sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

"ortografia de topónimos tradicionais não deve ocultar , camuflar ainda mais significados etimológicos e culturais"

 "A polémica em Angola sobre as regras ortográficas da toponímia nacional de origem bantu, sobretudo no contexto da legislação normativa e da codificação territorial, não se resume ao problema de como escrever: Cuanza ou Kwanza?; às dúvidas sobre letras “K” , “W” e “Y” serem estrangeiras à tradição ortográfica latina e portanto proibidas ou – antes pelo contrário – serem cientificamente recomendadas para representar fonemas em nomes próprios africanos no país da lusofonia oficial. O motivo bem transparente do debate era e, a meu ver , continua a ser , a preocupação (o dever) de preservar o património cultural, a memória colectiva local, e a identidade dos angolanos codificada e enraizada nos topónimos. Os topónimos constituem uma parte do património imaterial de cultura justamente porque são chaves da memória e cultura, âncoras da identidade, e também simbolizam emoções (Tichelaar 2012, UNGEGN 2015; Cantile & Kerfoot 2016, Kostansky 2016a :426). Essas chaves, no decorrer do tempo, gastam-se, perdem a sua nitidez etimológica, a sua motivação semântica, reinterpretam-se, transitam para outras línguas . É um processo natural e universal, e a ortografia de topónimos tradicionais não deve ocultar , camuflar ainda mais significados etimológicos e culturais cobertos de pátina, alguns totalmente esbatidos outros ainda vivos e transparentes"

https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/132993/2/448409.pdf




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"O provérbio é a síntese da experiência" - Abreu Paxe

"O provérbio é a síntese da experiência" (Abreu Paxe, escritor e docente angolano. In Caneta, TPA


2, 15.01.2025)

No sentido de que na relação interpessoal, na relação com o meio, os animais e com a natureza de modo geral, os povos, por serem elementos socioculturais, retêm as lições, impressões e referências para construir o provérbio, que geralmente encerra de forma poética a sabedoria popular. Ou a síntese da experiência. 

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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

"A declaração de independência de um país é também um acto cultural" - Tony Nguxi, excerto

"A declaração de independência de um país é

também um acto cultural" (...)  

"E nós existimos.  Como é que uma existência pode ser negada por uma lei escrita, quando a prática é também uma lei, é um exercício que vai produzir a necessidade de comer, a necessidade de casar, etc?! Portanto isso já existe e está regulado."


Tony Nguxi, músico/locutor angolano e artista africanista multifacetado  (in Debate sobre Indústrias Culturais - Realidade Actual, TV Girassol, 13.01.2025)

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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Porque falham alguns poemas?

"O desafio de um escritor é dar e tirar, dar e tirar. Ou seja, um jogo de sedução com a inteligência do leitor (...) o risco de um poema feito só só de sentimentos é tornar-se excessivamente banal. A racionalização do sentimento é a criação de uma sensação de forma, formalidade. Eu dou uma analogia com a cirurgia, se quisermos. O objectivo de uma cirurgia reconstitutiva (plástica) é fazer o trabalho escondendo a cicatriz. O trabalho seria a racionalidade do poema, a cicatriz seria o sentimento. Ele está lá e ela está lá, mas não deve ser de todo aquilo que é mais evidente. Deve ser a razão a transportar a emoção e, no meu entender, não o contrário"


João Luís Barreto Guimarães (escritor e cirurgião português), in RTP, 08.01.2025

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terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Crónica | A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O DEDO DO KWANYAMA

 Abri o ano respondendo a uma pesquisa internacional direccionada sobre algo intrigante, porém cada vez


mais transversal em nossas vidas, como só a Inteligência Artificial (AI).

 

Enquanto estruturo o pensamento, lembro-me de um dito popular Kwanyama (ou os da carne, grupo sociocultural que habita de um lado e de outro da fronteira que separa as repúblicas de Angola e Namíbia). Em termos aproximados, reza esse dito que o que mata um boi não é a arma (branca, de fogo, o que seja) e sim o dedo que indica, como veremos.

