domingo, 31 de julho de 2016
Uma semana de Férias em Windhoek (17) | VISITA À GALERIA NACIONAL DE ARTE DA NAMÍBIA
A capital da Namíbia, país que tem na indústria
do turismo o principal motor da economia, é um pedaço diferente (para melhor)
comparado a vários outros do nosso continente. Cidade limpa, segura, preços
acessíveis, tem uma arquitectura e ordenação urbanística agradáveis aos olhos e
homenageia o sossego (sem as confusões nossas de música alta a vir de tudo
quanto é canto). Nem mosquitos nem poeira, mesmo tendo por base o deserto. Por norma, quando há
gente com modos que deixam a desejar, tipo falar alto (ao telefone ou nem por
isso) em estabelecimentos (incluindo hospitais), já se sabe de onde vêm. São
angolanos. Estes mesmos angolanos (aqui generalizando), que por lá acorrem em
função da qualidade e consistência que os serviços de saúde e educação formal
oferecem (quer sejam estatais, quer sejam privados, tanta qualidade que é de
estranhar tão pouca ou quase nenhuma propaganda na imprensa),
infelizmente regressam sem beber da educação e conduta cívica dos anfitriões,
sobretudo no que respeita ao respeito pelo espaço de outrem, o saber ser e
estar, equilibrando direitos e deveres. Os angolanos, especiais que são desde o
ventre, possuem dinheiro suficiente para se imporem como quiserem. Os bons
modos podem esperar.
sábado, 30 de julho de 2016
(arquivo) Diário | Os preços que pratica contribuem para a paz dos espíritos?
"Vamos tentar ser objectivos. Venho
ter consigo uma conversa de homens..."
"Mas a senhora é uma senhora..."
"Isso não vem ao caso! Estou aqui
como entidade. Como deve saber, estamos a ensaiar o modelo de comissões de
moradores, já que as autarquias são um bicho de muitas cabeças, né? Pronto. A
pessoa que lhe fala é a coordenadora."
"Seja bem-vinda à nossa unidade de
produção..."
"Eu lhe chamaria antes unidade de
preocupação..."
"Unidade de preocupação?! Peço
desculpas, mas aqui a papelada está em dia, os impostos e tudo. Há algum
ressentimento da vossa parte?"
"Nem ressentimento nem consentimento..."
"Então qual é o problema?"
"O problema é que o seu papel na
diversidade e robustez da economia é questionável. Até as minhas entidades
superiores já quase me consideram fonte insegura. Se cada mês que reporto, ou
altera o valor ou altera o volume, né?..."
"Mas o mercado é dinâmico..."
"O caro empreendedor acha que os
preços que pratica no pão, que até é bíblico, contribuem para a paz dos
espíritos?"
"Mas eu não importo..."
"O senhor é mesmo atrevido! Pão, que
é a primeira coisa que a pessoa come ao acordar, vai custar 40 kwanzas e ainda
dizes que 'não me importo', ó senhor?"
"Eu disse que não importo farinha, a
matéria-prima. Logo, tenho de vender de acordo com o mercado. O preço tinha que
subir."
"E o tamanho baixar?! Não sei se já
reparaste mas com este tamanho, eu meto na boca dois pães de uma vez só e ainda
consigo falar à vontade. Tens a coragem de negar?"
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Gociante Patissa. Benguela, 21 Junho 2016
sexta-feira, 29 de julho de 2016
(arquivo) Diário | Fico com a tua preocupação
“Bom dia, comadre.”
“Bom dia, compadre.”
“Como é o passado?”
“Ah, mas passamos bem, sem queixas, somente vós.”
“Nós passamos bem, também sem problemas a lamentar”.
“O outro?”
“O outro ainda não lhe deram a promoção de estar em casa em horas de trabalhar. Foi mesmo no serviço.”
“Então calha bem. Queria mesmo uma palavra com a comadre.”
“Aié? Vamos entrar então aí dentro, a casa está um pouco desarrumada, mas na sala mesmo dá”.
