 1980.

 

Kaio Carmona menciona três nomes do conjunto que lhe chega para leitura e convívio, principalmente no meio luandense, são eles Cíntia Gonçalves, Kalunga ou João Fernando André e o Hélder Simbad, autores com sinais de um nível consistente de trabalho e bons indicadores de continuidade do grande legado, refere Kaio, mais palavra, menos palavra.

 

E nada mais havendo a tratar, lavrou-se o convite que aqui fica ao cuidado do caro leitor para que, podendo, não deixe de frequentar o Clube Literário Kalunga, que é já por mérito próprio um consulado angolano da poesia na última quarta-feira de cada mês por Lisboa, na Livraria Snob, ainda que em molde intimista e sem a grande cobertura mediática.

 

Gociante Patissa

Lisboa 12 Junho 2023

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De aniversário também está o amigo Carlos Marques, jornalista da Rádio Lobito

 

De aniversário também está o Carlos Marques, aquele jornalista da Rádio Lobito, visionário e "cúmplice" que marcou a nossa transição de verdes jovens para homens profissionalmente úteis para a sociedade, entre 2000 e 2006, no Lobito. A gratidão, minha e da AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade), para não dizer da sociedade "social e cultural" benguelene, é eterna. Lembro-me da primeira entrevista que nos concedeu (a mim e o Edmundo Francisco, salvo erro), com o estúdio ainda em obras de polimento do taco de madeira, o que obrigava a falar quase que ajoelhados, corria o ano 2001 e o tema era a divulgação do primeiro grande evento da AJS , nossa ONG ainda nos seus primórdios), que era alusivo ao Dia D'África, que veio a ter lugar no salão do bairro Santa Cruz. Pôs-nos a falar em directo, sem ensaios nem filtros, o que não deixava de ser risco, num período em que a guerra civil perdurava. Guardo de esquebra a noção de sobrevivente de naufrágio no Egipto Praia, onde mostrou que nada melhor que um peixe 🙂 Tudo de bom, caríssimo.
(Foto por Ananias Bento)

A propósito, recordamos um texto aqui em tempos partilhado em sua homenagem

Crónica | UMA VÉNIA AO REPÓRTER CARLOS MARQUES
Ao contrário da tendência que se assiste nas últimas duas décadas, a da consagração do jornalismo ou estrelato de cabine, a reportagem é o género jornalístico mais completo. Pelo menos assim diziam alguns manuais de jornalismo que andamos a devorar ainda na década de 1990 do século vinte. Então porquê?
Porque a reportagem carrega um pouco de crónica, outro pouco de notícia, mais outro pouco de análise, e mesmo opinião, onde o estilo do autor faz a diferença dentro da mesmice que seria a redacção de só dar resposta literal a «O quê, Onde, Quem, Quando, Como e Porquê». Repórteres há vários, incluindo os que a gíria jornalística em rádio e TV trata por “mudos”, convencionalmente afastados do microfone devido a debilidades na dicção, na articulação ou no domínio da língua de trabalho. Estes fazem a recolha e depositam o material na Redacção, cabendo ao editor indicar quem “põe a voz na peça”.
Como é de imaginar, é nas situações adversas que o verdadeiro profissional emerge. O estilo, o faro, o sentido de persuasão e a resiliência costumam ser determinantes na hora de arrancar da fonte aquela cirúrgica informação, parecer ou estado de alma, seja a propósito do facto do dia, seja uma radiografia social de determinado grupo, entre a interminável lista de motivos de cobertura.
Ontem, ao ouvir o noticiário vespertino da Rádio Lobito, vi-me obrigado a fazer uma vénia ao trabalho do repórter Carlos Marques (que não faz parte dos “mudos”), numa radiografia pelos bairros do subúrbio do Lobito, visando auscultar os moradores sobre a ausência (já se passou da condição de falhas) de energia.
A dado momento, surge um impasse. Dois interlocutores revelam-se agastados, não acreditam em mais nada, nem em ninguém. Já por lá tinham passado várias equipas, a da própria companhia eléctrica inclusive, mas nada de resolver o problema. Nestes casos, é sobre o repórter que o cidadão descarrega o rancor, o que exige um grande sentido de tacto para a necessária isenção e levar o interlocutor a falar para o microfone.
O ponto mais alto de toda a reportagem, a meu ver, dá-se na entrevista a uma anciã, voz trémula, aparentemente doente. A caminho da terceira pergunta, a anciã diz-se pouco confortável, talvez a cabeça a chatear. Instintivamente, o repórter flexibiliza o registo do diálogo, abandona a língua oficial e fala a língua materna da interlocutora, o Umbundu. Ela até já falava com o fôlego redobrado, discurso a fluir impecavelmente.
Mesmo sendo bilingue, um outro repórter desistiria, na mania das "finuras" e exclusão de classes que grassam na comunicação social, até porque a estação tem uma Editoria de Línguas Nacionais. O Marques, não. Fora da pauta, mostrou saber do valor profundo da língua na vivência do cidadão comum, entre a cultura e a sociolinguística.
Ora, uma vez ganha a confiança e vendo que o repórter se identificava com ela, vieram revelações marcantes sobre o modo de vida nos bairros emergentes, onde a energia falha, o combustível foge do alcance para alimentar o gerador, sem falar das pilhas que se esqueceram de alimentar a lanterna. O grande medo é que a noite dure para sempre.
Gociante Patissa, Benguela 29.01.2016
foto de autor desconhecido

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domingo, 11 de junho de 2023

E POR FIM O AEROPORTO HUMBERTO DELGADO TEM PARQUE DE TRANSPORTES POR APLICATIVO

| crónica semanal no Jornal de Angola na coluna "Carta de Lisboa" (2) | 

Há coisa de duas semanas, fez eco em terras lusas a criação de um ponto de recolha para TVDE (transporte em veículo descaracterizado), no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, onde até então imperava o monopólio dos taxistas convencionais, distinguíveis pelo preto-e-verde. 

 

De resto, a poucos meses de receber a visita do Papa na Jornada Mundial da Juventude 2023, a capital de um país católico até à última pedra da calçada apressa-se nos detalhes para que tudo corra a contento. A Jornada papal, que acontece na primeira semana de Agosto, deixará na história a confirmação ou a infirmação de uma estimativa na ordem de um milhão e meio de visitantes, sem falar do orçamento módico, como quem diz, que o governo dedica aos preparativos do evento, qualquer coisa como trinta e cinco milhões em moeda local.

 

Ao longo dos anos a classe dos taxistas, organizada em associação, reivindicava para si a legitimidade do nicho, greves e protestos de congestionar a cidade metidos ao barulho, como meio de afastar da placa quais cães sarnentos motoristas de aplicativos, na sua maioria asiáticos imigrantes, vistos como concorrência desleal, informal e com fraca perícia na estrada.

 

Mas o que temos nós, mwangolês, a ver com a maka alheia?! Estará o leitor ou a leitora a indagar, com alguma razão talvez, caso não possua passaporte. Mas então quando a gente vai ao SME tirar o documento, não é tendo já na cabeça que Portugal é apenas o quintal ao lado?!

 

Ora, nos últimos anos nada mais tirava o prazer de voar entre Luanda e Lisboa do que as finais das quase oito horas, isso para quem não tivesse um transporte familiar à espera no desembarque e/ou que não dominasse as rotas do Metro, quanto mais a dos autocarros. Aí o avião poisa o trem de aterragem, os mais medrosos a libertarem aquela salva de palmas de medo disfarçadas de elogio à tripulação. Nos ouvidos, ainda o efeito da pressurização, as nádegas anestesiadas de tanto sentar, nas pernas a fadiga da eternidade na fila do SEF, enfim. 

 

Como se isso fosse pouco, o cidadão até já reza para lhe não calhar um taxista mancomunado com seu taxímetro talhado a Alibaba. Ademais abundam relatos de puro assalto ao bolso dessa forma sofisticada. A título de exemplo, este ano mesmo, para não utilizarmos cordas para ilustrar cobras quando até temos uma delas à disposição, a um confrade nosso foram cobrados pouco mais de vinte Euros na corrida entre o Aeroporto e o Campo Pequeno, ao passo que um seu colega desembolsou apenas seis Euros em iguais circunstâncias. 