 

O que mais há a dizer em se tratando de um tema global, mais que um novo normal da era digital e dos telemóveis inteligentes? Afinal, todos os dias consumimos notícias de mais investimentos destinados ao impulso da AI na saúde, educação, ciência, indústria.

 

Habita-me mesmo uma espécie de sentimentos mistos quanto à Inteligência Artificial, mas não generalizo, sei que há uma vasta gama de possibilidades para o seu uso. As reticências prendem-se com o segmento de criação e desenvolvimento de conteúdos. Como alguns saberão, sempre estive envolvido sobretudo com a escrita (criativa, jornalística e académica). E posto isto, concebo a escrita como um processo mental.

 

A AI é uma boa ferramenta quando utilizada de forma complementar, porém já tende a ser popularizada como o cerne da questão. E é ali que vejo nebulosidade, na medida em que, entendo eu, se requer algum nível de competência para a pessoa julgar/avaliar os resultados (textos). Se tudo o que a pessoa sabe fazer é dar “Prompt” (comando), se for a única aptidão que alguém aprimora, parece pois inevitável o vácuo na consistência. Intriga-me a confiança cega depositada por vezes no que as ferramentas de AI propõem.

 

Estive recentemente no Médio Oriente para o curso de uma semana sobre a AI na actividade de Relações Públicas (Comunicação). Lá conheci um entusiasta sírio que, conta ele, gere a sua empresa totalmente com base em aplicativos de AI. Planificação estratégica, contabilidade, interacção com clientes e entregas. Só ele e o telemóvel.

 

A questão é: confiar cegamente só porque é resultado gerado por AI? No decurso do Mestrado numa das universidades de topo na Europa, chegou-nos a informação de terem sido apanhados quatro candidatos a PhD com tese de doutoramento ilegítima. Agrava o facto de as ferramentas de AI não fornecerem referências (fontes).

 

Sempre que posso evitar o uso de AI no meu dia-a-dia como Editor de Conteúdos na área de Relações Públicas ou Comunicação Institucional/Estratégica, evito. Se conheço as nossas limitações e relaxo recorrendo às sugestões da AI, o risco é estagnar, creio eu. Haverá sossego ético em colocar na boca dos nossos gestores um conteúdo não autêntico?

 

Ora, criar conteúdos não é apenas sobre como ter as coisas feitas e rápido, mas também sobre o porquê de ter sido feito de uma determinada forma. Quando peço à AI que crie uma mensagem, não saberei que critérios a ferramenta seguiu. É este o desafio, embora ciente de que a AI veio para ficar. No fim das contas, a Inteligência Artificial ainda é sobre o quão competente o ser humano que a manipula é. O que mata o boi é o dedo que indica.

 

Gociante Patissa | Luanda, 07 Janeiro 2025 | www.angodebates.blogspot.com | Imagem: AI


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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Crónica | “ISTO ERA”


A alma das localidades reside nas várias camadas que pintam suas vivências e referências. O que foi, o que deixou de ser e o que era para manter qual fio do novelo para ligar novas narrativas, novos protagonistas, peças de uma mesma miçanga. E se há quem ama de verdade uma determinada cidade, há que sublinhá-lo, são as gentes da periferia. Só elas sabem o valor de tomar banho e trilhar quilómetros para apreciar a baixa, suas montras, o parque industrial, seus ricos, fazendo cada um desses ires e vires um acontecimento.


Certa vez, recolhida a bagagem no pobre aeroporto da província, abundante província de chuvas e chuviscos sem aviso prévio, apressámo-nos em ocupar os bancos do Land Rover de volante à direita, na porta boneco de criança vermelha, antena gigante no focinho do rádio VHF. Um rádio de se dizer com pulmão de pitbull no modo de roncar, misturado com uma resma de termos estranhos, uns quantos alfas, tangos e sierras e copiados e afins.

No lugar de co-piloto ia uma cinquentona alta, esbelta, cabelos loiros, luzir prateado na dentadura, entre a cura e a estética. Era Susan Dow, australiana chefe da consultoria que nos aguardava para 30 dias ao serviço da Save The Children UK. Recrutara alguns de nós na sequência de um seminário havido em Luanda, sobre a intervenção baseada no direito versus a intervenção baseada na necessidade.

