“Eu pensei na questão do
racismo exactamente por causa do luso-tropicalismo. Em Portugal continua a
existir no senso comum a ideia de que nós fomos “melhores colonizadores” e que,
por nos termos misturado com as populações locais, fomos menos racistas do que
os outros colonizadores, digamos assim. Como povo há esta ideia da brandura e
também da bondade do projecto colonial. Portanto, o meu objectivo era mesmo
desconstruir o mito do luso-tropicalismo pela voz dos africanos. É certo que
existe, por exemplo, alguma reflexão na academia aqui em Portugal, que depois
não passa para o senso comum como desconstrução deste mito, mas é tudo um
bocadinho da perspectiva portuguesa.”
(…)
"Não, porque acho que temos
muito material em Portugal do ponto de vista português, o que nos falta era
exactamente o ponto de vista africano, que há também e é produzido nos próprios
países. Por exemplo, na escola aprende-se a história do lado de quem foi
oprimido, de quem foi colonizado e essa versão africana existe, mas em Portugal
não, ela não é ensinada. Quando se abre um livro de História e se começa a
aprender a História colonial portuguesa é só o ponto de vista dos descobrimentos
e da expansão, não temos outro ponto de vista para termos uma fotografia mais
completa."
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário