O Litoral é o mais recente jornal regional e generalista lançado pela Edições Novembro, entidade estatal detentora do Jornal de Angola (JA), o principal diário do país. O Litoral, que se estreia amanhã, 05/10, rodado em Luanda e de periodicidade quinzenal, cobre "ex aequo" Benguela e Kwanza Sul, para o que conta com matérias na sua maioria assinadas pelos seus "cabeças de série" nas respectivas províncias. Em especial ao ilustre Sampaio Júnior e equipa ali pelo Campo de Ténis, desejo os maiores sucessos neste desafio. Porém, pois há sempre um porém, ao mesmo tempo que aplaudo a estratégia de descentralização levada a cabo pelo consulado do PCA Drumond Jaime, o meu lado utópico diz que ainda é pouco, que o ideal era mesmo retomar a produção local, como se viu na transição entre as décadas de 80-90. Que bom era degustar o Jornal Kilamba e o personagem Rasta Kupapata, da banda desenhada assinada por Pio Mariano, ali pela Bela Vista no Lobito! Um jornal de Benguela e sobre Benguela é mais do que justificado para questões de identificação/proximidade afectiva, maior abordagem das dinâmicas e controvérsias da província, para além de contribuir para a promoção da leitura e uma consciência analítica/crítica, tendo em conta a densidade populacional que ultrapassa os 2 milhões de habitantes e a sua tradição de vida intensa nos campos económico, político e intelectual. É que com a falência consumada dos jornais privados (Kesongo, de Ramiro Aleixo, Cruzeiro do Sul, de Ismael Mateus e Lilas Orlov, e Chela Press, de Francisco Rasfado, sem esquecer o efémero Correio do Sul, de Nelson Sul d'Angola, e as suas não mais de três edições de vida), tudo o que se tem a enfeitar as bancas é um parque esporádico de exemplares nem sempre em quantidades minimamente satisfatórias do produto "novembrino", como sejam o JA, Cultura, Jornal dos Desportos e um e outro título privado, também viajado da capital do país.
Gociante Patissa, 04 Outubro 2021
www.angodebates.blogspot.com
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Esse jornal tem saído às ruas? É que já não o vejo, nem no ciberespaço!
Pois é, confrade Kanyanga. Acredito que vi umas duas a três edições mas já nunca mais dei de caras com ele. O mais preocupante ainda é saber se os exemplares "chegaram a chegar" ao território retratado nas matérias. Grande abraço e volte sempre
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