Fazíamo-nos ao Huambo pela primeira vez num contexto em que o País ensaiava a transição da emergência para o desenvolvimento, com o Programa Alimentar Mundial (PAM) na iminência de dar por finda a pertinência da assistência humanitária às populações do interior da província, muitas das quais regressadas da Zâmbia. Em Outubro de 2005, nos três anos que se seguiram ao fim das três décadas de guerra civil era impensável desafiar as quatro centenas de crateras que moravam no lugar do asfalto ido de Benguela. De peixe não salgado só o carapau das peixarias, que sabia a sal e cheirava a metal, tais eram os longos meses que o pitéu passava nas câmaras de congelação.

A nossa cicerone fazia um ponto prévio, assente no trauma das palavras-chave do cicerone de quando ela conhecera a cidade, altura em que tudo sobre a vida da localidade se narrava no pretérito imperfeito. “Isto era”. Contava a mulher que ao fim de duas horas, já lhes doía a cabeça. Huambo era a cidade do “Isto era”. Com as devidas distâncias, ultimamente o Lobito, "cidade em marcha" ontem, tende a beirar o idêntico.

A conduzir da zona alta para a baixa, a retina cobra contentores de lixo. A tentação de ligar e choramingar ao novo Administrador, nosso amigo por sinal, coça. Nada grave, só a modalidade mudou, agora é recolha de moto porta-a-porta. Isto era Angases, indústria de oxigénio e afins, agora é loja do eritreu. Isto era era Indagro, concessionária de Mazda, agora só o pó manda. Isto era Zuid, gigante de electrodomésticos. Isto era restaurante célebre junto à Casa do Pessoal do Porto do Lobito. Isto era Stand Foto, isto era Foto Cine, isto era Angola Telecom. Isto era Avozinha Trading. Isto era Tamariz. Isto era…

À cidade do Lobito já só pedimos que nos ajude a ajudá-la a envelhecer com dignidade.

Gociante Patissa | 25 de Dezembro de 2024 | www.angodebates.blogspot.com
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sábado, 21 de dezembro de 2024

Prenda de fim de ano: escritor angolano Gociante Patissa disponibiliza para download grátis PDF de suas obras de prosa e poesia


A quem possa interessar, reiteramos a habitual prenda de quadra festiva disponibilizando para download grátis o link wetransfer https://we.tl/t-iDRiAz4f3U (válido para 7 dias a contar de hoje) com obras no formato PDF do escritor angolano Gociante Patissa, que por acaso ainda não sei bem quem é o tipo 😂🔥 Festas felizes a todos e todas

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Lançada 8.ª edição da Revista "Tuba! Informe" do Ondjango Feminista

 A convite da Xano Maria, que faz parte da liderança do Ondjango Feminista, assisti hoje, no Elinga Teatro, Luanda, ao lançamento da oitava edição da Tuba! Informe, uma colectânea de ensaios com periodicidade anual. Para a edição 2024, em formato de livro impresso com 82 páginas, o tema escolhido é “Pobreza, Igualdade, Género: Um olhar sobre os Diretos das Mulheres”. 


Acompanhei com atenção especial as prelecções e inquietações à reflexão social feitas por membros da organização feminista e por três das sete autoras que assinam os ensaios, sem esquecer o lindo poema de abertura recitado pela jovem Joyce Zau. Florence Kapita, com um ensaio sobre o Custo de Vida, coloca Benguela no mapa do crivo das políticas Públicas, ao passo que a kamba Leopoldina Fekayamãle consta da ficha técnica pela edição e revisão. 


Como a sessão começou com algum atraso, não consegui ficar até ao final nem degustar aqueles kitutes típicos de fortalecer laços (o famoso networking), mas deu para sair de lá com a esperança renovada no poder da sociedade civil enquanto movimento de pressão produtor de pensamento crítico de qualidade. É um sector que conheço bem e foi a escola de muitos de nós, num contexto socioeconómico e sociopolítico mais complexo e menos arejado do que o actual. Isso mesmo cuidei de transmitir à Xano Maria, pelo impacto social do projecto e da Tuba! 


