Recorri
ao ATM (ou terminal multicaixa) do aeroporto da Catumbela para dar de comer o
modem, dependente que andamos dessa coisa chamada Net. Meia hora depois, já a
passar a Damba-Maria (ou 27) em direcção a Benguela, dou pela ausência do
recibo da recarga. Na verdade, não me lembrava de ter visto mesmo o papel.
Acabava de perder quatro mil e quinhentos kwanzas, equivalentes a USD 45.
Aconselhado pelos colegas, fiz uma inversão de marcha. Lá postos, abordamos ao longe o David, vinte e
poucos anos, de natureza cordata, responsável pelo turno da empresa que tutela
o aeroporto. “O meu saldo!”, cobrou, um tanto brincalhão, um dos colegas. “De
quanto?”, replicou o David. “De quatro e meio”, completamos. “Ah, está aqui”, e
lá retirou-o do bolso. “Eu vi, quase falei com os colegas, mas como as pessoas
gostam de se aproveitar, decidi calar. Pensei assim: se o dono for alguém
daqui, vai voltar, e aí eu entrego”. Neste facebook dominado pela indignação
legítima diante da corrupção e má conduta, seria injusto não homenagearmos
gestos de honestidade, já que, multiplicados, dar-nos-iam certamente uma
sociedade melhor.
quinta-feira, 23 de junho de 2016
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» (arquivo) Divagações | Grande David! Dos poucos e em vias de extinção
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