Poema inédito | OS PAIS JANELAM (*)
Os pais janelam,
pais nossos de cada um
Janelas pelas quais
Cá andamos
O janelar pelo qual
Ainda cá moram
Depois que partem
Os pais janelam
Para não portarem
Portas seriam largas
E de larga já nos basta
a tábua
Que mal nasce a semente
Bem cabem na janela
Mãe e pai
Justa medida
Que nos cabe
O apertado abraço
A festinha tatuada na derme
O fumegante manjar à mesa
E por este janelar
moldura da íris umbilical
Ardente saudade futuro polido
Qual dedo anelar
Janelas brisam por dentro
Premente, meu pai, oh mãe
No achado da memória
É das janelas o trinco fingido
Gociante Patissa | L. | 23 Setembro 2023 | www.angodebates.blogspot.com
(*) à memória de Víctor Manuel Patissa, 1946-2001
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