Na primeira das horas
do patrão
vai morta
a manhã
do poeta
A saliva
corta
o vidro
Já não sigo
o curso dos lábios
tão curtos
como os pés
e os anos
Sei de cor o pregão
como o bocejar
com que se coze o jejum
da segunda classe
onde o pó cai
e vai
antes da chuva
e do avião
Toques atrevidos
antecipam-se
no lugar da saudação
oh
e na mão
o vapor do trapo
entorpecido
que roça o veículo
e a ponta do nariz
“Vou limpar, patrão?”
Gociante Patiss (aeroporto de Benguela 28 Janeiro 2012). In «Almas de Porcelana», pág. 33. (poesia reunida). Editora Penalux. São Paulo, Brasil, 2016.
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