 

De modo que, salvaguardadas as excepções para os taxistas bons, a existência de serviços da categoria TVDE vem oferecer uma alternativa face à criatividade de facturação, aqui para não dizer só assim, sem preliminares… roubalheira descarada.

 

O diferencial mora no facto de a plataforma electrónica definir de antemão o custo da corrida. É para todos os efeitos o jogo mais transparente, comparado com o de conhecer o custo da corrida no destino, como ocorre no taxímetro, num jogo em que o fornecedor de serviço é jogador e árbitro numa mesma assentada, não havendo VAR que nos valha na hora da aflição.

 

Já agora, como funciona, não é? Ora bem. Para chegar ao ponto de recolha, é só virar à esquerda quando tiver recolhido a sua bagagem, prosseguir direitinho até chegar ao final da rampa do átrio de desembarque, onde deverá contornar o balcão de uma multinacional de cafés ali. Continue a marcha até chegar ao parque P2, o que leva um minuto. E pronto, já está! E mais, a sinalética lá estará a indicar o caminho, facilitando a saída e a gestão de tempo.

 

A animosidade entre taxistas e a concorrência é na realidade um fenómeno sociológico que tem tudo para ser observado muito além da primeira vista. Para quem como o vosso escriba por cá passou em 2010 e mais tarde 2016, é notório o aumento da mão-de-obra imigrante não qualificada de predominância asiática, traço hindustão, o que estimula a reacção natural de resistência por parte de uma sociedade que se vê submetida a um novo ciclo de “invasão”, desta vez com choque cultural acentuado, a começar pelo muro farpado da língua.

 

Da Índia, Bangladesh, Paquistão, Nepal, para só citar estes, chegam homens e mulheres, não muito tempo depois seguidos por parentes e conhecidos, na esperança de conseguirem melhores condições de vida, ocupando empregos precários nada apelativos ao ocidental.

 

Na semana passada, desabafava comigo um senhor do Nepal o seu cepticismo. É que o novo parque para os TVDE em determinados horários regista enchente, para a insatisfação do cliente que fica muito tempo à espera e se arrisca a pagar penalização. E como hoje em dia a opinião do cliente conta muito nas plataformas de marketing digital, o motorista que acumula avaliações negativas fica com o peso da cruz. O aluguer da viatura para o serviço, à taxa de pouco mais de duzentos Euros semanais, num carro movido à electricidade e que pára três horas ao fim de sete horas para abastecer, é outro calcanhar de Aquiles.

 

Mas nem tudo são lamentos no contacto geralmente em inglês com os irmãos da Ásia. Há também um tanto de temerário e a roçar a conspiração, pelo menos para bichos com DNA de jornalismo e com o automatismo de radiografar cada pergunta pela intenção subjacente.

 

Num desses dias, uma jovem senhora pôs-se a perguntar o que me trazia a Portugal. Fui-lhe omitindo q.b.com sorriso tenso, uma vez a outra brindando-lhe com mentiras de algibeira. Vem de Angola? Angolano é mais bem educado que cabo-verdiano. E eu a pensar: ela dirá o mesmo ao moçambicano sobre nós, certamente. Vocês são muito ricos, não é? E eu: bem, realmente há gente rica, como em todos os países. E lá foi desenrolando o questionário, auxiliada pelo trânsito congestionado de fim de tarde ali entre o Rossio e o Marquês. 

 

Às tantas insistia em dar-me o seu contacto. Queria saber onde me encontrava hospedado, ao que não precisei de recriar nessa parte, afinal não tinha mesmo a questão resolvida. Et voilà! A motorista precisava de alguém que lhe safasse da aflição de legitimar o arrendamento para um parente seu, que não conseguia pagar um apartamento sozinho na Amadora. Como tu és estudante, vão-se entender bem; um quarto para ele e outro para ti. Liga amanhã para veres a casa, sim? Respondi OK, não via era a hora de apagar o contacto dela, mal descesse do carro!

