Está entre nós o escritor fulano de tal,
anunciava ontem o escritor anfitrião do recital, que de seguida acrescenta:
chegou atrasado, mas chegou; obrigado por vires. Sentado na plateia, levanto as
mãos em instintivo gesto socialista, como criança que marca presença na sala de
aulas, auxiliado por um breve sorriso. Pouco depois, aproxima-se um jovem
sentado a poucos metros do meu lugar, mão estendida para o aperto que, entretanto, tem de esperar, pelo
menos até eu poisar a máquina fotográfica. É o kota fulano? Sim, correspondi,
ciente de que ele próprio não acreditaria se lhe dissesse o contrário.
Parabéns, meu kota, pelo teu livro! Até, se eu soubesse que vinha, ia trazer o
livro para assinares. Não há problema, tranquilizo-o, outras oportunidades
surgirão. Obrigado por gostares, concluo, com secreta vontade de ficar a
conversa por ali, pois o papo paralelo distraía-me do principal, o recital e a
trova. Foi então que quase não acreditei no que vinha a caminho: enquanto o
kota não assinar, não vou acabar de ler o teu livro. Sorri e garanti que
ficaria resolvido em breve. E tenho pensado cá comigo: à parte o facto de
pertenceram ao mesmo corpo humano, o que tem o cabelo a ver com a unha? Em que
medida condiciona um simples autógrafo à leitura de um livro? Bem, seja como
for, aprendemos todos os dias com os nossos estimados leitores. Bom dia, bom
domingo a todos e todas!
Gociante Patissa, Benguela 01.06.14
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário