Foto: SA |
«O Mano não gostava que mexessem nas suas músicas,
como é que esse indivíduo qualquer mexe nas coisas do meu irmão, que são sagradas, e oferece uma garrafa de bebida alcoólica, quando a minha mãe
nem sequer consome álcool? A Mãe, Maria Luísa José Neto Fernandes está doente desde o dia em que
Yuri da Cunha lançou o disco com músicas de Artur Nunes, pois a tensão
subiu-lhe.
Falando
ao SA, a anciã contou que naquele dia, Yuri da Cunha prometeu-lhe dar «alguma
coisa», que não especificou. «Vou-me embora para Londres, onde está um meu
filho, para me tratar», anunciou. Entretanto, quando regressar ao país, vai
exigir a merecida compensação a Yuri da Cunha. «Yuri da Cunha é useiro e
vezeiro nesse tipo de comportamento», apontou o presidente da SADIA, Lopito
Feijó. Havendo quem se sinta lesado, deve dirigir-se à SADIA para uma
negociação razoável, com o objectivo de reparar o abuso de se oferecer uma
garrafa de bebida alcoólica a uma mais velha de 90 anos, cinco chaves e um
único disco.
Foto: Platina Line |
Um
irmão do malogrado músico Artur Nunes exige que Yuri da Cunha indemnize a
família do «Espiritual», por o jovem cantor ter gravado músicas do segundo sem autorização
da família, soube o Semanário Angolense de Domingos João Faustino «Mingo
Nunes», prometendo recorrer a instâncias internacionais, caso o problema não
seja resolvido internamente.
«Estou
ferido e revoltado, porque Yuri da Cunha gravou abusivamente as músicas do meu
irmão, não consultou previamente a família e abusou do património familiar», protestou
o também cantor, acrescentando que, o que ele fez «foi roubo das músicas do ‘Mano’
(alusão a Artur Nunes). Tem de nos indemnizar», asseverou.
Foto: Platina Line |
Yuri
da Cunha está a comercializar um disco com nove composições de Artur Nunes, «ainda
por cima, mal interpretadas e num quimbundo sofrível», que há dias apresentou
publicamente. Mingo Nunes fixou em o equivalente a cem mil dólares o valor que
Yuri da Cunha terá de pagar por cada música, pelo «uso abusivo» das músicas de
Artur Nunes. », questionou.«Isso nem é plágio, é roubo, tomara que mantivesse a
voz de Artur Nunes e mudasse somente a instrumentalização. Ele não contactou
previamente a minha mãe», frisou.
Artur
Nunes, que morreu aos 29 anos, nasceu no Bairro Cuba, Sambizanga, tendo começado
a cantar em turmas. Mingo recorda-se de o irmão lhe ter oferecido uma camisa de
Congo em 1977. Deu a conhecer que ele está a lutar para que a família beneficie
de reforma musical e militar.
O seu
irmão, que deixou 23 músicas, disse-lhe, em sonho, para interpretar somente a
canção «Peixeiras do Sambizanga», lembrando que Artur Nunes sentava-se num beco
junto a casa e cantava, ao mesmo tempo que tocava viola e compunha as suas músicas,
enquanto ele o apreciava. Se vez em quando levava-o a alguns espectáculos.
Mingo
segue as pegadas de Artur Quando, em 1977, foi assassinado, o Espiritual integrava
o agrupamento musical FAPLA-POVO, formando o chamado «Trio da Saudade»,
juntamente com David Zé e Urbano de Castro. Era noivo de uma na altura moça, de
nome Lena.
A veia
musical Artur Nunes herdou-a dos avôs da mãe, Maria Luísa Fernandes, que também
cantavam. Esta conta que, quandoesteve concebida de Artur Nunes, deslocou-se ao
musseque Camama, onde o avô lhe amarrou um pano preto à cintura e revelou que o
futuro filho seria «um grande cantor». Seu pai foi um norte-americano que,ainda
muito novo, emigrara para Angolae falava fluentemente o quimbundo. Em 1970 Mingo
Nunes cantou numa matiné infantil, acompanhado pelo agrupamento África Show.
Recordou que Moreira Filho também já gravou uma música de Artur Nunes, «Mana»,
assim como Puto Português fez com «Zinha». «Aquilo é nosso, vou levar o caso a
tribunal», reiterou.
Percussionista,
Mingo Nunes participa do Carnaval no Ombembwa do Chinguar, Bié, mas, agora, vai
optar pela música moderna urbana. Já tocou igualmente no União Povo do Marçal,
União Povo do Rangel, sendo É pintor de profissão e também marinheiro de 2ª.
