Depois da queda pelo Inglês, a correspondência (ou descoberta de um novo mundo?) via CTT (Correio, Cartógrafo e Telefone) foi outra fertilidade da adolescência. 1994, um ano depois de obter o primeiro emprego, o de aprendiz de fotógrafo. Enorme satisfação receber respostas no apartado da igreja da minha mãe (Caixa Postal ou P.O. Box 208). E como nem sempre havia dinheiro para os selos, usava da criatividade e escrevia com a mão esquerda cartas (supostamente) do amigo Antunes (as minhas redigia com a direita). Ganhámos inesperadas prendas, desde livros, autocolantes e posters. Da Santa-Cruz, Lobito, à escola dos Bambus, Catumbela, são por aí 10km a pé, “odisseia” somente minimizada pela esperança de ver se caiu uma no apartado. Em 2000, repetiu-se a prática da correspondência, desta feita para divulgar a nossa AJS, acabadinha de fundar… e da Câmara Municipal de Lisboa, para só ressaltar essa, recebemos por aí 20 T-shirts sobre preservação ambiental.
Feita a contextualização, entremos para o drama do desabafo. Talvez seja culpa da Dulce Braga, autora do livro auto-biográfico “Sabor de Maboque”, radicada no Brasil. Essa Dulce, como se já não bastasse me estragar com mimos, ao ponto de dedicar a página 3 pela minha descodificação de frases em Umbundu, quis dar-me um exemplar. Mas como, se a DHL não cobra pouco? Havia que “alugar” um apartado, não mais na Catumbela, mas sim na cidade que me acolheu em 2007. Pouco depois, através da amiga Amélia Costa, conheci a professora e escritora Lili Laranjo, de quem ganhei dois livros de poesia. Visto deste ângulo, o aluguer do apartado 1041 era triunfo.
Seis meses volvidos desde que me tornei titular de um apartado, fui consultar o balcão para saber da minha conta. E lá o funcionário me informa que tenho uma dívida de seis meses. Como assim? É que o pagamento não transita, o valor de Kz 2.700,00 pago para seis meses no dia 22 de Dezembro ficou congelado no dia 31, matematicamente em nove dias. Indignado, esclareço que não fui informado de tal condição, ao que o funcionário acrescenta: “Por isso é que, quando o ano já está no fim, é melhor esperar o outro iniciar. Nada pode ser feito”. Era o que me faltava! Como dizia o outro, “uma lei injusta não é lei de todo”.
Numa altura em que o correio convencional tende a cair em desuso, tal regra é, no espírito e na letra, péssimo contributo para angariar clientes. E seja qual for a intenção ou inocência da senhora que me abriu a conta, tratou-se, sim, de omissão culpável dos Correios de Benguela.
Gociante Patissa, Benguela, 5 Julho 2010
(*) Desabafo+crónica
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Epá,
Gostei do teu novo layout. Está muito mais convidativo. É sempre bom mudarmos as cores e o figurino, embora eu esteja há anos sem "lavar o rosto".
Quanto à tua viagem pela Tuga, espero que faças bom proveito dela e que nos tragas novidades muitas.
Olha, estou na ponta final do meu "Recúo Estratégico". Espero que o leias.
Começo agora uma nova saga que serão contos originais. "Viva Eu".
Fraternal abraço.
Oi, Soberano Canhanga, fico grato por "aprovares" o novo look do Blog. Quanto à viagem pela Tuga, fiz de facto bom proveito em Janeiro, de ligação para os EUA. Essa foto foi inclusive tirada por Cristina, que me foi esperar no aeroporto para me mostrar Lisboa no total de 14 horas que por lá passei - pena minha é que ela esteja a estudar, por isso um pouco ausente (estou a ver que uma analfabeta e desocupada dava mais jeito...). Fico contente que continues na "teimosia" de dar a conhecer a tua prosa. Abraços!
Media Nova (a resposta que precisavas)LC
Não sei o que é maior, se a raiva que estou da lei absurda ou a culpa do tamanho do oceano que nos separa!:))
beijo grande
Oi, é a cabeça dogmática do regulador que é solo estéril, "não te culpes a ti nem à semente"...
Outros beijos daqui!
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