Foi de uma nutricionista que ouvi há alguns anos que
“mais importante do que os ingredientes são os nutrientes”. Encantou-me o que a
rima encerra, passando desde então a fazer pequenos exercícios mentais à
hora de comer ou beber, tendo em conta o teor do açúcar, gordura e afins.
Acontece entretanto que, desse exercício, costumam
resultar trapalhadas comprometedoras. Hoje por exemplo, numa festa pelo
baptizado da filha de uma pessoa amiga, foi com agrado que me deparei com uma
jarra de vidro cheia de limonada. Para não restarem dúvidas, estavam presentes
porções de limão. Qual cão de Pavlov, minhas glândulas não cabiam em si. Ora,
conhecendo as vantagens daquele citrino para a saúde, cuidei de encher um copo,
bem cheio mesmo!
“Essa limonada tem um paladar esquisito. Parece limonadas
de Israel, que se dizem naturais quando são de fábrica”, recorri ao companheiro
ainda a meio do primeiro gole.
“Ó sócio, cuidado, isso não tem álcool?”,
advertiu.
“Será? Deixa dar mais um gole”.
E nesse instante percebo que de facto era um líquido
da cor da limonada, recheado de limão, mas alcoólico.
“Isso é caipirinha, é bebida de meninas na discoteca,
ou daqueles que começam agora a beber”, esclarecia ele.
Estava eu ali à vista de tantos convivas, de copo
cheio, sem saber como me livrar dele. Lá tive de sair e entornar atrás da
árvore do pátio, que me perdoe a natureza se o capim morrer.
Constrangimento similar experimentei há coisa de cinco
anos no óbito de um companheiro quando eu andava no sector das ONG. Passavam do
meio-dia e estava ainda por sair o almoço. Entre as bebidas, uma embalagem
cativou-me pela variedade colorida de frutas tropicais. E na mania de misturar
sabores, minhas glândulas perspectivaram um agradável sumo. Foi só encher um
copo para sentir o sabor a álcool. Era sangria. E fácil não foi achar o meio de
entornar o conteúdo para o outro lado do muro.
Definitivamente, só me resta desconfiar da intenção
das frutas em eventos públicos.
Gociante Patissa, Bocoio 06/04/13
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