 

Gociante Patissa, Lisboa, 04 Junho 2023 


 

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Saúde Mental & Psicologia | UMA PESSOA COM TANATOFOBIA


Nvunda Tonet, Psicólogo Clínico (CEP nº00169) & Psicoterapeuta Conjugal (*)

 

Viver é uma bênção. Os seres humanos nascem, crescem e morrem. Apesar de sabermos desta realidade, muitas pessoas têm medo, dificuldade e até superstição em falar sobre a morte. Os psicólogos entendem como doença psicológica o medo patológico da morte e designam por tanatofobia. A pessoa com tanatofobia pode ter reacções físicas e emocionais sempre que o tema de conversa for sobre morte, acidentes e desastres. Algumas pessoas evitam inclusive passar pelo cemitério ou ir ao um funeral. 

 

É importante ter em atenção os sintomas, o tempo de permanência, o mal-estar e angústia provocada sempre que a pessoa pensa sobre a morte. Ou seja, não é simplesmente o facto de alguém não gostar de falar sobre a morte que significa que tenha tanatofobia. Por isso, o diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde mental treinado, nomeadamente psicólogo clínico e ou psiquiatra. Os sintomas físicos incluem boca seca, sudorese, sensação de asfixia, desconforto corporal e formigamento.

 

Durante uma sessão com uma utente com diagnóstico de tanatofobia, a mesma descreveu o medo de dormir com receio de ter um ataque de pânico. 

 

A utente ao longo da sessão apontou alguns pensamentos recorrentes, “estou muito instável. Não quero continuar assim. Eu tenho traumas de infância. Não tenho uma ideia de paternidade. Lembro-me vagamente do meu pai. Hoje percebo que ele tinha alguma exaustão emocional. Na altura pensava que era propositado. Tenho muitos pensamentos negativos, que se resumem a morte. Recentemente tive um pesadelo, acordei no meio da noite aos berros. Apesar de toda instabilidade que vivo, luto com as minhas emoções. É uma luta diária. Principalmente agora com os últimos casos de suicídio que tem acontecido no país.”    


As causas da tanatofobia incluem experiências traumáticas, falecimentos recorrentes no seio familiar, a religião (a ideia de paraíso, inferno, purgatório e punições podem despertar apreensão e pânico sobre o que vai acontecer quando a pessoa ou os seus parentes morrem). Como podemos ler no trecho acima, a utente em referência, teve perdas (morte de membros da família), traumas de infância (parentalidade atípica) e predisposição para o transtorno de pânico.   

 

O tratamento para a tanatofobia é feito através da psicoterapia, recurso a técnicas de relaxamento e reestruturação cognitiva. Após a avaliação inicial do caso acima ilustrado, decidimos por um plano de Psicoterapia de oito sessões que incluiu entre outras intervenções focais: o treino de pensamentos automáticos, restrições de acesso a informações e conteúdos noticiosos, afastamento de pessoas tóxicas e inconvenientes, o exercício de diafragmática principalmente quando a paciente estiver angustiada, o exercício de relaxamento intitulado A.C.A.L.M.E-S.E e biblioterapia que inclui a leitura na terceira sessão do capítulo 2 “As reclamações e a saúde” do livro “Pare de reclamar e concentre-se nas coisas boas” de Will Bowen.  

 

Não se esqueçam: nem todas as pessoas que evitam falar de morte têm tanatofobia. O diagnóstico inclui a avaliação de um especialista, a presença de sintomas físicos e mentais, o acentuado mal-estar sobre o tema bem como o tempo de permanência da sintomatologia. Portanto, não se desespere. Existem temas que são difíceis de abordar e um deles por influência cultural é a morte.   


(Foto: Jornal Expansão)

     *Autor do livro “Psicólogos, porquê e para quê?”. Atende no Consultório Oceanos em Luanda (+244937565096)

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segunda-feira, 5 de junho de 2023

UM GIRO PELA FEIRA DO LIVRO | crónica semanal no Jornal de Angola em "Carta de Lisboa"

Investi a tarde de sábado último num passeio de imersão pela Feira do Livro de Lisboa, patente de 25 Maio a 11 de Junho nas cercanias da Praça Marquês de Pombal, à baixa da capital portuguesa, oito meses volvidos sobre a edição 2022, que excepcionalmente teve lugar em Setembro, por conta de uma certa pandemia de muito má memória.

 

NeNesse sábado, terceiro dia da Feira, a programação teve de ser encurtada, uma vez rendida à inutilidade de disputar amores com o apaixonante clubismo à volta do futebol em noite que definiria o campeão nacional, entre Benfiquistas e Portistas, com o troféu a sorrir para os primeiros.

