Tenho de endereçar ao
Presidente da República, João Lourenço, este pedido especial, até porque ainda
vou a tempo, até ao Dia dos Reis. Eu fundamento as minhas razões. Já fiz
viagens em que no “meu” avião seguiam também membros do Governo (incluindo os
actuais), ou membros da nossa chamada elite, quer empresarial, quer económica,
as nossas dondocas incluídas, e há uma característica comum: a viagem pode
durar dezoito horas, mas ninguém leva um livro para ler no percurso. Noutros
países vemos gente a ler no metro, nos autocarros, nos restaurantes, há o
hábito do livro de bolso.
Aqui, entre nós, nem o de cabeceira. Por isso temos o país que
temos, escritores mais conhecidos do que a sua obra, fazem propaganda de si e
pronto, ninguém os lê. Aliás, livro que vende mil exemplares é best seller por
cá. E somos quase trinta milhões de almas.
Neste país cada jornal deveria imprimir cem mil exemplares, mas
nada. Nem pensar. O papel está demasiado caro, a impressão é só para quem paga
pró bónus, sem busca de lucro. Senhor Presidente, cá vai o meu pedido: Uma nova
política do livro.
Uma política que torne o livro um bem essencial, que promova os
nossos escritores, que leve as pessoas a ler, que faça da leitura o mais
importante pilar na edificação do cidadão e da sociedade, porque o é. Um povo
que não lê nunca corrigirá o que está mal.
Fonte: Jornal
O País, Luanda, 03 Janeiro 2019
(*) O autor é também o director do segundo diário
angolano, que é propriedade do grupo privado Medianova
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário