Depois de há coisa de uma semana surgir a notícia da detenção de seis sacos, contendo cada 50 kg de “Pau” de Cabinda, que se pretendia despachar para Luanda pelo terminal de carga do aeroporto da província mais ao norte de Angola, a Polícia Fiscal deteve hoje no aeroporto da Catumbela três malas, num total aproximado de 90 kg, também com o mesmo produto, vindo de Luanda. Em ambos os casos, os portadores são de nacionalidade chinesa.
Numa rápida pesquisa, deparamo-nos com o inusitado site http://www.paudecabinda.com/. O marketing é feito em português (e em inglês, claro!): “Pau de Cabinda - o autêntico e genuíno afrodisíaco 100% natural e seguro. Estimulante sexual para Homens e Mulheres. Vendas para Portugal” (The authentic and genuine aphrodisiac, 100% natural and safe for Men and Women, that stimulates your sexual power)”. Mas a fama da flora angolana não fica por aí.
Pelo link http://paucabinda.no.sapo.pt/cabviagra.htm, chega-se à prescrição de Raul Moreira, publicada dos Estados Unidos da América, em Maio 1999. Moreira lá saberá a razão de “arriscar a pele”, ao comparar Viagra com o Pau de Cabinda, favorecendo este último. “De fato os médicos estão a diminuir drasticamente as prescrições do Viagra para a impotência, enquanto constataram que se trata de um medicamento arriscado. Deve-se considerar também o preço elevado do medicamento (mais ou menos 60 euros cada caixa) o custo da prescrição médica obrigatória e por último, porém não menos importante, o embaraço. Com o Pau de Cabinda, tudo se torna mais fácil. É um produto 100% natural (revigorante sexual natural) que ajuda a tratar a impotência, disfunção eréctil: um remédio antigo com um grande futuro, mas sem efeitos secundários e mais barato que o Viagra. O Pau de Cabinda é proveniente da casca de árvore com o mesmo nome e só é possível encontrar em Angola nas florestas de Cabinda”.
Uma variedade de afrodisíacos tradicionais está disponível no blog Seguindo Adiante (dono da foto), cujo link é http://seguindoadiante.blogspot.com/2008/12/pau-de-cabinda.html.
Voltemos à questão do nosso título: o que tanto procuram os chineses no Pau de Cabinda? Um estudo profundo impõe-se, considerando até o relevante espaço da medicina oriental no plano internacional, ela que também explora essencialmente recursos naturais.
No entanto, e olhando para a realidade angolana, chega-se à rápida conclusão de que os chineses procuram mesmo é o lucro, aproveitando a debilidade de fiscalização que ainda grassa a sociedade. Basta olhar para a constelação de pequenas indústrias de blocos de cimento para construção, que visivelmente não tributam para os cofres do Estado, constituindo-se como tal em concorrência desleal para os empreendedores nacionais.
Quanto ao Pau de Cabinda, cujo comércio é até centenário, a dúvida que fica é se a questão está na quantidade, ou se se encaixa na mesma protecção legal que cobre a classe de diamantes. Seja como for, o problema é também ecológico, por se tratar de plantas “vítimas” de progressivas colheitas em quantidades industriais.
Gociante Patissa, Benguela 26 Janeiro 2011
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...para além do Pau os Chinocas estão também levando alguns minerais, que por estarem incorporados noutras texturas passará despercebido. Fiscalizar se quando eu carrego as pedras ,de que são erlas compostas.
Devia se analizar o assunto pois acções destas depauperam o património angolano...
xaxuaxo
Valeu a contribuição, parceiro
kimdamagna. A casa é sempre sua.
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