“Desarrumada, comadre? É porque nunca mais foste na minha casa! Aquilo até faz chorar…”
“Tá aí cisângwa ainda.”
“Haka! Obrigado.”
“É como o assunto?”
“Comadre, até custa um pouco começar, mas é assim: já há muitos dias que guardo essa palavra. Estou cansado lá em casa. A outra, aquilo até não sei como dizer, por isso é que… sempre que venho aqui e vejo como a comadre me recebe, cuida da casa, conversa, me faz pensar. A comadre é a mulher que me falta, eu te quero, comadre. Nós dois temos futuro”.
“Aié…? É assim, compadre, fico com a tua preocupação. O outro ainda quando voltar do serviço vou-lhe pedir o teu pedido. Se ele achar que sim, depois vai dar a resposta”.
“Não, comadre, faz favor, o compadre não pode saber! Eu até só estava a brincar, a comadre já não me conhece?! Comadre, estou a ir, ya!? Olha, se na próxima semana eu não aparecer, é porque fui visitar família no mato…”
“Se prepara, compadre, o outro vem aí!”
Gociante Patissa, Aeroporto Internacional da Catumbela 29 Julho 2013
www.angodebates.blogspot.com
“Bom dia, compadre.”
“Como é o passado?”
“Ah, mas passamos bem, sem queixas, somente vós.”
“Nós passamos bem, também sem problemas a lamentar”.
“O outro?”
“O outro ainda não lhe deram a promoção de estar em casa em horas de trabalhar. Foi mesmo no serviço.”
“Então calha bem. Queria mesmo uma palavra com a comadre.”
“Aié? Vamos entrar então aí dentro, a casa está um pouco desarrumada, mas na sala mesmo dá”.
“Desarrumada, comadre? É porque nunca mais foste na minha casa! Aquilo até faz chorar…”
“Tá aí cisângwa ainda.”
“Haka! Obrigado.”
“É como o assunto?”
“Comadre, até custa um pouco começar, mas é assim: já há muitos dias que guardo essa palavra. Estou cansado lá em casa. A outra, aquilo até não sei como dizer, por isso é que… sempre que venho aqui e vejo como a comadre me recebe, cuida da casa, conversa, me faz pensar. A comadre é a mulher que me falta, eu te quero, comadre. Nós dois temos futuro”.
“Aié…? É assim, compadre, fico com a tua preocupação. O outro ainda quando voltar do serviço vou-lhe pedir o teu pedido. Se ele achar que sim, depois vai dar a resposta”.
“Não, comadre, faz favor, o compadre não pode saber! Eu até só estava a brincar, a comadre já não me conhece?! Comadre, estou a ir, ya!? Olha, se na próxima semana eu não aparecer, é porque fui visitar família no mato…”
“Se prepara, compadre, o outro vem aí!”
Gociante Patissa, Aeroporto Internacional da Catumbela 29 Julho 2013
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quinta-feira, 28 de julho de 2016
terça-feira, 26 de julho de 2016
Das férias em Windhoek (1) | SIDEWALK
Começa hoje a publicação da série «Uma semana
de Férias em Windhoek», de onde regressei ontem depois de mais um investimento
ao espírito, ao inglês e à arte da fotografia. Serão no máximo quatro fotos por
dia, que é para não cansar a audiência hehehe
sexta-feira, 22 de julho de 2016
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Sua excelência doutor, arquitecto, engenheiro (de nada), EU, cabelos devidamente despenteados, como adora. Em ponto pequeno ao fundo, vê-se a minha inseparável companheira asiática, a dona Nikon D7000. "Ambos os dois juntos mutuamente", ela e eu caçamos outros motivos para calibrar a vida de sentido. Uma boa semana a todos e a cada pessoa
Divagações
O que faz o fotógrafo quando se está numa série de excitantes reportagens, centena de fotografias por visualizar/processar, e o computador decide avariar? Resposta: continuar a fotografar!
www.angodebates.blogspot.comquarta-feira, 20 de julho de 2016
Citação
"Para o meu pai, o impossível é apenas o ponto de partida. É deste modo que ele encara os projectos no ramos dos negócios, é deste modo que encara a vida."
