Por: Inácio Gil Tomás (Professor de Geografia do Ensino Secundário e Técnico de Desenvolvimento Comunitário, Benguela)
A materialização
dos sonhos de qualquer cidadão ocorre num determinado tempo e espaço.
Por isso, é meu
sonho ver que, no quadro da consolidação do processo de desconcentração e
descentralização administrativa do Estado, as Províncias tenham, além dos
Planos e/ou Programas de subordinação Central, Programas Locais Especificos
cuja execução seja de responsabilidade local. Mas, como ainda é meu sonho ver a
aceleração de processos de desenvolvimento sustentáveis, vou epxressar aqui
algumas ideias, que considero serem desafios para a Província de Benguela, que
vem disputando o título de segunda potência em todos os sectores
(fundamentalmente no económico) com a Província do Huambo. Agora que outras
Províncias como a Huíla e Cabinda podem entrar na corrida para alcançar tão
importante título, não basta “jogar” com o nome, pois como se diz no futebol
“os nomes não jogam”.
Espero que os
Deputados do Círculo Provincial que serão eleitos neste pleito tenham em linha
de conta de que devem reunir, regularmente, com os eleitores para auscultarem
os seus problemas, as suas preocupações e/ou expectativas e estar disponíveis
para receberem os cidadãos, quer seja individual ou colectivamente, por meio da
aplicação de uma agenda de trabalho.
Também espero
que a próxima governação local seja mais participativa, com o incremento da
interacção entre os gestores públicos e os cidadãos (munícipes?), por meio de
fóruns ou mecanismos próprios, da sua participação em eventos específicos,
independentemente de quem as promova. Neste caso espero que os balanços não
sejam apenas feitos no final do ano, mas regularmente, tal como já acontece ao
nível do Governo Central. No entanto, para que tal ocorra, é necessário que os
cidadãos melhorem a sua capacidade de articulação e interacção visando à busca
de pontos de convergência que permitam a constituição e funcionamento de
espaços de diálogo intra e inter sectorial.
Espero que
melhore a qualidade do saneamento dos nossos bairros, o acesso à energia eléctrica
seja permanente, os serviços públicos (saúde, identificação, justiça) melhorem
a qualidade do seu atendimento. Espero que a acção de vários actores (públicos,
privados e da sociedade civil) contribua para a elevação do nível de consciência
ambiental da população.
Espero que a Comunicação
Social na Província esteja mais fortificada, aberta e plural, de modo que se
transforme num vector de promoção do desenvolvimento local sustentável. Para o
efeito torna-se necessário o alargamento de espaços de opinião. Na Rádio
pública local, é importante que a manutenção do espaço semanal de análise sobre
as questões económicas seja complementada com correspondente espaço de comentários
sobre as questões políticas, sociais e culturais de conhecidos Fazedores de
opinião que, por esta razão, merecem ter espaço “cativo”,
pois as suas intervenções contribuem para a formação de opiniões além do papel pedagógico que desempenham, como o têm demonstrado.
pois as suas intervenções contribuem para a formação de opiniões além do papel pedagógico que desempenham, como o têm demonstrado.
Uma Província
que pretenda assumir-se como segunda potência económica e não só, deve ao nível
da comunicação social, assumir o desafio da implantação e funcionamento da
imprensa escrita, com a circulação de pelo menos um jornal (semanário) local, sustentado
com artigos e peças produzidos maioritariamente pelos seus habitantes. Pela
massa intelectual existente, fruto da implantação de diversas instituições do
ensino superior, Benguela não pode continuar a remeter-se num silêncio tumular,
quando abundam muitos canudos e títulos em todos os cantos da mesma. Mas
tenhamos em conta as experiências menos saborosas e efémeras do Cruzeiro do Sul
e do Jornal Kesongo.
As OSC –
Organizações da Sociedade Civil – da Província de Benguela precisam melhorar a
sua capacidade de articulação, interacção e defesa dos interesses comuns,
através da concertação e do fortalecimento do trabalho em redes, quer sejam
temáticas ou geográficas. Para o efeito devem compreender que o individualismo
que as caracteriza não contribui para o fortalecimento da sua acção. Devem
também melhorar as suas práticas por meio do cumprimento dos seus estatutos,
pondo em prática os princípios de gestão democrática como a transparência nos
processos de gestão financeira e de acitividades, o funcionamento dos órgãos
sociais e a renovação dos respectivos mandatos. As OSC de Benguela devem dar a
sua contribuição para a aplicação da Lei 17/10, por meio da eleição dos seus
representantes ao CACS (Concelho de Auscultação e Concertação Social)
Provincial e conquistar o direito de participação que lhe cabe. Só assim,
poderá ser uma referência de boas práticas, passíveis de serem replicadas por
outros segmentos de actores.
Benguela tem
produzido vários talentos em diversas modalidades desportivas. Por isso, não
pode continuar a servir de viveiro paa a Província de Luanda, a grande beneficiária
dos frutos do trabalho que é feito na base, exportando todo o seu potencial
humano. O crescimento económico que se regista na Província, a entrada de
vários actores económicos deve se reflectir na aplicação de uma estratégia
local de desenvolvimento do desporto com a definição de metas concretas. As
Equipas locais de Futebol não devem continuar no círculo vicioso do sobe –
desce. A Província não pode ser apenas um viveiro de produção de Andebolistas. É
preciso pensar na conquista de títulos, com equipas fortes, onde abundam
talentos locais, por meio da definição de uma estratégia de desenvolvimento do
desporto local, de modo que modalidades como o Andebol, Voleibol, Basquetol e
outras tenham também equipas na nossa Província, capazes de discutir e trazer
títulos. É preciso pensar em ganhar títulos.
Deste modo
estaremos a contribuir, também, para a redução de assimetrias.
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