Gostei ainda mais do facto de o livrito ter distribuição gratuita, o que me ilibou em certa medida. Afinal, não sou o único utópico que advoga gratuitidade no acesso à informação e análise, ainda que para tal se utilize acabamento tipográfico simples. Foi de resto a bandeira do Boletim Informativo A Voz do Olho, veículo que de 2003 a 2010 produzimos na AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade), com sede no Lobito, província de Benguela. 


Gociante Patissa | 13 Dezembro 2024 |


Foto: selfie do mano Guilhotina Verbal, um rapper lobitanga emprestado às burocracias e geografias luandenses. 




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quinta-feira, 28 de novembro de 2024

[poema inédito] LETRA ÁRABE NA AREIA

 LETRA ÁRABE NA AREIA

A vida cabe no número
Da dança árabe
Tem ventre, curvas
Ginga imprevisível
E antes de tudo o resto
É curta
A vida, minha mãe,
Cabe no tempo do sol
Que esconde os raios no deserto árabe
Uma asa é medo, culpa e santos
De letra morta na areia
Cobiçando o escuro
A outra também areia vive
Véus à parte
No dia em que o maestro
Qualquer que seja sua graça
Se digne tocar
A trilha da minha dança
Gravai na lápide tal coisa:
Viveu pensando
E rindo alto
Nas horas vagas trabalhou.
Gociante Patissa | Dubai | Novembro 2024 | www.angodebates.blogspot.com
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quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Crónica | NOSSA CRIANÇA E O INFINITO

 “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.” (Machado de Assis, in Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881)


Se este rebento chegar a crescer, forma ganhar e com isso se lhe infectar alguma tentação de cariz estético que seja, meus caros, confrontai-o com o demérito do seu parto. Não passa de escrita de bordo. É que educar a gente até educa, mas uma vez consumada a travessia da porta o que mais podemos sobre ele em paternidade? Aí fez-se já maior de idade, é da esfera pública o texto, personalidade própria e tudo.

 

Ademais, há já uns anitos que prescindi da expressão mal-educado. Mas então levar o cavalo (quiçá a esposa dona cavala) ao rio significa forçá-lo a beber água se não quer?! Mal-educado? Quem nos garante?! Pais genuinamente fracassados no papel de modelos de educação para a vida existem aos montes. Filhos e filhas desastrosos em encaixar normas básicas de pertença social é capim, adolescentes infinitos, vítimas de tudo e todos. No meio-termo está o instinto. Mas evitemos só politicagens!

 

Um dia fujo do trabalho para brincar com a minha filha. Desta frase libertária e terna nada me cabe, excepto o trabalho. É uma imagem inquietante que me habita há por aí quinze anos depois que a topei na saqueta de açúcar numa icónica pastelaria do Lubango (que descansa em paz), à direita da Maternidade. A falta de contexto alarga as possibilidades de tom. Podia bem ser a proclamação de um ultimato ou simplesmente a voz da impotência. Certo é o dilema face a dois confortos que não partilham o mesmo espaço na vida de um pai: as horas de trabalho (que garantem o conforto material à família) e as saudades do apego (que causam desassosego). Leis e regras foram inventadas para perturbar a dedicação a crianças amadas, certo?

 

Anteontem no novo calçadão do Jardim Zoológico, um homem que ali namorava a sombra pediu-me que lhe fotasse. Esmerei-me para minimizar a pobre qualidade de imagem do telemóvel do conterrâneo. Tecnicamente terão sido as piores imagens que alguma vez captei, mas era notória a ansiedade de quem se encontra distante da família há seis meses. Tem trabalho, precário, claro, saltitando entre um posto e outro ao volante. Ofereci-lhe o meu livro de crónicas. O APITO QUE NÃO SEU OUVIU! Exclamou entre a nostalgia e o horismo. Eu no Sambizanga era da TURMA do APITO, completou. A brigada de vigilância do tempo do administrador Tomás Bica? Ya, isso!