(Trump Junior, agora na CNN, em campanha para as presidenciais nos EUA. Tradução www.angodebates.blogspot.com)
segunda-feira, 18 de julho de 2016
(arquiv) E numa lanchonete do centro da cidade…
“Boa
noite”
“Boa noite. Faz favor?”
“Desculpe a minha ignorância...”
“Sim?”
“Qual é a diferença entre composto e bitoque?”
“Hum, eu também não estou a ver bem. Sou novo
aqui.”
“Então pergunte ao seu colega.”
“Algum problema?”
“Não. Quer dizer, perguntava a diferença entre
composto e bitoque.”
“Não há nenhuma! Composto ou bitoque é a mesma
coisa. Quem escreveu escreveu à toa.”
“Mas aqui a ementa diz 1500 o bitoque e 1600 o
composto…”
“É pouca diferença.”
“Ok. Eu quero um, então. Neste caso vou pagar como
bitoque ou como composto?”
“Como bitoque, claro!”
“Obrigado.”
domingo, 17 de julho de 2016
sábado, 16 de julho de 2016
Diário | Tem mbembita?
(I)
"Afinal quando é que vamos apagar a luz como antigamente?"
"Quando estive aí para voce, não me querias. Agora, ah porque 'quando é que vamos, quando é que vamos?..."
"Nunca ouviste que os que um dia se conheceram nunca mais vão se desconhecer?..."
"É assim: eu agora tenho homem, não sou mais a de ontem. Ouviste?!"
"Você quando começa a ficar rabugenta, é porque assim já estás aceitar. Você não conhece saudades?..."
"Pronto. Cala a boca já, estás a me despir com as palavras. Mas é assim: temos que fazer as coisas com jeito. Eu como o meu pequeno negócio é ambiência, você quando é para coiso, tem que ter um código. O meu homem é pescador, não é todos os dias que dorme em casa."
"Aié, né? Ainda fala o código! Até já estou cheio de vontade..."
"De dia, não! Lá p'ras tantas, você bate à porta e pergunta assim: 'Não tem mbembita?' Se eu te responder 'tem', assim estou livre. Se eu te responder 'não tem', assim não vai dar, o meu homem está em casa, ouviste?"
(II)
"Troc, troc, troc"
"É quem é?"
"Tem mbembita?"
"Não, não tem."
"Tem mbembita?"
"Não, já acabou."
"Tem mbembita?"
"Ó senhor, já falei! Hoje não há nada p'ra beber."
"Tem mbembi..."
"CHEGA! MAS QUE PORCARIA É ESSA, Ó MULHER, HÃ?! SÃO 23 HORAS, JÁ FALASTE QUE NEGÓCIO ACABOU, E ELE CONTINUA A BATER À PORTA?! ISSO NÃO É NADA BEBIDA, PÁ, VOCÊS TÊEM OUTRA CONVERSA!..."
"Assim estás a falar lixo porquê?! Uma gaja não está contigo nua na cama? É por isso que eu quando me conquistaste já tinha receio. Meu coração já me avisava que no teu ciúme ninguém passa...'
"VAMOS EMBORA DORMIR, O GAJO TAMBÉM JÁ FOI. ESSE NEGÓCIO DE VENDER BEBIDA A COPO EM CASA SÓ DÁ CONFUSÃO..."
"Eu não trabalho, como vou sustentar os três órfãos que me encontraste com eles?..."
(III)
"Mas ó seu meu estúpido! Já não te falei que ao responder 'não há mbembita', assim o meu homem está em casa?!"
"Ontem estava já com uns copos, e você sabe que eu com copos é fogo!..."
"Estou a te avisar, ouviste?! Se o meu homem me deixar, você vai me arranjar outro, ó burro?!"
Gociante Patissa (adaptação)
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Lubango, 16 Julho 2016
sexta-feira, 15 de julho de 2016
(arquivo) Diário | TIPO RÃ?
