segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Valentim Amós "não pode morrer", faz falta à Nação

Sábado, 19 de Janeiro. O relógio marcava vinte minutos depois da uma da tarde. Tinha acabado de voltar de viagem. O Boeing 727 Luanda-Benguela tinha sido pontual e rápido, ou seja, eficiente! Não tinha nem desfeito as malas ainda, quando o telemovel vibrou enquanto uma tonalidade curta completava o sinal de mensagem recebida. Quem será e que conteúdo? (Aqui há que confessar que a expectativa é sempre de se tratar de uma admiradora secreta, para um daqueles textos sem juízo e sem prejuízos).

"Um avião com 12 passageiros, Valentim Amões é um deles, está desaparecido", dizia a mensagem de Amós Patissa, meu kota.
"Ouviste aonde?", perguntei imediatamente.
"Na TPA, noticiário das 13H30".

Ligar o rádio e ouvir o Jornal de Sábado foi só ouvir "está confirmado o despenhamento da aeronave da companhia Gira-Globo. 13 ocupantes são vítimas mortais, entre elas o empresário Valentim Amões".

Nunca privei com o empresário (as poucas referências fortes durante a minha passagem pela província do Huambo em 2005 eram três: 1º que foi ele quem comprou os semáforos que devolveram a estética da cidade que apenas pecava por ter buracos ainda no asfalto (utilidade pública); 2º Andava e vi com um Hammer com as luzes sempre acesas noite e dia (não sendo o único, reforçava o circulo de arrogantes; 3º Não tinha em mente o número que compunha a frota de viaturas da sua empresa (empresário bem sucedido). Nunca estive em altura para com ele me encontrar e depositar o meu desespero em ver um pouco mais de atenção para os habitantes de Ombala de Tchiaia no Huambo, que morriam um pouco todos os dias, de fome e seca.

Não me vou alongar mais quanto à filosofia da morte (já que morre-se todos os dias, em todas as idades, por todos os motivos, de todas as partes). O que não se pode ignorar é, contudo, a geografia do impacto da morte.

Valentim Amões foi o "dono" da conquista da Taça de Angola em Futebol pelo clube 1º de Maio de Benguela, de que foi Presidente de Direcção e patrocinador. E se o desporto-rei é o fetebol, para a maioria dos adeptos do Maio Valentim Amós é (porque não morrerá jamais) um membro real. Um homem, empresário de "peito" (não conta a fonte do dinheiro) que soube abrir a mão à bolsa para fins sociais, não só no Huambo como em diversas partes desta imensa Angola. Este mesmo grupo de admiradores exigem a continuidade de sucesso à obras de Amões.

Por isso, e do fundo da minha consciência, dizemos bem alto que Valentim Amões não pode morrer, que faz cá falta à Nação.

Gociante Patissa
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4 Deixe o seu comentário:

Soberano Kanyanga disse...

Da alegria em (tu yolipo kamwe) para a tristeza da morte do Amões.
Conheci o homem. Estivemos Juntos no Bailundo em Fevereiro de 2006. O MPLA lançava a sua agenda nacional de consenso e ele, tb. do MPLA, mostrava os seus feitos empresariais no desenvolvimento da região. Homem simples. De trato fácil. Grande investidor.
Já tinha estado com ele no Kuito e no Luena, para onde sua frota o MRN levou milhares de toneladas de víveres para socorrer gente que vinha das matas... Choremos-lo.

AF disse...

O blog seu blog é muito diversificado e muito completo.Parabéns.
Sou um Professor de Lamego-Portugal
Gostaria, se fosse possivel, que o Blog da minha Escola e que é mantido por mim, fosse divulgado por Angola e assim contribuir para a saúde da população de Angola. É um blog, como poderão ver que está virado para a saúde individual e colectiva.

http://escolalatinocoelho-esscolasaudavel.blogspot.com

Muito obrigado.

Anónimo disse...

de facto é uma pena um homem como Amões se ter ido. A idade com se apresenta aos céus faz-me triste por ver nela a idade com que a morte levou meu herói de muitos anos que é meu pai. é porque continua aqui ao meu lado todos os dias a dizer-me sempre o q me dizia. Meu pai foi-se com 49 anos de idade e era para muitos melhor pessoa do que era para os filhos. Como dizia, "lutem para que não precisem de favores mas imponham-se sempre de uma forma que precisem sempre dos outros. ninguém é tudo sozinho".
Amões era pai. Vi como muitas vezes enchia o avião dele com gente q qeuria fugir da guerra e era o último a subir no avião. Amões era no fundo, o único empresário e rico deste país que sabia que Angola tem 1.246.700Km2. os outros Angola??? é Luanda.
Parabéns pelo Blog e por favor, espero por uma visita sua no meu.

Unknown disse...

MR VALENTIM WAS NOT ONLY A GREAT BOSS BUT A TRUE ANGEL WHO HAS BEEN CALLED TO DO HIGHER BY OUR GREAT GOD ABOVE AS HE COULD NOT DO ALL THAT HE WANTED TO FOR ALL THE PEOPLE ON EARTH HE IS SITTING NOW WITH THE ANGELS AND DOING ALL THAT HE CAN DO NOW.HE WAS AND STILL IS A SAINT THAT WHOMEVER LIVES HE TOUCHED HE MADE HAPPY. MAY GOD BE WITH HIM AND AND MAKE HIM A HAPPY PERSON.LOVE FROM GREGG RENSIA AND ALL THE TROPICANA STAFF

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