Anteontem, na livraria da Texto Editores (relativamente
recém-aberta em Benguela), comprei dois livros: "O Monhé das Cobras", de Rui
Knopeli (1997), e "Dois Corpos Tombando na Água" ( 2007), de Alice Vieira, ambos em poesia e com edição da Caminho.
Priorizei
"Dois Corpos Tombando na Água", atraído pelo chamativo selo
"Prémio Literário Maria Amália Vaz de Carvalho, 2007" (Câmara
Municipal de Loures). Sempre recordo o editor do meu livro de estreia (2008),
que aconselhava vivamente prestar
atenção às obras vencedoras de prémios.
Não que me sinta desiludido com a poesia marcadamente
dialogante e previsível, mas não faz meu estilo. Sou mais pelo fragmento e
alegoria (desde que sóbria, nada de floreados excessivos). Longe de mim
qualquer análise valorativa da qualidade da obra. Aliás sobre ela, o blogue "Conversa,
muita conversa", animado por Daniel Ferreira, escreveu que
"Alice Vieira editou este ano um pequeno livro de poesia que não hesito em
proclamá-lo como a "última maravilha da literatura portuguesa".
Do livro em apreço, partilho o poema da página 91, sob o
título 5.
a língua sobre a pele
o arrepio
os teus dedos nas escadas do meu corpo
as lâminas do amor
o fogo a espuma
a transbordar de ti na tua fuga
a palavra mordida entre os lençóis
as cinzas de outro lume à cabeceira
da mesma esquina sempre o mesmo olhar:
nada do que era teu vou devolver
Gociante Patissa, Benguela 6 Julho 2012
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