A Mãe,
Maria Luísa José Neto Fernandes está doente desde o dia em que Yuri da Cunha
lançou o disco com músicas de Artur Nunes, pois a tensão subiu-lhe. Falando ao
SA, a anciã contou que naquele dia, Yuri da Cunha prometeu-lhe dar «alguma
coisa », que não especificou. «Vou-me embora para Londres, onde está um meu
filho, para me tratar», anunciou. Entretanto, quando regressar ao país, vai
exigir a merecida compensação a Yuri da Cunha.
Mingo
Nunes aproveitou para dar a conhecer a criação da «Arte da Urbe», uma associação
cultural promovida por seu irmão cassula, Fernando Sebastião e que envolve familiares
dos restantes membros de David Zé e Urbano de Castro.
SADIA quer reparar «abuso»
Contactado
por este jornal, o presidente da Sociedade Angolana de Direitos de Autores (SADIA),
Lopito Feijó, afirmou que a posição da SADIA é de convidar os familiares de Artur
Nunes a procurarem a sociedade para legalizá-lo, a título póstumo, como membro da
organização que dirige, para pôr termo a esses abusos. «Yuri da Cunha é useiro
e vezeiro nesse tipo de comportamento», apontou.
A
partir daí, a SADIA tratará da gestão dos direitos do artista e a distribuição de
valores. Havendo quem se sinta lesado, deve dirigir-se à SADIA para uma
negociação razoável, com o objectivo de reparar o abuso de se oferecer uma
garrafa de bebida alcoólica a uma mais velha de 90 anos, cinco chaves e um
único disco.
O
escritor sempre insistiu para que Yuri da Cunha se inscrevesse nessa
organização de defesa dos artistas, mas ele nunca ligou importância, dizendo
que a SADIA «não existe. Esses jovens, enquanto estão na moda e a fazer
dinheiro, dizem que a SADIA não existe», lamentou.
Lopito
Feijó informou que a SADIA pretendia intervir no acto, mas ficou duplamente surpreendida,
primeiro porque surgiu uma irmã de Artur Nunes e Yuri da Cunha apresentou-a,
mas esta disse que nada tinha a dizer, porque lá estava sua mãe, que subiu ao
palco. Acto contínuo, Yuri da Cunha diz que, afinal, está aqui a mãe, a quem o
artista oferece uma garrafa de vinho, com timbre Yuri da Cunha, mais cinco
chaves, o primeiro disco e nada mais. A sua segunda surpresa surgiu quando o
«mau imitador» disse: «nada ganho com isso».
O que
diz a Lei dos Direitos de Autor Somente ganhou mais uma família» e queria ir ao
Hoji ya Henda, a casa onde Artur Nunes mais tarde viveu, e comer funji com a família.
Portanto, a primeira surpresa de Lopito Feijó foi o que Yuri da Cunha ofereceu e
a segunda, ter dito que nada ganha. «Cada espectáculo que ele realiza, a mãe de
Artur Nunes devia beneficiar, em razão da espiritualidade», propôs o dirigente
da SADIA.
Para
Lopito Feijó, os artistas não podem usar da ignorância das famílias dos artistas
falecidos para fazerem das suas. Felicita, entretanto, Yuri da Cunha pelo trabalho,
mas felicitá-lo-ia duas vezes se cumprisse com os pressupostos legais. Yuri da
Cunha não pode alegar desconhecimento da SADIA, devia antes contactar a família
e a sociedade.
Recordou
que Nanuto também gravou um instrumental de uma canção de Artur Nunes «Belina».
O presidente da SADIA informou que estão inscritos na instituição, a título
póstumo, David Zé, através dos filhos e irmãos, com quem tem contacto
permanente. Também já há ficha de inscrição de Urbano de Castro, através de um
filho e reafirmada por sete outros, que fizeram prova dos laços de
consanguinidade. Sempre que há distribuição de valores monetários, essas famílias
são contempladas. Ocorreu já um problema idêntico com Urbano de Castro e a
SADIA resolveu.
1. «Os
direitos patrimoniais do autor mantêm-se durante toda a sua vida e 50 anos
depois da sua morte ou 25 anos, no caso de obras fotográficas ou de artes aplicadas,
contados a partir do dia 1 de Janeiro do ano seguinte ao da morte, em benefício
dos seus herdeiros, nos termos da legislação em vigor.
No caso de obra de
colaboração, os prazos do número anterior
contam-se a partir da morte do
colaborador que falecer em último
lugar.»
Portanto, as músicas de Artur Nunes têm se tanto,
40 e poucos anos, não devendo, por isso,
qualquer artista gravá-las sem autorização da
família e da SADIA
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Comentário meu para um grande amigo no Facebook, que acredita "não haver tanto motivo para se chegar até a este ponto. Esta actitude de Yúri so granjeia e eleva cada vez mais o nome do tão ilustre Artures Nunes. Conversariam de forma amigavel e resolvia o assunto. Mas o EGO Humano infelizmente continua."