E nesse contacto de cinco minutos, o quarentão ao saber que estava prestes a viajar supreende: tenho coisas a enviar para minha filha, podes levar? Sorrio e penso, já fui profissional com década de indoctrinação em segurança aeronáutica, não nos conhecemos. O não é usave. Mas todas as reprovações ficam ilibadas: é só um pai.

 

Nem era a minha primeira carapuça de carrasco, por nos vermos obrigados a pender para o lado careta, o da regra. Certa vez um cidadão insistia que o avião cortasse os motores e voltasse a abrir as portas para embarcar, pois acabava de receber notícia da filha doente na província de destino. Não tinha bilhete comprado, não havia feito check-in (naquele ponto mesmo isto era irrelevante). O que pedia era impensável em aviação onde o pessoal de terra é o lado mais fraco da corda. Como responsável do turno, sobrou-me lidar com a cólera. Você parece não tem filhos, né?! Hesitei e acabei por responder como ele queria ouvir e já sabia, que ainda não. Então é por isso!, lá arremessou. Passados alguns dias o jovem, agente da autoridade colocado no aeroporto, lá veio pedir desculpas. Era só um pai. Pela nossa criança o infinito.

Gociante Patissa | 23 Outubro 2024, 03h37 | DT653, Lisboa-Luanda | www.angodebates.blogspot.com


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sexta-feira, 18 de outubro de 2024

GOCIANTE PATISSA PREMIADO EM PORTUGAL NO FESTIVAL UNICAST 2024 DO IADE COM "A VOZ DO OLHO"

O Júri dos Prémios Unicast 2024 distinguiu hoje, sexta-feira, 18/10, em Lisboa, com o troféu da categoria de Melhor Narrativa Ficcional o Podcast A Voz do Olho, de Daniel Gociante Patissa, finalista de Mestrado em Ciências de Comunicação. É a primeira edição do festival coordenado pelo IADE (Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia) para “promover e premiar podcasts e outras narrativas sonoras produzidas no âmbito universitário nacional”.

O angolano, que concebeu o Podcast A Voz do Olho como projecto avaliativo do Mestrado na Universidade Católica Portuguesa, recebeu das mãos da Reitora do IADE, Hélia Gonçalves Pereira, o galardão feito em madeira, metal e acrílico que simboliza a entrada para os anais da história da primeira edição do prémio dedicado à criatividade de estudantes do ensino superior. A iniciativa tem o apoio da RFM.

Presidido por Anna Boechat, Coordenadora Científica e Pedagógica para a área de Comunicação e Marketing do IADE, o júri integrou ainda António Mendes, Director da RFM e também docente, Ricardo Morais, Professor Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Joana Beleza, Jornalista e Coordenadora a secção multimédia do Expresso e Coordenadora dos Podcasts do grupo Impresa, Ana Sofia Paiva, Doutoranda em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa e Investigadora com foco em estudos de inovação no áudio e podcast.

“A Voz do Olho” foi um jornal comunitário que fundamos há 20 anos na província de Benguela, legalizado depois no Ministério da Comunicação Social como veículo da nossa ONG AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade). O Podcast tem uma edição só intitulada Cartinha ao primo Nicodemos em que repesco essa memória satírica de cronista em 2023 como exercício do seminário de Meios Sonoros e Podcasting, no Mestrado. Está disponível nas plataformas digitais”, conta Gociante Patissa.

Foram premiadas oito categorias de Podcast, com destaque para Entrevista, Conversa, Reportagem jornalística, Narrativa Ficcional, Entretenimento (não ficção), Educação, Divulgação e Consciencialização.