 

A enorme configuração da Feira parece confirmar as estatísticas oficiais, que chegam perto de mil marcas editoriais, uma centena de editores e livreiros, distribuídos por quatro centenas de pavilhões e uma média de preço de capa de vinte Euros, o que daria qualquer coisa como doze mil Kwanzas.

 

O preço é sempre uma variável importante em questões de atractividade e viabilidade de qualquer negócio. No contexto específico de Portugal, com um salário mínimo nacional de 700 Euros e em se tratando de uma moeda forte, desembolsar 20 Euros por exemplar chega a ser razoável, atendendo também aos hábitos de leitura na sociedade. Equivale à metade do passe mensal do serviço de transportes públicos e fica relativamente abaixo do custo médio de uma refeição adequada numa grande variedade de restaurantes por aí. Adiante. 

 

De facto, festas como estas dão um indicador de como o sector livreiro enfrenta lentamente, porém com optimismo, a recuperação no contexto pós-pandemia, que só podia ter ditado, por todas as razões óbvias que se lhe conhecem e mais algumas, dois anos de quebra de vendas.

 

Já no ano passado Pedro Sobral, que lidera a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, organizadora da Feira, citado pela The Portugal News, falava num aumento de oito por cento de vendas acima do nível pré-pandemia até 10 de Abril, em comparação com o mesmo período de 2019, embora em seu entender o mercado viva de baixos índices de leitura e literacia, substancialmente inferiores aos de outros países europeus. A literatura (romance, conto, novela, poesia, dramaturgia e crónica) fica atrás nas preferência dos consumidores, em relação a livros de carácter técnico-científico, estilo de vida, lazer, notícias e de auto-ajuda.

 

O programa da Feira do Livro de Lisboa é de remeter o visitante à experiência de perdidos e achados, tal é a intensidade de atractivos, muitos deles sobrepostos. Lançamentos, oficinas criativas, visitas de dignitários, enfim, uma mão cheia. Melhor dizendo, quase cheia, faltando-lhe mais representatividade das literaturas de outras sensibilidades que povoam o país, aqui pouca diferença fazendo que se trate apenas de iniciativa comercial privada e não interestadual. Para o bem e para o mal, o mercado português, que colecciona a proeza do Prémio Nobel atribuído a José Saramago, em 1998, ainda é pólo de validação das literaturas da CPLP. 

 

E se não vemos as coisas como elas são; vemos as coisas como nós somos, no evangelho segundo Anais Nin, autora franco-americana, então como observador estrangeiro ligado às artes, eu cá concebo a Feira do Livro de Lisboa como um elo de socialização que transcende a dimensão funcional do comércio e geração de lucro. Pelo legado histórico que nos une, eventos desta natureza devem dar e receber todo o apoio necessário para produzir um impacto à dimensão das 280 milhões de almas que se comunicam em português, tão-só o quinto idioma mais falado no mundo.

 

Gociante Patissa, 28 Maio 2023

Publicado na edição de domingo do Jornal de Angola, 04.06.2023

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quinta-feira, 1 de junho de 2023

Crónica | A PROPRIEDADE COMO UM DIREITO CITY

| Yosefe Mwetunda |

José Guilherme João Muetunda é professor de Direitos Reais há dois anos, tendo partilhado saberes da referida área do Direito com quatro turmas de duas instituições diferentes. Sempre que se apresentou como tal aos estudantes, fez questão de deixar bem claro, clarissimamente mesmo, que enquanto com os outros professores aprendem direitos falsos, Direitos Reais seria com ele. E seguiam gargalhadas, obviamente, e gargalhadas de morrer. Mesmo o leitor deve ter rido, quando lido o excerto anterior, principalmente se for jurista.

Na verdade, o termo Direitos Reais, não sendo sinónimo de direitos verdadeiros, não é antónimo de direitos falsos. À parte todos e quaisquer desfiles doutrinários, dizer Direitos Reais tem sentido de Direito das Coisas, sendo esta a designação que, ao contrário da melhor doutrina, o nosso legislador privado comum adoptou, inspirando-se no BGB[1]. Legislador privado comum, admita-se o recuo para esclarecer, é o responsável pela aprovação do Código Civil, diploma que, entre nós, apesar de secular, traz regime para todas as questões voltadas aos particulares. Voltando à palavra reais, é sinónimo de coisas, do Latim res.