Uma: Estás a falar baixo, quê que se passa?
Outra: Tenho brônquio.
Uma: Tens quê?
Outra: Brônquio.
Uma: Brônquio, como assim?
Outra: Quando tens respiração cutânea à noite.
Uma: Tipo rã?
Outra: Não! Quando respiras com dificuldade.
Uma: Ah, ok. Melhoras então.
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Outra: Tenho brônquio.
Uma: Tens quê?
Outra: Brônquio.
Uma: Brônquio, como assim?
Outra: Quando tens respiração cutânea à noite.
Uma: Tipo rã?
Outra: Não! Quando respiras com dificuldade.
Uma: Ah, ok. Melhoras então.
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quinta-feira, 14 de julho de 2016
(arquivo) Citação
"O meu marido não agradece. Você pode lhe dar mesmo todos os teus prazeres... mesmo assim, ele ainda vai fora."
www.angodebates.blogspot.comquarta-feira, 13 de julho de 2016
Ainda a presença do livro ALMAS DE PORCELANA na imprensa brasileira. Desta vez a resenha é de Daniela Vieira, através do portal Biblioteca Leitora. Obrigado
Almas de
porcelana | Gociante Patissa
Oi gente, tudo
bem? Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela ausência no blog e na
página do Facebook rs. Por aqui as coisas estavam um pouco corridas (casamento
do meu irmão! Ownn…), e também eu estava sem internet em minha casa. Então,
tudo o que eu postava, era com internet “roubada” da minha tia rs Quando eu ia
lá para cuidar da minha avó, ou visitá-las, eu pegava um pouquinho da internet
para atualizar as coisas por aqui e no Facebook. Mas agora as coisas já se
ajeitaram, então vamos voltar à programação normal rsrs Assim espero…
Hoje vim apresentar a
vocês um livro de poesias que li recentemente, que chegou até mim por meio da
parceria com a editora Penalux. Almas de porcelana (Penalux,
2016, 86 p.) do autor angolano Gociante Patissa é dividido em três partes:
Consulado do Vazio (livro de estreia do poeta, publicado pela primeira vez em
Benguela); Guardanapo de papel (segundo livro do autor, lançado primeiramente
em Portugal); e Poemas dispersos (que contém poemas inéditos e outros que foram
publicados em revistas de Moçambique e Portugal).
Gociante é bem envolvido
com causas sociais e políticas, e mostra muito disso em suas poesias. Vemos
também paisagens da guerra, mas sobretudo mensagens de esperança ditas com
palavras muito acariciadoras. A começar pelo título: Almas de porcelana. Almas,
por vezes são coisas tão “duras”… mas que devem ser tratadas com cuidado, como
porcelanas. Por coisas que o autor provavelmente passou, sentimos, ao ler seus
escritos que ele próprio emoldura sua arte, e assim, sua alma.
Como irmãos (p. 22-23)
“D-me a tua mão
para andarmos de braços dados
torturando a solidão lado a lado
torturando a solidão lado a lado
caminhemos sem temer as minas
do sol-posto à nascente
iluminados sem consultar o lusco-fusco
como irmãos.
Vamos derrubar o quintal que nos separa
apanhar pelas traquinices
se for o caso
se for o caso
mas como irmãos
vamos chorar em conjunto
e enxugar as lágrimas com o canto
da minha camisa
vamos rir da dor, reter a lição
sem nada ruminar
como irmãos
Vamos jogar à bola
ou no teu quintal a wela
vamos correr transpirar até cansar
vamos correr transpirar até cansar
depois da escola
vamos olhar juntos adiante
como irmãos
e a guerra não terá vez.”
O autor mantém ativo o
blog Angola, Debates
& Ideias. E vejam só, encontrei esta entrevista, de 2014, que
ele participou, do programa Fair Play. Assistam até o final, porque em
determinado ponto da entrevista ele declama um de seus poemas. E já adianto: é
lindo, apaixonante!
