Patissa |
Os escritores angolanos
Gociante Patissa e Luciano Canhanga representam Angola e África na
antologia poética organizada pela revista cultural da Roménia Horizont Contemporary Literay que conta com colaboradores dos cinco
continentes e que se expressam nas mais diversas línguas.
Canhanga |
Por seu turno, Luciano
Canhanga, Soberano de nome artístico, vem sendo traduzido e publicado em
Português, Inglês e Romeno desde 2010 pela mesma revista e weblog
(http||contemporaryhorizon.blogspot.com), participando na última edição de 2016
com o poema "Satircóph".
Patissa é natural e
residente em Benguela, ao passo que Canhanga nasceu no Libolo e reside em Luanda.
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PORQUE EXISTIMOS
São doridas por hábito as
linhas que lembram o amor. Não é justo, amor, como se a flecha quebrada, a flor
que secou, o pombo correio que perdeu a rota, sei lá, fossem o tudo. Teimo em
cantar vigorosa poesia até sobre crateras eternas que parimos. Que seja curto
ou longo, agora não importa. Maresia é que não. Para todos os efeitos,
existimos.
OMO ETU TWAKALELE
Vasyata
okutamba kevalo atayo vaivalwisa ocisola. Ka cikatave, a cisola cange, seti mbi
usongo wateka, onelehõ yakukuta, o pomba kapitiya yanelenlã vonjila, vakwê,
ovyo ño lika. Nditongeka lokwimba ovihaso vyapama ndaño kovikungu vyenda ñõ hu
twakoka. Nda cisõnvi, nda cimbumbulu, kaliye cikale mwenle ndoto. Enyumãlõ syo.
Cinene ño okuti, eteke limwe twakalele.
Gociante Patissa. In «Almas
de Porcelana», 2016.
Penalux.
São Paulo. Brasil. Pág.55
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SATIRCÓPIH
Manhã
cedo, iam domingueiros à igreja
(joelho
dobrado)
Onde diziam: ser todos
irmãos
Minutos depois, faziam-se à
embala
(caçadeira ao ombro)
Onde rusgavam preto-objecto
em vossas mãos
Assim construístes vossas
nações
À custa de sangue e suor
alheios
Dizeis hoje:
"pretos-sem-noções"
Deixai-nos, não mutilem
nossos anseios!
HIPÓCRITAS
(texto de
Canhanga)
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PREGUIÇA DA
CABAÇA
O deserto tem sua pressa
parece que passa
parece que pára
O céu vai sem gotas
há muito
a vegetação
absorta escapa
bebendo dos meus olhos
e o deserto
parece que passa
parece que pára
brincando aos tempos
Mas tinha já que passar
não sobra muito mais
na cabaça
das lágrimas
OWESI WA MBENJE
Ekalasoko likwete onjanga yalyo
Oku seti lipita
Oku seti litãi
Ilu letosi lakamwe
Osimbu yo yipita
Ovikulã lensanda lyavyo
Visupuka
Lokunywã vovaso vange
Ekalasoko likwete onjanga
yalyo
Oku seti lipita
Oku seti litãi
Vokupapala lolotembo
Pwãi nda yapitile yapa
Ka mwasupile ño vali calwa
Vombenje yaswelenlã
Gociante
Patissa. In «Guardanapo de Papel», 2014.
NósSomos, Lda. Vila Nova de Cerveira, Portugal
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