Links para aceder ao podcast A Voz do Olho:
https://www.youtube.com/watch?v=lSpOgZgZ4qQ&themeRefresh=1
https://podcasters.spotify.com/pod/show/gociante-patissa/episodes/Carta-ao-primo-Nicodemos-e2655bc

Contacto: Gociante.patissa2@gmail.com | Patissagociante@yahoo.com
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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Homenagem | ISMAEL MORA AQUI

ISMAEL MORA AQUI

Difícil adeus
Esse que nos invade
A manhã noticiosa
meu confrade
Ismael Mateus
Pilastro que desfalca
A casa dos escribas
No olho que lê
A vela dos sentidos ardeu
Nossa gente pede mentiras
Uma para cada tela
Difícil se abre Outubro
Cidadão Ismael
confrade Mateus
Impotentes, sobra
No crente e no ateu
o mar de lembranças
vincado o lastro teu
Na dialéctica voz
Nos laços caneta
Senão no bom gosto
Da África em ti cantante
Ismael mora aqui
Gociante Patissa | Lisboa | 01 Outubro 2024
*Imagem de arquivo
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segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Tu me ensinaste a discordar



Minha mãe
Tu me ensinaste a discordar
Do rumo aparente e repetido
Como discordaste da sina iletrada
Das gentes do teu kimbo.
Mas a vida escondeu de mim o azul das asas
Hoje já não páro quieto
A vida não nos deu tal opção, minha mãe
(Ego adaptando Neto 😆🤝👍)
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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

[poema inédito] VISCOSO PREGÃO

 [poema inédito] VISCOSO PREGÃO



O sol que cai no mar

porção Luanda marginal

da minha rua

Boa ou má

Planta silhuetas

Que até parecem mulheres

Tivessem nome e endereço

 

Na minha nua

Paisagem

Meninas, mulheres

Dadas a vender(se)

vendem tudo

Tudo tudinho

Por acaso

Não poupam palavra

Nem algodão

Quanto mais a commodity

Sinuosa

Cravado em si


Vez a outra só apanham

Nada de facto apanham 

No revezar da toalhita

Se homem passa

Homem não é

É só cofre

Bebé! Amor! Não vai uma foca?

E homem que passa

Aumenta passo, aumenta susto 

Meu bebé! Amor! Não vai uma?

 

E assim a noite cresce,

vidros fumados confidentes

Dos pneus que cantam

O negro alcatrão

A gula, o pânico

Sorte imunda

O látex azulado

Como as vestes do polícia busca-polo

Meu bebé! Amor! Não vai uma?


O amor da minha rua é assim,

Generoso chão

Viscoso pregão

Amor infinito

Porque bom mercar que é

a tudo se abre.

 

Gociante Patissa | L. 20 Setembro 2024 | www.angodebates.blogspot.com

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A Voz do Olho Podcast

[áudio]: Académicos Gociante Patissa e Lubuatu discutem Literatura Oral na Rádio Cultura Angola 2022

TV-ANGODEBATES (novidades 2022)

Puxa Palavra com João Carrascoza e Gociante Patissa (escritores) Brasil e Angola

MAAN - Textualidades com o escritor angolano Gociante Patissa

Gociante Patissa improvisando "Tchiungue", de Joaquim Viola, clássico da língua umbundu

Escritor angolano GOCIANTE PATISSA entrevistado em língua UMBUNDU na TV estatal 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre AUTARQUIAS em língua Umbundu, TPA 2019

Escritor angolano Gociante Patissa sobre O VALOR DO PROVÉRBIO em língua Umbundu, TPA 2019

Lançamento Luanda O HOMEM QUE PLANTAVA AVES, livro contos Gociante Patissa, Embaixada Portugal2019

Voz da América: Angola do oportunismo’’ e riqueza do campo retratadas em livro de contos

Lançamento em Benguela livro O HOMEM QUE PLANTAVA AVES de Gociante Patissa TPA 2018

Vídeo | escritor Gociante Patissa na 2ª FLIPELÓ 2018, Brasil. Entrevista pelo poeta Salgado Maranhão

Vídeo | Sexto Sentido TV Zimbo com o escritor Gociante Patissa, 2015

Vídeo | Gociante Patissa fala Umbundu no final da entrevista à TV Zimbo programa Fair Play 2014

Vídeo | Entrevista no programa Hora Quente, TPA2, com o escritor Gociante Patissa

Vídeo | Lançamento do livro A ÚLTIMA OUVINTE,2010

Vídeo | Gociante Patissa entrevistado pela TPA sobre Consulado do Vazio, 2009

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