Se vocês se sentirem à
vontade, leiam esta entrevista. É longa, mas recheada de
informações e coisas interessantíssimas (e até vemos características com o Brasil
em algumas partes, hein?!).
Título: Almas de
porcelana, Autor: Gociante Patissa, Editora: Penalux, Páginas:
86 p.
terça-feira, 12 de julho de 2016
SOS | Sugestões de roteiro
Nesta época em que o quadro socioeconómico angolano é dominado pelo binómio "subiu/fechou" (estando o primeiro para o preço e o segundo para a falência dos privados), qualquer roteiro para férias é complexo. Nem o turismo interno sequer nos sai mais barato, tendo contra o bolso do cidadão o já referido clima do "subiu/fechou". Sem acesso a dólares nem paciência para engrossar filas de embaixadas no diplomático mendigar por um mísero visto de turista (como diz um amigo, porque tenho mais que fazer!), resta solicitar contributos baseados em possíveis experiências de amigos nesta rede, no que se refere à fronteira mais próxima, o destino Namíbia: (1) Algum conhecimento da melhor e mais segura forma de se fazer a ligação Oshikango-Etosha? (2) Em termos de ligação aérea, é fácil conseguir vagas com um dia de antecedência entre Ondangwa ou Oshakati e Windhoek? Se sim, quanto custa o bilhete na equivalência ao Kwanza/Dolar? (3) Será que existem em Oshikango agências com pacotes turísticos eficientes e acessíveis para almas com fraco sentido de auto-orientação? Ainda era só isso. Obrigado
Poemário ALMAS DE PORCELANA volta a ter destaque na imprensa brasileira. Desta vez sai no portal Sopa Cultural a resenha assinada pelo académico Jorge Rodrigues
LIVRO ANGOLANO REVELA A FRAGILIDADE HUMANA
A importância da obra é reforçada pelo fato de que no
Brasil há pouquíssimas publicações de escritores negros de Angola
Por Jorge Rodrigues -
11 de julho de 2016 in
http://www.sopacultural.com/livro-angolano-revela-fragilidade-humana/
Descobrir o mundo exterior a partir de seu interior, essa é
a proposta do poeta e jornalista Gociante Patissa em seu novo livro “Almas de
Porcelana”. Editado e lançado no Brasil pela Penalux, como o próprio título já
diz, a obra apresenta de maneira poética a fragilidade dos seres humanos e suas
relações com familiares, com outros e com a própria vida.
A obra trata-se de uma seleção de poemas de dois livros já
publicados pelo autor, “Consulado do Vazio” e “Guardanapo de Papel”,
catalogados em duas partes. “Almas de Porcelana” ainda reserva uma terceira
parte dedicada a poemas diversos.
Em seu trabalho, o autor é sempre muito franco ao expor o
mundo e as histórias que o cercam. No poema “Obras do Tempo”, Patissa
mostra a dor causada pelas minas terrestres espalhadas pelo solo africano. Ele
apresenta o sofrimento das vítimas em forma de palavras, como, por exemplo,
“Quando perdi as pernas; começou o Titanic da minha vida a afundar; (…) quantos
mais se amputarão; quantas minas ainda afinam vozes; para a hora da explosão?;
até quando as armadilhas?”.
Poesia intimista
Para os editores Tonho França e Wilson
Gorj, a poesia de Gociante é intimista e sensível, procurando sempre
símbolos que compreendem a relação do “Eu” com o “Mundo” e vice-versa. “As
ideias centrais são como se seus contornos desenhassem o externo, e o
autoconhecimento viesse através do ‘Outro’, mas o ‘Outro’, também, é uma ideia
vinda do ‘Eu’”.
A importância do livro é reforçada, segundo os editores,
pelo fato de que o mercado editorial no Brasil acolhe poucas obras de
escritores negros, principalmente oriundos de outros países, como Angola. Eles
dizem que os autores angolanos mais conhecidos no país – como, por exemplo,
Ondjaki e Agualusa – traduzem um perfil de escritor um tanto quanto distante da
realidade populacional daquela região, na qual os negros são a maioria. “O que
deixa o repertório brasileiro fraco e pouco diversificado”.
– Porém, Almas de Porcelana é um livro que
tenta quebrar essas barreiras, enriquecendo nossa cultura e visão de mundo –
reforça.
Serviço: Editora
Penalux, Livro: Almas de Porcelana, Autor: Gociante Patissa
Publicação: 2016, 88 páginas, 14×21 cm, Preço: R$32,00
Link para comprar:
Renomada escritora moçambicana renuncia literatura | “Não volto a escrever. Basta!” - Paulina Chiziane
"Não vou falar da palavra “racismo”.
Apenas interessa-me fazer um convite para a descolonização do próprio preto,
para ver se acordam um pouco. (...) A raça e o sexo determina o estatuto de
quem faz o que quer que seja. Sou mulher e sou preta, então, tudo que faço tem
que ter erros. Se não tiver, arranjam.
segunda-feira, 11 de julho de 2016
Divagações | DO ENJÔO CIBERNÉTICO
E lá veio a hipnose chamada resultados do euro, como se a vida parasse ou dívida alguma pagasse. É adorável o sentido de dispersão de foco na cidadania a mwangolê. Arr!
www.angodebates.blogspot.comdomingo, 10 de julho de 2016
(arquivo) Divagações | Do linguajar
Entre os vários ângulos da diversidade que é Luanda, recordo aqui a que tem que ver com o fenómeno linguístico. Quem, como eu, teve a sorte de crescer na periferia facilmente recordará aquelas cenas de gente que, depois de passar alguns dias na capital para "se vingar" (entenda-se fazer pequenos negócios, trazer televisor, vídeo, walkman e T-shirts pretas com a cara do Van-Dam ou Commando em ponto grande), voltava com sotaque "retocado" e alguns “neologismos”, tais como: “óle” (para dizer óleo), “dóormir” (aqui um toque francês, talvez pelo convívio com a comunidade da África francófona), “fala com sóieu” (fala comigo), "le coca" (põe o bebé às costas), "saia dé" (saia dela). Certa rapariga, ao ver um ano depois que os rapazes continuavam solteiros, chegou mesmo a dizer que “os homens daqui não mánteum” (onde manter quer dizer viver maritalmente).
www.angodebates.blogspot.comsábado, 9 de julho de 2016
sexta-feira, 8 de julho de 2016
Divagações | Arquivo
Às
vezes sinto pena de minorias que, com pressupostos pseudocientíficos, sigam
impondo (usando do farol que lhes chegou à mão) a sua "herança cultural
superior" para, em nome de uma tal modernice, se minimizar a atenção
necessária à investigação/resgate de alguns aspectos inerentes à identidade de
outrem, como se o que há de comum fosse moeda para anular o que lhes não
convém. Aí recordo para consolo os dizeres de um académico, segundo os quais, o
conhecimento é sempre adquirido a partir de um lugar, não podendo por isso
mesmo existir esse tão advogado diluir de fronteiras, seja na literatura, seja
na planificação linguística. Até amanhã
quinta-feira, 7 de julho de 2016
Aquele xarope tropical
AQUELE XAROPE TROPICAL
A banda suplanta o disco
aplausos
na outra mesa o xarope
a todos os males
dava jeito
num gole só
esquecer lábios de um gajo no gargalo
mas tinha de andar doido
que no centro se impunha uma torre
espuma de barril
e o previsível efeito gentílico
ao mínimo encostar do mindinho
viria o ortopedista a caminho
deixo o lugar com o pensamento no xarope
esbelto frasco cozido na foz
entre o bantu
e um cabo já nascido verde
que dançava sensual
colada ao trôpego de ébrio
que mal deve saber como tomar
em condições
aquele xarope.