Caso interesse definir Direitos Reais, aventa-se ser o conjunto de normas e princípios reguladores da utilização das coisas pelos seus titulares, mediante o exercício de poderes tipificados em diplomas próprios. A definição deve ser mesmo genérica, para não ser falta de braços que abracem a larga lista de figuras existentes.

Como já se está a falar do catálogo de Direitos Reais, faz-se mister referir que a sede é o Livro III do Código Civil (artigos 1251.º e seguintes), mas outros há noutros lugares do mesmo diploma e não só. O que se sabe, com certeza, é que o maior direito real é a propriedade, prevista nos artigos 1302.° para frente. A maximez do direito de propriedade consiste no facto de ser o único que permite o exercício da plenitude dos poderes (uso, fruição e disposição), o que não se verifica nos outros. Deste modo, defende-se que por trás de todos os direitos reais limitados ou menores, há o direito real ilimitado, o de propriedade.

Muetunda sempre ensinou que o direito de propriedade é um direito real, mas, e porque a ciência nunca pára no tempo, um acontecimento do dia 17 de Maio de 2023 parece mudar substancialmente a natureza do referido direito, como segue fundamentado. 

No dia 9 do mesmo mês, uma terça-feira, o Manchester City, clube de futebol da Inglaterra comandado pelo espanhol Pep Guardiola, seguiu para Madrid, Espanha, com o afã de defrontar o Real Madrid em jogo a contar para a primeira mão das meias-finais da UEFA Champions League. Depois dos 90 minutos de mbunje[2], uma bola com resposta foi o resultado final, Vinicius Júnior (pelos anfitriões) e Kevin de Bruyne (pelos visitantes).

Na segunda mão, Inglaterra, uma semana mais tarde, os cityzens presentearam os merengues com uma cabazada de quatro bolas. Sequer houve hora para o golo de honra. Ora, aquilo foi okuliborrala[3] do princípio até ao fim. Bernardo Silva assinou os primeiros dois, Éder Militão, na própria baliza, aumentou para três, e Julián Alvarez sentenciou a partida. Com o agregado de cinco bolas a uma, os comandados de Pep Guardiola vão cruzar o Inter de Milão na final de Istambul, Turquia, a 10 de Junho. 

Considerando que o maior proprietário de orelhudas[4] é o clube espanhol, com um total de 14, por duas vezes ganhas três vezes consecutivas, considerando também que o clube inglês está apenas à procura do inédito, o docente vem mui encarecidamente solicitar a quem de direito que se digne autorizar que se trate a propriedade como um Direito City, nem que seja só para alegria de pobrezinho.

Luanda, 19.05.23.XXI.18.26

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José Guilherme João Muetunda nasceu em Julho de 1991, no município de Mavinga, província do Cuando Cubango, Angola. Licenciado em Direito pela Universidade Metodista de Angola, adoptará, quando for escritor, o pseudónimo Yosefe Mwetunda. Autor de poucos textos (mais poemas e crónicas) publicados, o aludido pode ser lido na extinta revista Luzeiro Gospel, onde assinou, só para citar, o poema Evangelho da Graça. Na viva Palavra&Arte (virtual), Mwetunda tem, entre outros, o continho “sexo da bênção”. Tem ainda textos no extinto jornal Nova Gazeta, rubrica poema do leitor e no blogue Angola, Debates e Ideias (www.angodebates.blogspot.com) e em Palavras são tantas: colectânea de poemas e crónicas de jovens autores angolanos, sob a chancela das editoras Perfil Criativo (Portugal) e Alende Edições (Angola), com a organização do escritor Gociante Patissa.



[1] Bürgerliches Gesetzbuch, Código Civil da Alemanha, desenvolvido desde 1881 e colocado em vigor a 1 de Janeiro de 1900, é até hoje reputado como um projecto grandioso, inovador e, por isso, influente.

[2] Corruptela de ombunje (Umbundu), que significa jogo de futebol.

[3] Borrar-se, numa mistura (que não se recomenda) de Português e Umbundu.

[4] Alcunha da taça da UCL

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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

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Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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