quinta-feira, 28 de setembro de 2023
sábado, 23 de setembro de 2023
Poema inédito | OS PAIS JANELAM (*)
Poema inédito | OS PAIS JANELAM (*)
Os pais janelam,
pais nossos de cada um
Janelas pelas quais
Cá andamos
O janelar pelo qual
Ainda cá moram
Depois que partem
Os pais janelam
Para não portarem
Portas seriam largas
E de larga já nos basta
a tábua
Que mal nasce a semente
Bem cabem na janela
Mãe e pai
Justa medida
Que nos cabe
O apertado abraço
A festinha tatuada na derme
O fumegante manjar à mesa
E por este janelar
moldura da íris umbilical
Ardente saudade futuro polido
Qual dedo anelar
Janelas brisam por dentro
Premente, meu pai, oh mãe
No achado da memória
É das janelas o trinco fingido
Gociante Patissa | L. | 23 Setembro 2023 | www.angodebates.blogspot.com
(*) à memória de Víctor Manuel Patissa, 1946-2001
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
NÃO TEM PERNAS O TEMPO (Extractos do primeiro capítulo da novela)
Os que odeiam a cidade de Luanda são muitos, e têm razão. Os que a amam não são poucos nem estão errados. Aqueles a quem Luanda não aquece nem arrefece são vários, e estão igualmente certos. É que a capital é um eterno modelo de contrastes, assim entende Man’Toy. Ele, inclusive, não pensou duas vezes quando, por coincidência, saiu a carta de condução e surgiu o primeiro emprego, o de motorista funerário.