Era dia do teste político-ideológico, a última etapa para se jurar a bandeira e atribuir patentes a um grupo de recrutas. Era impensável chumbar, mas o que todos almejavam mesmo era dar a resposta mais convincente e, consequentemente, ganhar o título de sargento mais honrado.
– A CINQUENTA METROS DE UM BATALHÃO INIMIGO, O QUE É QUE FARIAS? – perguntava o instrutor.
E a maioria respondia mais ou menos assim:
– Bem, chefe, considerando que as armas, mesmo a farda até, custam muito caro, e uma arma na mão do inimigo significa duas armas contra nós, e também por isso e por aquilo… eu fugiria, perdão, faria um recuo estratégico.
Ia quase no fim a longa fila de mancebos e, volvidas duas horas, ainda estava por surgir a “resposta de honra”. Passaram quase todos, quase disse, até chegar a vez do mancebo tido como o mais burro do pelotão.
– MANCEBO, JORGE!
– PRONTO, ILUSTRE INSTRUTOR!
– A CINQUENTA METROS DE UM BATALHÃO INIMIGO, O QUE FARIAS?
– OU MATO, OU MORRO, CHEFE!!!
Pronto!, estava encontrada a resposta da honra. Jorge recebeu a patente de oficial mais algumas regalias económicas. Intrigados pelo insólito, alguns colegas foram abordá-lo na caserna à noite:
– Mas tu és burro ou quê, ó Jorge, para dizeres que ou matas ou morres? Dar a vida, quando os outros se enriquecem com a guerra? – reprovou Esmeraldo.
– Ó Esmeraldo, eu queria dizer “OU FUJO PARA O MATO, OU FUJO PARA O MORRO!”. Só que tropa não fala muito. Agora, se vocês entenderam mal, a culpa não é minha. Pensam que sou burro, não??!!
(Adaptação por Gociante Patissa, da versão contada pelo amigo Higino há 12 doze anos)
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