São cinco agentes, um sentado, quatro em pé.
Contemplativos, olhares incertos na direcção acinzentada da montanha.
Poucas horas faltam para encerrar o dia, o ano. Grande
evento para quase todos, presença obrigatória para um chefe de família. Eles é
que com as suas casas não podem nem sonhar, são polícias da unidade
aeroportuária e estão (como sempre foi e será) em prevenção permanente. Relaxar
não podem, pois há uma aviadora com voo nocturno
agendado.
São 16h10. Passageiros começam a chegar para o check in,
vem com isso a chatice do ordenamento do parque de estacionamento. São três
minutos na zona gratuita, quase sempre violados e vertidos em multa, que sai
sempre mais cara do que os 200 kwanzas cobrados por hora no parque. Pára um
jeep preto.
O utente, cuja característica se encaixa no modelo
executivo, caminha na direcção dos agentes. Tem cara de quem, muito bem
colocado na esteira das influências, pretende antecipar, em tom de dar a
conhecer, que vai exceder os três minutos e ninguém se meta com ele. Boa tarde,
sauda ele, para o coro cortês dos agentes. Vocês é que estão de serviço hoje? A
resposta é afirmativa. Olha tenho algo no carro, venham ver.
Dois polícias são surpreendidos com uma caixa de bolo-rei
e outras guloseimas. É uma prenda nossa. O benfeitor, que não se identifica,
sobe no carro e parte, não sem antes levar com o coro de gratidão dos agentes.
O observador, que sorri de satisfação ante o
desinteressado gesto, diz baixinho... Assim, sim, ó senhor João, da pastelaria
Áurea! Mais do que o lucro, o gesto!
Gociante Patissa, Aeroporto Internacional da Katombela,
31.12.2014
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