Os velhos estão sentados à volta de uma fogueira imaginária, lugar que não abandonarão, porque não podem, na próxima vintena de horas. Está vento, vento seco e frio, como sempre no meio rural. Um dos anciãos, fazendo um à parte, expressa-se indignado pelo gesto de há pouco, quando certo jovem quase desmantelou
a roda com a sua motorizada, ao invés de desligar o motor metros antes e sem barulho. O repúdio é consensual diante do quadro de declínio moral, mas não suficientemente frontal. Outro ancião, esperançoso, tranquiliza os demais. Dá a conhecer sobre uma festa do dia alegadamente em Luanda, pela inauguração de um tal centro que terá a missão de baixar ordens. O velho sublinha, triunfal: “Espera só, está para breve. Vamos começar a nos respeitarmos uns aos outros”. Enquanto isso, lá dentro vai alto o coro de choros femininos. Estamos no Monte Belo, comuna natal de alguém cuja prima, chará da esposa do seu chará, muda de morada amanhã, vida perdida dando vida ao seu primeiro ser aos 19 anos de idade.
Gociante Patissa 14 Dezembro de 2012
2 Deixe o seu comentário:
Patissa,
Não percebi a passagem "muda de morada, vida perdida, dando vida ao seu primeiro rebento".
A mana morreu no parto ou a família está triste porque sa vai "casar" e mudar de família por se ter tornado mãe?
-Vocês, escritores, às vezes nos embrulham e ficamos buamados. Rsrsrs
Morreu, mano.
Enviar um comentário