Como observador e cidadão, chateia-me o
pessimismo, do mesmo modo que acontece com o optimismo, quando ambos são
empolgados na venda da imagem de Angola e suas aspirações e realizações. E a
imprensa pública, por força do seu alinhamento editorial, leva-nos mesmo a ver
agulhas em tamanho de montanha. Agora há pouco, no noticiário das 13h00 da TPA,
o compatriota que fez o rescaldo da partida de hóquei em patins, em que Angola
goleou a selecção da Inglaterra por 12-0, empolgou-se um pouco demais. Senão
vejamos: que é uma victória meritória, não há dúvida. Que a nossa selecção
ganha um pouco mais de visibilidade, também estamos de acordo. Agora, destacar
de forma entusiasta que "Angola derrota assim uma selecção que foi campeã
mundial por duas vezes na década de 1930" nem é positivo. Ora, olhando
para a competitividade dos ingleses em outras modalidades, isso só mostra que o
hóquei nem é tido como tão importante assim em termos de investimento. E lá vai a tendência do nosso extremo optimismo, a procura desenfreada por vantagem
mediática. Quer dizer, desportivamente por algum momento fomos superiores ao
prestígio da selecção inglesa, mesmo que o prestígio tenha por base dois
títulos mundiais que aqueles enterraram há mais de 80 anos. Uma verdadeira
arqueologia ao serviço do show-off.
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