Resposta minha:
Sim, é uma perspectiva válida a sua, mano. Recordas quando foi algo semelhante com a Banda Maravilha? Prometeu-se a um músico de outra época (agora a passar necessidade) e foi preciso o homem ir à rádio, chorando literalmente ("eu não sou ambicioso, até não pedi muito") para ouvirmos que ele nada mais havia pedido do que apoio para construir a sua casota. Depois veio a Banda a dizer q cumpririam, só que não tinham ainda conseguido arrecadar. Seja de que lado estiver a razão, do Yuri ou da família do músico, os nossos artistas têm de aprender a pensar que as coisas devem ser bem feitas, e não ficar pela simples palavra como se a comprar pão na praça. Aquele abraço
Postas as coisas desse modo entendo melhor. É uma atitude reprovável do músico, sim... Roubo. Comercializar o que não lhe pertence. Vejam só!!!!!!!!!!!
É isso, caro João Tala. Que nos acusem de parcialidade, mas parece que o bom-senso foi violado. Nunca se deveria usar propriedade alheia como negócio principal sem ser em pratos limpos. Abraço
Na semana seguinte o mesmo Semanário Angolense publicou na secção dos Altos e Baixos, sem fundamentar, o seguinte:
"Apesar de o termos «encardido», quando noticiamos que ele havia «driblado» a família de Artur Nunes, na história das canções do homem que ele regravou e colocou no mercado, presumivelmente sem dar cavaco à família, Yuri da Cunha surgiu-nos redacção adentro a contestar as alegações de forma muito urbana, o que calaria fundo. Ou seja, o rapaz não se exaltou nem veio com ameaças de quê e quê. Debitou as suas justificações nas calmas - e tudo indica que ele terá a sua razão -, pelo que o reclamante terá de ir cantar fados em outra freguesia. Ele afirmou que não tinha de falar com ninguém desde que salvaguardasse os direitos autorais. E, isto, ele diz que fez".
Enquanto gestor do Blogue Angodebates, realço que o desmentido é superficial demais.
Yuri da Cunha tem aval para cantar Artur Nunes
Maria Nunes “Santinha”, irmã do malogrado cantor Artur Nunes, considera descabidas as informações veiculadas por alguns órgãos de informação segundo as quais o músico Yuri da Cunha teria usado as letras do seu irmão sem o consentimento da família.
“Santinha”, de 58 anos, e única irmã de pai e mãe de Artur Nunes, disse que foi ela quem autorizou Yuri da Cunha a gravar o CD “Yuri da Cunha canta Artur Nunes”.
“O Yuri procurou-me no serviço, falou sobre a intenção e eu aplaudi, porque, desde que o Artur desapareceu, nunca ninguém se preocupou em fazer um trabalho similar”, disse.
Maria Nunes sublinhou que não deu autorização com a intenção de receber qualquer dividendo. “O Yuri não me prometeu nada, nem mesmo deu dinheiro. Fiquei feliz com a proposta, porque sabia que as canções do meu irmão seriam novamente ouvidas e tocadas nas rádios”, disse, antes de admitir que já não consegue ouvir as canções do irmão. “Prefiro não ouvir as músicas dele, por me causarem muita tristeza”, sustentou.
“Santinha” disse que acompanhou o trabalho de Yuri da Cunha e em momento algum este veio a público a dizer que as músicas eram da sua autoria. “A pessoa que diz que vai levar o Yuri da Cunha a tribunal é quem devia responder em juízo, por não conhecer nada sobre os direitos de autor”, defendeu.
Membro da Sociedade Portuguesa de Autor (SPA), inscrito com o número 126.276, Yuri da Cunha disse que nenhuma das canções que interpretou neste projecto está inscrita em seu nome. “As pessoas podem dirigir-se à SPA para averiguar se as músicas interpretadas no projecto ‘Yuri da Cunha canta Artur Nunes’ estão registadas em meu nome”, desafiou. O CD “Yuri da Cunha canta Artur Nunes” foi lançado no princípio de Junho deste ano e comporta nove músicas de sucesso de Artur Nunes.
Yuri da Cunha disse também que tenciona gravar e interpretar ao vivo canções de outros autores dos anos 60 e 70 do século passado, com o objectivo de valorizar as músicas do passado. “Muitos, se calhar, acharam que este projecto deu-me muito dinheiro. Não fizemos pelo dinheiro, mas sim por aquilo que estes músicos representaram para o povo angolano”, frisou. Chalana Dantas, produtor de Yuri da Cunha, revelou que foram editadas 18 mil cópias do CD, tendo sido vendidas até agora três mil. Outras 10 mil foram distribuídas aos patrocinadores e mil oferecidas.
In Jornal de Angola, 05/07/12
http://jornaldeangola.sapo.ao/17/35/yuri_da_cunha_tem_aval_para_cantar_artur_nunes
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