Gociante Patissa, Benguela 6 Julho 2013
www.angodebates.blogspot.com
A banda suplanta o disco
aplausos
na outra mesa o xarope
a todos os males
dava jeito
num gole só
esquecer lábios de um gajo no gargalo
mas tinha de andar doido
que no centro se impunha uma torre
espuma de barril
e o previsível efeito gentílico
ao mínimo encostar do mindinho
viria o ortopedista a caminho
deixo o lugar com o pensamento no xarope
esbelto frasco cozido na foz
entre o bantu
e um cabo já nascido verde
que dançava sensual
colada ao trôpego de ébrio
que mal deve saber como tomar
em condições
aquele xarope.
Gociante Patissa, Benguela 6 Julho 2013
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Divagações | Testemunho evangélico
Irmãos, vou contar-vos o milagre maior que aconteceu na minha vida. Eu era viciado. Muito dependente mesmo. Não passava cinco minutos sem entrar no viber, no chat do facebook, no whatsapp, enfim. Era toda hora e ao mesmo tempo mas só com a mesma pessoa. Andei muito nos médicos para desintoxicar. Mas os médicos, não sei se já se combinavam nas respostas ou quê, diziam a mesma coisa. Que a doença era profunda, que não havia remédios, que era paixão. Mas orei muito e com fervor. Hoje, graças a Deus veio a crise, já não consigo saldo para internet, estou curado. O vício de teclar passou. Aleluia, irmãos! (Adaptação)
www.angodebates.blogspot.comquarta-feira, 6 de julho de 2016
Utilidade pública | Ex-UNIDADE TÉCNICA DE COORDENAÇÃO DA AJUDA HUMANITÁRIA (UTCAH) CONVIDA PARCEIROS SOCIAIS PARA REUNIÃO
"Caros Companheiro(a)s. Estão Convidados para Um Encontro Interactivo No dia 08.07.16, às 9.00 na Sala de Reuniôes da ADRA Benguela. Passe Palavra a outros Parceiros.
Att Melo Costa,ch.Serv.Prov.Iprocac Bgla"
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terça-feira, 5 de julho de 2016
Insólito | LINGUISTAS EM LUANDA PREPARAM MARCHA CONTRA PRECONCEITO | Em causa a mediatização de mentalidades e livros que punem o falante angolano que não se enquadre na norma padrão
De
acordo com a nota de imprensa endereçada ao blog Angola, Debates & Ideias
para divulgação e cobertura, cujo conteúdo conforma a carta que deu entrada no
Gabinete do Governador Provincial de Luanda no dia 27 de Junho último, a marcha
acontece no sábado, 16/07, às 12h, do Jumbo ao Largo 1.º de Maio. É para já uma iniciativa insólita levada a cabo
pela auto-denominada «União Tolerância Linguística», movimento linguístico de
estudantes universitários e professores de língua portuguesa encabeçado por
Alberto Sebastião, Caetano Kakembe, Tomás Calomba e António Ngola. Não se sabe
até ao momento se a marcha será "autorizada", do mesmo modo que não
se consegue divisar até que ponto o ângulo de intervenção é representativo,
relevante e pertinente. Transcrevemos a seguir o texto na íntegra. www.angodebates.blogspot.com
NOTA DE IMPRENSA
Sob o slogan "A marcha não é Política. Agora é
Linguística", a União Tolerância Linguística, um movimento linguístico
formado por estudantes
domingo, 3 de julho de 2016
Just a question
Alguém viu o moderador do espaço de análise da Tv Zimbo na edição de hoje? Os doutores parecem duas rivais a lutar pelo salário do marido, ninguém ouve ninguém. Uma confusão do caraças
sábado, 2 de julho de 2016
[Oficina] Composição narrativa | Um exemplo a seguir
Texto de
Benguela, 01.07.2016Júlio Novadi Dimas Teixeira |
Lembro-me do Abílio
como um jovem meigo, educado e sonhador. Já desde pequeno demonstrava interesse
pela leitura, escrita e canto. Com cinco anos de idade foi matriculado na
escola mais próxima de casa, era assíduo e pontual; gostava de ler, escrever,
cantar e brincar com os colegas.
Citação
"Em Angola, a educação é excelente, mas os alunos aprovam sem saber, ou seja, atipicamente."
(João Assis Gonçalves Neto, via facebook)